Capítulo 30 - Colisões necessárias

4.5K 388 228
                                    

Rafaella não podia acreditar na audácia daquela menina que, tranquilamente, terminava de estacionar seu carro.

Tamanha foi a surpresa da mineira que não coseguiu se refrear a tempo e seu carro foi de uma só para além da vaga que deveria estacionar e bateu sem prévio aviso contra a traseira do carro de Bianca.

Por sorte a dona de casa usava um cinto de segurança, bem como suas duas preciosidades, no entanto, seu cheescake não teve a mesma sorte. O doce saltou diretamente do painel do carro e caiu em cima do seu suéter branco.

— Mas que cara... — Rafaella quase disse, mas ao lembrar que não estava sozinha se interrompeu e respirou fundo pelo tempo que pode sem contar. Tanto porque só dez segundos não resolveriam quanto porque tão logo abriu seus olhos deu de cara com uma Bianca irritada batendo no vidro do seu veículo.

— Perdeu o juízo? — Foi a primeira coisa que a empresária perguntou para a presidenta, afinal, a mulher de olhos castanhos acabara de estragar o a traseira do seu Audi caríssimo.

— Sabe que eu ia te perguntar a mesma coisa? — Perguntou a mais alta descendo do carro com um tom inflamado.

Não dava para ser minimamente educada com Bianca.

Tudo bem, admitia que aquela morena diante de si tinha uma parcela considerável de responsabilidade no decair de sua autoimagem de perfeição, mas daí ser carinhosa com ela?

Rafaella sabia que aquela pele era macia, ela mesma a havia tocado, porém a boca delicada nada tinha a ver com o jeito irônico de Bianca falar. E era isso que tornava a possibilidade de uma interação normal algo muito longe da realidade.

Porque se Bianca parecia disposta a ser uma pessoa intragável Rafaella sempre estaria preparada para ser muito mais.

A intensidade sempre num nível tão alto era a razão dos beijos mais incríveis e das brigas mais feias.

— Por qual razão se não fui eu que bati o carro de alguém como forma de bom dia? — Quis saber Bianca a cada resposta mais furiosa.

E não tanto pelo carro, pois com as vendas sempre em alta poderia mandar concertar o veículo imediatamente.

O que irritava Bianca Andrade era bem mais profundo que um amasso no carro ou um parachoque quebrado.

Era o fato de que, apenas tentando conversar civilizadamente, acabou por se envolver em mais uma discussão com ela.

— Bom dia para você? Esse é um privilégio que eu reservo para as pessoas realmente educadas — Rafaella pontuou fazendo Bianca revirar os olhos.

A empresária só queria falar do beijo.

Mas agora era verbo passado, porque Rafaella conseguiu arrancar a bandeira branca da sua mão e a quebrou bem em sua frente.

— Paz é um caralho — Pensou.

— Se eu sou mal educada você é o que? Porque com essa sua péssima maneira de chegar nos lugares eu muito duvido que tenha mais modos que eu — Apontou a carioca da mineira até os carros danificados.

— Nada disso teria acontecido se você não tivesse estacionado na minha maldita vaga — A maior relembrou, pois se não fosse isso não teria ficado assustada e se não tivesse se assustado poderia ter freado a tempo.

— Você realmente vai querer discutir isso comigo de novo? Por favor ao menos me prove que é autêntica e traga argumentos novos — Que não era autêntica? Foi isso que Bianca disse? Rafaella não acreditava no que escutou.

— Não preciso provar nada para você. Tudo o que nos relaciona nesse momento é a disputa pelo Conselho e a conta do conserto do meu carro que eu estarei te entregando — Porque alguém teria que pagar aquilo e Rafaella se recusava a pedir alguma coisa a Rodolfo.

O Decreto Kalliman Onde histórias criam vida. Descubra agora