~ Capítulo 15 ~

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CASAMENTO.

Uma coisa tão linda que junta duas pessoas que se amam pelo o resto de suas vidas. Um laço que durará até o seu último dia. O selo que marcará o amor de dois seres humanos. E o que vai me prender até o meu último dia com alguém que não amarei para esconder um segredo.

Perco o ritmo com esse pensamento e erro os acordes. Suspiro, e guardo o violino de madeira vermelha novamente na caixa. Está cada dia mais difícil tocar sem me distrair. Olho para o papel com as partituras e as beijo antes de deposita-las junto ao violino.

Hoje terá um concerto na praça principal da cidade para arrecadar fundos para o orfanato. E como filho e herdeiro do ducado de Gifield, Iann terá que ir, e como ele ainda não é casado, eu serei sua acompanhante. Visto um vestido vermelho. Depois da noite fatídica que Cole beijou minha orelha e agora faço de tudo para evitá-lo, descobri que fico muito bem de vermelho, pois contrasta com meus cabelos claros e Rose diz que meus olhos ficam mais esverdeados.

Meu cabelo está para trás no meu novo modelo de penteado preferido, ele está bem preso com flores vermelhas que fazem um pequeno caminho até a cascata loira que cai em minhas costas. Desço as escadas ajeitando as luvas e esbarro em alguém quando piso no último degrau.

- Iann!- resmungo ao vê-lo parado no meio da escada - O que está fazendo aqui?

- Esperando você - ele me examina de cima abaixo e diz - Você não acha que está usando vestidos que deixam a pele muita amostra?

Reviro os olhos e o puxo pela a mão como se não tivesse  escutado. A carruagem demora em torno de meia hora para chegar na praça. Iann desce, examina o espaço rapidamente e me ajuda a descer. A praça está ornamentada com um pequeno palanque com vários bancos de madeiras disponibilizados ao redor. Fitas coloridas dão uma cor ao ambiente e uma cortina deixa escondido o palco onde vai acontecer as apresentações. Iann nos guía até um homem baixinho e carrancudo que maneia a cabeça ao nos ver.

- Senhor Clarke - cumprimenta, ele me olha rapidamente antes de abrir um sorriso - Srta. Clarke? Que prazer em vê-la.

- Digo o mesmo, sr. Nugherlat.- sorrio e aperto de leve o antebraço de Iann. Ele se despede de Nugherlat e damos uma volta cumprimentando as pessoas presentes. Quando uma mulher começa a se apresentar nos sentamos e assistimos a um pianista tocar a música: Clair de lune.

Depois de oito apresentações começo a ficar impaciente, olho para Iann que parece concentrado em falar com uma moça bonita ao seu lado. Suspiro e me levanto, ando sorrateiramente até o espaço atrás do palanque afim de tomar um pouco de ar.

-...stou desesperado! O que vamos fazer sem a violinista?- franzo o cenho e me aproximo devagar.

- Eu não sei, precisamos pensar em algo, milorde - outra voz diz - a multidão está esperando.

- yo sé, Enrico! Pero não sei o que hacer. No temos um violinista sobrando.

Enrico, levanta a cabeça e acaba me vendo. Sua boca se abre e ele se curva numa reverência.

- Senhorita.- o outro homem, mais alto e gordo, se vira também, arregala os olhos e também se curva numa reverência.

- Como podemos ajudá-la? Precisa de algo? As apresentações já irão continuar estamos apenas dando uma pausa.

- Claro - sorrio rapidamente - bem, sinto muito pela a intromissão mas não pude deixar de ouvir que os senhores estão com problemas.

- N-não é nada, senhorita, ya estamos solucionando eso - um dos homens, o alto e gordo, diz com um sotaque arrastado. As mãos torcendo nervosamente uma a outra.

- Claro, não quiz dizer que não estavam - sorrio novamente - só queria dizer que se ainda estiverem precisando de uma violinista eu posso tocar. Não sou profissional mas sei tocar algumas músicas muito bem.

- Ah, senhorita! Isso seria increíble - o homem maior junta as mãos de forma agradecida - a senhorita poderia se apresentar agora mesmo se assim desejar.

- Será um prazer - mal termino de pronunciar essas palavras e já sinto o nervosismo corroer minha entranhas. Expulso-o de meu corpo.?

Enrico parece genuinamente contente com a solução encontrada, ele me entrega uma caixa de veludo e tira de lá um pequeno violino de madeira escura. O pego nas mãos testando suas cordas e fazendo algumas notas para me acostumar com o instrumento.

- A senhorita pode tocar qualquer música portanto que seja clássica e elegante.- assinto, sem tirar os olhos do violino em minhas mãos. Ele me entrega algumas partituras como exemplo e começo a vasculhar uma para tocar. Uma folha cai no chão e apanho rapidamente quase deixando todo o resto cair. Sinto as bochechas quentes e leio o nome da música: Canon in D major, de Johann pachelbell. Sorrio, essa foi minha primeira música. A única música ensinada por meu pai, a única antes de sua tristeza pela a morte de minha mãe o deprimir a ponto de largar o seu talento com os instrumentos. Me viro e percebo que os dois homens me encaram.

- Bem, eu...irei tocar essa.- eles assentem quando informo o nome, e Enrico me guia até as cortinas onde a plateia espera calmamente pela próxima apresentação.

- Boa sorte, senhorita.

- Obrigada, Enrico.- ele parece contente por ser chamado pelo o nome. A medida que Enrico me guía para o palco sinto a fome do nervosismo atacar minha barriga. Minha mãos começam a suar e tento me acalmar. É tocar. Tento me convencer. Respiro fundo e num ataque de coragem subo no palco, recebendo de imediato a atenção de centenas de espectadores.

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Ufa!

Esse capítulo foi enorme meus amigos, mas... eu amei escrever ele. Ele me deu uma sensação boa e estou bem animada para vocês lerem o outro capítulo.

  E essa música: "Canon in D major, de Johann pachelbell." É muito boa, não gosto muito de músicas clássicas mas quero conhecer outros gêneros nesse período de isolamento, e essas músicas são tão relaxantes... ESCUTEM!!!!! Ela é ótima.

PS. Exaltem essa capa do cap. Que capa lindaaaaa😍❤

Beijus😚

O EscurecerWhere stories live. Discover now