》5 - Primeiro Beijo

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Bridget Orlyns

Eu não confiava totalmente naquele olhar cinzento incrédulo, porém o meu ego falou mais alto antes que pudesse recusar a proposta de pisá-lo em relação a aquele assunto.

Já estávamos nos direcionando a uma loja com o nome de "Devil May Cry". Pela aparência, eu podia chutar de certeza que o dono era ele.

- Esse lugar é seu? - Disse debochada enquanto entrava na sala principal do lugar, passando os dedos nos móveis como se estivesse procurando resquícios de sujeira.

- É sim - o mesmo andou até chegar a escrivaninha no meio do vão. Lá ele tirou o sobretudo vermelho ficando com o torso musculoso despido na minha frente. Aquilo me deixou completamente envergonhada.2

- Dá pra você colocar esse negócio de volta?? - Olhei para o lado com a mão no rosto, tentando desvencilhar daquela imagem. Não que eu esteja admirando aquele abdômen bem feito... Estruturado... Diabos, o que estou pensando?

- Não me diga que está com vergonha, pimentinha? - ouvi o barulho de seus passos pesados se aproximando de mim.

- Coloca o sobretudo de volta!!! - quanto mais eu pedia, menos ele ouvia. Senti a minha mão ser agarrada pela dele, me forçando a olhar a cara idiota que possuía.

- Vá me dizer que nunca viu um homem sem camisa? - o sorriso malicioso e costumeiro não saía do rosto e observava, principalmente, minhas bochechas vermelhas.

- Q-que eu saiba, nós estamos aqui pra tratar daquela missão que você queria tanto a minha ajuda! - mudei de assunto, e seu riso facial se desfez numa expressão de tédio, me soltando e pondo o sobretudo novamente.

- Sobre isso... - se afastou indo até a escrivaninha e pegando um rolo de papel. Jogou para mim rapidamente e, na mesma velocidade, o peguei e abri, percebendo que era um jornal de uma cidade vizinha. - Esse é o lugar onde está acontecendo uns ataques de demônios recentemente - escutava-o explicar enquanto lia a primeira página da manchete - E esse tipo de demônio, pimentinha, é de grande porte, ou seja, é pouco provável de eu sozinho matar.

- Então... Quer que eu ajude a matar esse demônio... - percorri os olhos até ele concluindo seu raciocínio.

- Que menina esperta. Estou orgulhoso, pimentinha. - riu ironicamente.

- Repita isso de novo e eu desisto.

- Tá bem, tá bem. Esquece o que eu disse. - ele disse calmamente sarcástico, algo irritante para minha pessoa. - Você tem tudo que precisa no seu apartamento?

Ele me pegou de surpresa ao finalizar essa frase. Lembrei das armas que havia roubado, além do fato de não saber usá-las totalmente bem. Era uma coisa ou outra: Seria levar as armas e arriscar minha vida na sorte ou deixá-las guardadas e usar meu bom e velho revólver? Não tinha escolha, a mais significativa das opções era a primeira.

- Tenho sim. - respondi rispidamente já perto da porta para sair - Vou buscá-las agora mesmo.

De súbito, minha nuca se arrepiou. Uma respiração quente e tênue havia a atingido e eu sabia de quem era.

- Estarei esperando... Pimentinha ~

Corei mais do que nunca e saí da loja o mais ligeiro possível. Ele sempre aproveita a chance de me provocar com essas atitudes pervertidas e é isso que eu mais detesto em Dante, principalmente depois daquele sonho indesejado. Seu jeito tarado e irônico me consumia de raiva, mas agora a oportunidade de acabar com isso chegou de braços abertos e eu não iria desperdiçá-la.
Entrei no apartamento escancarando a porta, procurando as armas e colocando a mais leve das três na mochila.

Dante

Eu estava completamente satisfeito comigo mesmo. Faria metade de minhas dívidas desaparecer como num passo de mágica.

- Minha mente é brilhante. - sentei-me na cadeira atrás da escrivaninha pondo os pés por cima da mesma e os braços atrás de minha cabeça.

Nessa mesma hora, escutei um barulho de motocicleta parando ali em frente. Eu já sabia quem era.
Lady entrou andando do jeito rebelde e esnobe de sempre, com o rosto sorridente de forma sarcástica.

- Olá, Dante. - disse em tom risonho. Pelo visto, algo a deixou anormalmente bem humorada.

- Fala logo o que aconteceu pra você está com essa cara idiota. - continuava sorrindo, porque também estava de bom humor.

- Encontrei uma aprendiz. E acredite, eu e ela seremos melhor que você sozinho. E além disso... Terei mais uma pessoa pra comprar roupas e deixar dívidas. - deu uma piscadela.

- Saiba que também tenho novidades, minha cara. - levantei da cadeira apoiando as mãos na mesa - Vou me livrar de parte de suas dívidas em um estalar de dedos.

- Duvido muito. Não acho que você ganhe dinheiro o suficiente para pagar o tanto de dinheiro que deixei para você pagar. Bem, era só essa pequena e boa notícia. - virou-se para a porta, saiu acenando e subindo na moto. Sua silhueta foi desaparecendo pela janela na minha visão.

- Mulheres... Nunca vou entendê-las. E... - olhei para mim mesmo - preciso urgentemente de um banho. - me dirigi ao banheiro não muito longe dali.

Bridget Orlyns

Estava andando de volta para a Devil May Cry bem alerta. Caso ele tentasse algo de novo, eu estaria preparada e o faria manter uma distância de mil pés de mim. Abri a porta observando o patamar atentamente.

- É, ele não está aqui. - pus a mochila em cima de um sofá próximo a parede da janela. Olhava curiosa ao redor. Não entendia o que tinha na cabeça de me interessar em um lugar quase sem nada.

- Chegou rápido. - a voz masculina mais que eu mais desgostava surgiu saindo de uma porta meio desgastada.

- Trouxe a ar-... - olhei de soslaio para Dante. Ele enxugava os cabelos brancos com uma toalha branca. Estava todo molhado e ainda por cima sem nada da cintura para cima de novo. Podia deduzir que esteve tomando banho. Volvi a corar como anteriormente.

- Quanto tempo pretende passar me admirando? - pôs a toalha de lado - se quiser ficar me olhando sem camisa por um bom tempo, sugiro que...

- OKAY! CHEGA! EU JÁ ENTENDI, OKAY? - Dei as costas para o mesmo fechando os olhos com força - Pervertido...

- Olha quem fala. Eu nem sequer terminei e você já imaginou coisas... A pervertida da história aqui é você, pimentinha.

- Cala a boca!!! - tentei um soco impulsivo nele, porém ele segurou meu punho como na última vez no bar, repentindo a mesma atitude.

- Eu bem que poderia te beijar agora, só pra te ver da cor de um morango.

- Não ouse!!!! - me debatia em vão. Ele era mais forte que eu.

- Vou testar... - seu rosto foi se aproximando cada vez mais do meu.

Continuou essa aproximação até finalmente sua boca tocar a minha e se selar nela em um beijo. Conseguiu o que queria. Fiquei com as têmporas vermelhas por completo.

Dante

A sensação dos lábios dela era a de dar selinhos em marshmallows e ao mesmo tempo estar com uma pedra quente na boca. Percebi que minha língua já estava enroscada na dela, dançando em movimentos programados por mim, e lentamente me levei pelo gosto saboroso. Era viciante e tentador o bastante para eu ficar daquele jeito por alguns longos minutos, até eu soltá-la e ela me dá um tapa certeiro na cara.2

- VOCÊ É IDIOTA OU O QUÊ??? - vociferou ofegante. Realmente se sentia mais zangada do que qualquer outra vez.

- Desculpe... - pus os dedos na bochecha meio irritada por causa da tapa - Mas você realmente me viciou com esse beijo... Quem diria que você tem dom pra isso, pimentinha.

- NÃO FALE COMIGO COM TANTA INTIMIDADE! - eu conseguia ver suas veias pularem da lateral de sua testa devido a raiva - NÃO QUERO QUE DIRIJA UMA PALAVRA A MIM ENQUANTO NÃO FORMOS A AQUELA MISSÃO! - pegou a mochila jogada no sofá e saiu estressada.

Não que eu estivesse incomodado... Talvez um pouco, contudo, com certeza, Bridget Orlyns era interessante demais para deixar ir assim, sem mais nem menos.

My Devil Boy - Devil May Cryحيث تعيش القصص. اكتشف الآن