06.RIGEL

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Tarde demais, chegou minha hora
Sinto arrepios descendo em minha espinha
O corpo dói o tempo todo
Adeus a todos
Eu tenho que ir,
Tenho que deixar todos vocês para trás
E encarar a verdade.

Bohemian Rhapsody, Queen.

ERA DIA 28 DE MARÇO DE 2002, fazia quase três meses que não nos falávamos, e a última vez que eu tinha te visto foi aquela madrugada, na janela

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ERA DIA 28 DE MARÇO DE 2002, fazia quase três meses que não nos falávamos, e a última vez que eu tinha te visto foi aquela madrugada, na janela.

Mas nesse dia, quando eu acordei seu nome foi a primeira coisa que me veio na cabeça e junto com seu nome veio uma palpitação estranha no coração e uma sensação de angústia. Eu não consegui me concentrar em nada naquele dia, não consegui fazer nenhuma lição na escola e quebrei um jarro muito caro da minha mãe por conta da distração.

Eu passei a tarde chorando sem motivo e tentando entender o porque diabos eu estava tão mal, eu estava muito pior do que qualquer outro dia.

Parecia que algo muito ruim ia acontecer e essa sensação tomou conta de todo o meu ser. Essa sensação tomou conta do mundo.

O dia estava cinzento e frio demais para um inicio de primavera, estava tudo estranho.

Eu não consegui dormir, e às uma e quarenta eu ainda estava acordada, com os olhos arregalados e o coração doendo, eu achei que eu ia morrer, infartar.

E então um barulho muito alto e nada familiar aos meus ouvidos ecoou por toda a rua, meu coração deu uma pontada e eu corri para a janela para ver o que tinha acontecido, e lá estava você deitado no chão, olhando para cima, na camisa uma mancha vermelha de sangue se espalhava, um carro já fugia a todo vapor em direção ao fim da rua.

Eu nunca vou esquecer daquela cena, Evan, aquilo me traumatizou pelo resto da minha vida.

Eu não consegui pensar em mais nada, eu só desci as escadas e saí de casa, corri ao seu encontro, os vizinhos saiam na rua para ver o que estava acontecendo, alguém disse para eu não me aproximar, mas eu não me importava. Eu só conseguia pronunciar seu nome repetidas vezes, quando me aproximei e agachei do seu lado colocando sua cabeça nas minhas pernas, você respirava com dificuldade e uma lágrima solitária escorria pelo seu rosto.

A mancha de sangue crescia sobre seu peito e o meu desespero crescia também. A dor que você sentiu na carne, eu senti no meu coração.

Eu pedi a Deus que salvasse sua vida, que me levasse no seu lugar, que você não morresse.

— Evan, por favor...Me desculpa...– foi o que eu sussurrei pegando no seu rosto.

Você me olhou, não era aquele olhar frio que eu tinha me acostumado, era um olhar carregado de sentimento, carregado de dor. Você respirou fundo algumas vezes antes de falar.

Escrito Nas EstrelasWhere stories live. Discover now