Capítulo 1

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JASON

February 14th

Summer

Não.

Querida Summer.

Não, não.

Minha querida Summer.

Também não.

Minha Summer,

Uma vez te disse que seus olhos eram da cor do mar de Santa Mônica, mas estava enganado. Da última vez que estive lá, olhei para todo aquele mar gigantesco, e só consegui pensar em uma coisa: como seus olhos eram mais bonitos. Não tinha como compará-los com a cor do mar, muito menos com a cor do céu, acho até que seus olhos tem uma cor única, feita somente para você. O nome da cor de seus olhos deveria ser Azul Summer, pois nunca vi uma cor tão bonita quanto a deles.

Deve estar me achando um bobo por dizer essas coisas, confesso que eu estou me achando um bobo, mas minha mãe disse que vocês mulheres gostam de ouvir coisas do tipo. E eu até gostei de escrever o que estava pensando. Você não faz ideia de como queria ter dito que estava linda semana passada, com aquele vestido de flores amarelas! Amarelo definitivamente é sua cor, assim como o azul, e o verde, ah, e o vermelho também... Acho que você fica bonita em todas as cores.

Eu gosto muito de você, Summer. E acho que não é só como amigo. Eu quero ser seu namorado, se você quiser, é claro. Então, por favor, responda essa carta o quanto antes.

Do seu Jason.

Dobrei a carta e a coloquei no envelope rosa com um coração vermelho no meio, minha mãe me ajudou a escolher na papelaria horas atrás. Nunca tinha escrito uma carta antes, muito menos uma carta de amor. Acho que se tivesse que dizer essas coisas em voz alta para Summer iria vomitar todo o almoço, então a carta era uma boa chance dela dizer sim, afinal, minha mãe disse que as garotas gostam de gestos românticos. Ela também disse que uma vez meu pai cantou pra ela quando estavam no colégio, mas sem dúvidas isso era mico demais pra mim.

– Já está pronto, meu amor? – ela colocou apenas a cabeça para dentro do quarto.

– Sim, estou terminando de arrumar minha mochila.

Guardei a carta dentro do meu caderno, depois o coloquei na mochila.

Summer iria gostar da carta. Ela tinha que gostar.

Desci as escadas correndo e acabei tropeçando no final, mas por sorte consegui me equilibrar, o que evitou uma queda daquelas. Minha mãe fez uma careta brava, e acho que iria brigar comigo se não fosse meu pai saindo da cozinha com a minha irmãzinha no colo.

O que aconteceu com ela? – mamãe perguntou com sua voz assustadora, aquela que eu e meu pai tanto tememos.

– Como assim? – ele estendeu Emma com os braços para olhá-la.

– Eu te deixei uma Emma limpinha, os cabelos penteados e presos com uma presilha rosa. E agora, ela está sujinha e sem a presilha rosa.

A voz dela só piorava, era como o Voldemort em Harry Potter. Sim, minha mãe conseguia ser tão assustadora quanto ele. Ou até mais.

Meu pai faz uma careta e sem que a mamãe visse, revirou os olhos.

– Ela está linda. Não é gatinha do Papai? – ele beijou a bochecha gorda de Emma, que gargalhou.

Ela é tão fofinha.

Confesso que quando mamãe contou a novidade sobre eu ter uma irmãzinha, não gostei nenhum pouco. Eu gostava de ter toda a atenção dos meus pais, dos meus tios e dos meus avós. Nos primeiros meses, todo mundo falava em Emma, e ela sequer tinha nascido, sequer sabíamos se seria Emma ou Colin. Eu estava muito mais animado para que fosse Colin, já tinha imaginado como seria legal ser irmão mais velho, iria ensinar tudo para o meu mano. Nós iríamos jogar futebol com o papai, e atormentar a mamãe com as roupas sujas e suadas, e ela faria chocolate quente enquanto assistimos uma partida dos Patriots. Na minha cabeça, tudo seria perfeito. Já tinha começado a adorar a ideia de ter um irmão, mas então, descobrimos que seria uma menina.

FLAMESWhere stories live. Discover now