Capítulo 61

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Tinha em meu corpo um leve cobertor. Estava sentada no sofá enquanto minha mãe limpava meu corte,  em silêncio. A bagunça aqui em casa era enorme, o que me deixava ainda mais confusa e aflita. Eram pessoas avaliando o cômodo, policiais. Não sabia o motivo, mas minha mãe apenas deixou. Levaram meu notebook e meu celular, as informações sobre Pedro que continha no email do Sr. O'Brien, era mais do que só informações. Não compreendi, tentei negar mas mesmo assim pegaram o mesmo e não estava em condições de brigar. Haviam pessoas curiosas já que a casa foi cercada de carros, havia a Van do jornal local parado lá fora e mesmo com toda essa bagunça, o silêncio de minha mãe sobre toda essa situação era a coisa mais assustadora.

  Ela não dizia nada. Não olhava em meus olhos. Seu contato comigo foi cuidadoso. Enquanto ela fazia de forma concentrada os pontos, eu pensava em uma forma de lhe dizer ou explicar as coisas. Pelo menos tentar. Quando eu acordei, ela estava conversando com Pedro de forma furiosa. Seus gritos me acordaram.  Estavam na cozinha. A mulher na qual atirou no Sr. Wonder, tentava acalmar a situação porém, a forma grosseira na qual minha mãe apontava o dedo para Pedro, falando de forma chorosa... Mostrou que a situação era preocupante e séria. O rapaz não disse muita coisa, e eu sequer ouvi. Apenas voltei a dormir, e minutos depois minha mãe tentava me sentar no sofá. Quieta, sem dizer uma só palavra.

 
—  Senhora, terminamos o serviço. Duas viaturas vão estar a sua porta até mais tarde para afastar curiosos e jornalistas. - um homem balança a cabeça e se despede saindo porta a fora.

  Não demorou para ela terminar os pontos. Minha mãe se levantou guardando as coisas em sua maleta, indo até a porta e logo depois a cozinha. O silêncio dela estava me matando. Estava completamente tonta. Hoje foi o dia mais maluco de toda a minha vida e a minha real vontade era de cair nos braços dela e chorar. Mas eu não sentia que podia fazer isso. Minha mãe tinha uma feição neutra, me deixando completamente preocupada.

  Assim que me levantei segurei firme a dor nos ombros, caminhando até a cozinha onde ela estava demorando pra voltar. A visão que tive foi dela escorada de frente a pia, seus olhos estavam fechados e sua feição de dor foi a mais cruel na qual eu já tinha visto. Seu rosto vermelho pelo choro e suas mãos tentando limpar as lágrimas.

—  Mãe...- chamo arrastado, com a voz completamente embargada.

  Ela ergue as mãos pedindo para que eu fique quieta, balançando a cabeça. Mas não iria conseguir. Quando pensei em me explicar, ela se vira de forma abrupta.

—  Você estava mentindo pra mim Solara? Esse tempo todo? - o olhar no qual ela me lançou foi um dos mais aflitos no qual eu já vi.

—  Eu estava namorando com Pedro mas...

—  Você deveria ter me dito desde o começo que ele estava te ameaçando Solara. Eu sou sua mãe, nós temos um acordo de confiança e você quebrou ele totalmente escondendo isso de mim!

—  Eu não sabia que tudo isso escondia algo tão sério. Eu sequer sei o que está acontecendo mãe, sequer sei o motivo pelo qual aquele estava aqui e ...- engulo em seco sem saber o que dizer -... Me desculpa!

—  Eu trabalho a noite toda naquele hospital. Sabe o quão eu fico me martirizando pelo pouco tempo no qual passo contigo, e agora eu descubro que deixei a minha filha sozinha e que ela quase morreu por minha causa!

—  Não mãe, não é bem assim. A culpa foi totalmente minha!

—  Foi minha Solara! Eu deveria ter percebido que as coisas estavam erradas. Sabe o que iria acontecer se você viesse a morrer? Eu iria morrer também. O mundo cairia sobre mim porque eu não fui capaz de ter a confiança de minha própria filha. Eu pensava, PENSAVA que podia contar com você!

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