Capítulo IV - Como eles terminaram o dia brindando em um bar qualquer

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Capítulo IV

Como eles terminaram o dia brindando em um bar qualquer

Dia 70

Scorpius estava feliz. Podia ser quarta-feira, ele podia estar tendo de lidar com a total inabilidade do novo estagiário que finalmente havia chegado à promotoria para preencher a vaga de Smith. Podia estar chovendo desde a manhã, e o tempo podia estar tremendamente cinzento. Mas ele estava feliz.

Brittany iria direto para sua casa, depois do trabalho. Eles continuaram a ser ver regularmente – não sabia se essa era a palavra certa para explicar, já que se viam pelo menos todo final de semana – e ele realmente apreciava o tempo que passava com ela. E, depois de praticamente um mês do primeiro encontro deles, Scorpius sentia que estava na hora de oficializar a relação deles. E era isso que aconteceria hoje a noite.

Ele havia comprado uma boa garrafa de vinho e tinha pedido para que Amelia, sua diarista, fizesse um cannelloni de receita parecida com o que o chef de sua avó costumava fazer.

Não era uma grande coisa para a maioria das pessoas, ele sabia, mas ele sempre gostara de rótulos para seus relacionamentos: somos amigos com benefícios ou estamos namorando? Exclusividade ou só estamos enrolados?

Talvez isso seja um dos motivos para que não tivesse tido muitos relacionamentos, ele pensou, analisando em retrospectiva. Seu único relacionamento mais duradouro, com a vizinha de seu pai, havia terminado após dois meses porque haviam decidido que seria uma relação casual e ela havia então surtado quando ele tinha estado com outra pessoa. Ele realmente se atinha a rótulos.

Rótulos davam um sentido para o que quer que estivesse acontecendo, ditava o que possivelmente aconteceria e o que não. E ele queria um rótulo de namoro com Brittany. Ela era uma boa mulher, ela era gentil e inteligente. E ele sentia que esse era um bom começo.

Apesar da ansiedade que ele certamente sentia, conseguiu se controlar e chegou em casa sem tardar. Amelia era um anjo, ele tinha certeza: ela tinha deixado o prato pronto no forno, só para esquentar, junto com um bilhete – com instruções extremamente específicas de como esquentá-lo.

Ele já conseguia andar normalmente agora, após semanas de fisioterapia, e o pé só doía quando o forçava além do seu limite. Isso também significava que ele não precisava mais usar a bota ortopédica e estava usando calças jeans que não pareciam ter saído de um filme dos anos 70.

Brittany devia estar quase chegando, ela não era de se atrasar muito, foi o que ele pensou quando desceu as escadas ajeitando a gola da camisa e se sentando no sofá aguardando a mulher. Assim como era esperado, pouco tempo depois ele ouviu a campainha.

Abriu um sorriso e abriu a porta, vendo o sorriso ainda maior no rosto da mulher à sua frente.

— Você simplesmente não vai acreditar – foi a primeira coisa que ela disse, passando por ele com um beijo na bochecha e tirando o casaco que usava.

Ele estranhou: fazia um tempo que ela não o cumprimentava com um simples beijo na bochecha, pra ser sincero. Mas ele deu de ombros e fechou a porta atrás dele, virando-se para ela para continuarem a conversar.

— Me ligaram hoje, me ofereceram uma vaga tão incrível, e a proposta que eles estão planejando é absolutamente impecável.

— Quem? Achei que você tinha vindo pra cá da França já com uma proposta de emprego, não?

— Sim, claro, eu estou trabalhando aqui e é incrível. Eu não estava esperando essa outra oportunidade, não mesmo. Mas eles leram meus trabalhos da França, principalmente aquele sobre o golpe político no interior, aquele que eu te mostrei semana passada, e tudo mais, e eles me querem, Scorpius. Eles me querem.

(500) Days of RoseOnde as histórias ganham vida. Descobre agora