4.0 - West Coast

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— Não me deixa cair!— Blue grita, agarrada ao paredão de escalada. Ela não deve ter subido nem dois metros.

Por que estamos escalando? Porque é o aniversário do Bruce e ele é um cuzão que quer torturar suas duas melhores amigas em prol de seu entretenimento sádico ao descobrir que a garota tem pavor de altura, em uma das nossas conversas. Como quis acabar com meu sofrimento antes, já me encontro sentada sobre a toalha estendida no gramado, tomando sol e bebericando uma garrafa de Sweet Witch enquanto observo Blue entrar em surto, Bruce gargalhando e o instrutor na maior paciência.

Decidimos faltar às aulas para fazermos o que Bruce sentisse vontade, então estamos aqui desde cedo observando Blue gritar, mas não dar para trás e descer de uma vez.

O aniversariante parece se cansar momentaneamente de seu entretenimento, logo vem na minha direção, se senta ao meu lado, retira meus óculos de coração do meu rosto e um lado do meu fone, perguntando em seguida:

— Tá ouvindo o quê?

— Só coloca o fone, burro. — balanço meus pés e fecho meus olhos, voltando a bebericar meu refrigerante.

Ele o faz, escuta por alguns segundos e declara:

— Brooklyn Baby é melhor.

Eu rio.

— Superestimado. Todo mundo sabe que West Coast coloca Brooklyn Baby pra mamar.

— Só tá falando isso porque seu namorado é da costa oeste.

Eu o olho tipo "o quê?".

— Ohio fica no centro-oeste, e a Lana tá falando da costa oeste da Califórnia.

— Não tô nem aí pra geografia.

— Percebi no dia que você confundiu o Brasil com a África. — pego meus óculos de volta.

— São dois países com o formato igual.

— África é um continente. — corrijo, desacreditada do que acabei de ouvir.

Ele fica alguns segundos em silêncio, ponderando. Dá de ombros alguns segundos depois e muda de assunto:

— E como tá o pai dele?

Recuperada da burrice do meu amigo, lembro da fofoca de uma semana atrás.

— Sei lá — respondo. —, Kells não gosta muito de falar da família dele. — raspo meus dentes na boca da garrafa, pensativa. — Não que seja errado ele ser reservado, mas mal falar com a namorada dele por uma semana, é chato.

Olho para Bruce, com um olhar de "entende?". Ele dá de ombros e declara:

— Fala com ele.

— Caramba. Juro que não pensei nisso antes. — respondo ironicamente. O homem dá uma risada falsa, e eu também, então volto a falar. — Não quero parecer uma namorada obsessiva.

— Não vai parecer uma namorada obsessiva — garante. —, vai parecer uma namorada preocupada. O que é ótimo.

— Não quero sufocá-lo. Digo, ele já tá ocupado com o pai dele, não quero jogar mais coisas. — explico minha teoria, mas que inconscientemente chamo de "medo de incomodar".

— Você que sabe. — conclui e se levanta.

— Mas eu não sei de nada. — digo e ele ri.

Fico alguns segundos observando a última mensagem de Colson, que dizia para eu fazer exatamente o contrário do que meu amigo acabou de me aconselhar; "não se preocupe". Como eu poderia não me preocupar com o meu namorado? Ele parece ter problemas com a família inteira, além de tentar fingir que não se importa com esse fato e guardar tudo para si como se fosse resolver. Não sei se Baker percebeu, mas quanto mais ele tenta me afastar desse assunto, mais eu quero saber para entender e tentar ajudá-lo. Sei que ele não pediu minha ajuda, mas acho que não passa da minha "obrigação" como namorada.

𝒍𝒐𝒗𝒊𝒏𝒈 𝒊𝒔 𝒆𝒂𝒔𝒚 - 𝕄𝕒𝕔𝕙𝕚𝕟𝕖 𝔾𝕦𝕟 𝕂𝕖𝕝𝕝𝕪Onde histórias criam vida. Descubra agora