Capítulo 4

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SUMMER

January 3rd

As férias de inverno haviam acabado mais rápido do que eu gostava de admitir. As três semanas do feriado passavam sempre em um piscar de olhos, um dia estávamos indo para casa comemorar o natal e no outro estávamos voltando para o campus após o ano novo.

Era literalmente só piscar.

O caminho de Manhattan até Princeton normalmente não levava mais do que uma hora e meia de carro, mas o trânsito na rodovia estava péssimo. Além de estar nevando, o que já tornava o tráfego lento por natureza, praticamente todo mundo havia decidido ir até New Jersey na manhã de hoje.

Eu, obviamente, estava com Jason.

Sou fã número um do inverno e das tempestades de neve, mas tenho pavor de dirigir enquanto uma acontece. Mesmo sendo uma excelente motorista e nunca tendo levado uma multa sequer, a ideia de dirigir com uma camada de gelo embaixo das minhas rodas, podendo correr o risco de derrapar na mínima curva, me causa arrepios.

Mas felizmente tenho meu melhor amigo, Jason dirige com a postura relaxada, mas os olhos azuis estão atentos na estrada e o farol está alto, enquanto a voz rouca do Shawn Mendes ecoa baixo pelas saídas de som do carro.

Eu e Jason, sempre que conseguimos, viajamos juntos de Princeton até Manhattan, nós adoramos estar na companhia um do outro e o Maserati Levante do meu melhor amigo é muito mais espaçoso que meu Mini Cooper – principalmente o porta malas, dessa forma consigo trazer tranquilamente minhas duas malas e a extra com sapatos novos.

Jason é sempre mais prático, ele sempre trás uma bagagem pequena de Princeton e volta com ela para lá, enquanto eu não consigo sair de casa sem estar completamente equipada com duas malas que fazem parecer que estou indo para, sei lá, Roma.

Eu tenho muita roupa na casa dos meus pais, meu closet lá é enorme, mas sempre sinto necessidade de levar muita coisa de Princeton e trazer muita coisa de Manhattan quando voltamos.

Uma vez eu precisava muito de um vestido que estava em Manhattan para uma apresentação e, apesar da distância ser curta, simplesmente não tive tempo de ir buscar por estar ajudando a organizar o teatro da universidade.

Às vezes é por futilidade, eu sei, mas também sei que não sou que nem a Serena, que literalmente levou um baú cheio de roupas para os nossos quatro dias no Canadá.

Um. Baú. De. Roupas.

Bati meu dedo na janela fria do carro e soltei um suspiro carregado, torcendo para a tempestade de neve diminuir quando chegarmos em Princeton, neste fim semana tem a última apresentação da peça da turma de teatro e se a neve continuar caindo dessa forma, quase ninguém vai aparecer.

Já havia sido difícil o bastante conseguir agendar em um dia que nem o time de hóquei e muito menos o time de basquete tivessem um jogo.

De repente, me senti transportada para a minha primeira apresentação em uma peça teatral. Eu tinha sete anos e era uma peça da escola, apresentação de final de ano e a preocupação da nossa professora era a mesma: a neve atrapalhar tudo.

Mas a minha era outra. Eu estava tão nervosa, sentia meu intestino dar um nó toda vez que tinha que recitar uma fala e cheguei a cogitar sair da peça, pois estava me sentindo um lixo de atriz.

Uma criança de sete anos, que nunca havia atuado antes, estava se sentindo um lixo de atriz.

Hoje em dia é hilário, minha mãe sempre diz que eu tenho talento para o drama, mas naquela época, quando eu não sabia que tinha talento para alguma coisa, a situação me deixou completamente apavorada, até que Jason decidiu que iria entrar na peça também, atuando ao meu lado.

FLAMESWhere stories live. Discover now