Capítulo III

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As atividades no bar cessaram. Adam e Maggie já haviam partido há alguns minutos, e eu, como sempre, acompanhava Max até o momento em que ele fechava as últimas portas do estabelecimento. Era por volta de meia-noite e alguma coisa da madrugada, e, mesmo assim, Jason Madox ainda estava lá aguardando por mim. Ele se encontrava sentado em um banco público, em frente a uma agência de viagens, observava, muito interessado, fotos de Hawaii e Londres, como se ele fosse para algum desses lugares a essa hora da noite. Jason havia parado com as bebidas desde a briga com Wayne. Provavelmente queria se sentir sóbrio caso aparecesse mais algum problema com algum daqueles motoqueiros.

-Então, o garoto durou a noite inteira... É um progresso._ Max puxou as portas metálicas enquanto eu segurava os cadeados reforçados. O alarme era ineficiente, Max tinha mania de segurança, principalmente porque Betty ficava sozinha dentro do bar, e seu maior medo era que lhe furtassem seu querido amor juvenil, até mais do que a sua moderna máquina registradora cheia de fundos monetários e gordas gorjetas. Posicionei os cadeados nos lugares certos e os travei, depois saí empurrando Max de forma carinhosa pelos ombros.

-Ah, como se fosse algo muito grandioso.

-Vindo de você, é mesmo. Qualquer outro teria fugido após ver o que você fez com Wayne. Se fosse eu, na minha época, teria fugido._ Dessa vez o empurrei com mais força, levemente ofendida.

-O cara acha que é psicólogo. Vamos deixá-lo feliz em pensar que vai conseguir me corrigir._ Max olhou sobre os ombros em direção a Jason, que ainda parecia entretido com as promoções de viagens. Não sei ao certo se o policial estava realmente entretido ou se apenas se afastou para nos dar certa privacidade. A todo o momento eu sentia os seus olhos em minhas costas enquanto eu e Max conversávamos sem vigiá-lo.

-Hum, entendo... É do tipo que gosta de problemas._ Max resmungou enquanto se apoiava nos joelhos reclamando de algum tipo de dor na coluna, uma dor que existia apenas em sua cabeça, e que, constantemente, ele usava de disfarce quando queria olhar para pessoas em momentos inoportunos.

-Se for, melhor para mim, não é mesmo?_ Ajeitei a minha camisa e me senti um pouco mais confiante. Jason era realmente uma boa companhia. Max levou uma das mãos ao cabelo e me segurou com a outra. Os seus olhos estavam desaprovadores e sua testa um pouco enrugada. Balançou-me com firmeza:

-O que? Não diga essas coisas para mim... Você é quase uma filha, filha que eu nunca tive e nunca terei de verdade.

-Podia ter parado no "quase uma filha". Não precisava desse complemento, eu me sentiria melhor._ Afastei-me do seu balanço enquanto ajeitava os cabelos bagunçados depois de uma noite movimentada e de muito trabalho. Max sorriu e alisou a sua barba enquanto observava Jason do outro lado da rua.

-Mas, então... Vocês vão ter um encontro agora?

-Acho que sim._ Eu não sabia bem se era um encontro. Jason disse que queria conversar comigo, conhecer-me melhor. Mas nenhum encontro meu era tão inusitado assim, e nem mesmo durava tanto tempo.

-Mas vocês vão ter um encontro a essa hora da madrugada? Vocês dois sozinhos?

-Sim...

-Isso é perigoso._ Max cruzou os braços e balançou a cabeça negativamente. Ele, de forma bem visível, desaprovava aquela saída furtiva na madrugada. Normalmente, Max não se preocupava com as coisas quando eu estava envolvida, então, aquilo soou como uma grande novidade em meus ouvidos.

-Por que perigoso?_ Meu chefe virou-se repentinamente na minha direção. Agora as suas duas mãos me seguravam pelo ombro com muita firmeza. Os cantos de seus olhos se voltaram novamente para Jason, que agora nos observava ao longe, um pouco desconfortável. Max, então, olhou para mim novamente, olho no olho. Foi o momento mais tenso que eu havia enfrentado em toda a minha existência até ali. Seus lábios se moveram, ainda sem que os nossos olhos se desviassem, uma pressão assustadora.

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