❁| U m

2.5K 314 923
                                    

Loucura. Segundo o dicionário era um tipo de distúrbio ou alteração mental, mais ou menos prolongado, que fazia com que um sujeito agisse, pensasse ou sentisse longe de seu habitual. Também era um estado o qual a razão lhe fugia.

E talvez fosse isso, talvez Remus tivesse sucumbido a loucura. Porque não lhe parecia nem um pouco são e muito menos do seu feitio fazer o que estava por fazer.

Suspirou, enquanto se debruçava melhor sobre a mesa do refeitório da Universidade e pegava o copo bem a sua frente, enquanto observava a agenda aberta com a página de anotações em branco, a não ser pelo “Romantic Things: ideas” escrito no topo da página com uma caligrafia tão caprichosa que normalmente deixaria o Lupin todo orgulhoso de si mesmo, não fosse àquilo a causa de sua inquietação.

Gemeu baixinho, frustrado, em seguida levando o canudinho a boca e o prendendo entre os lábios enquanto bebia seu chá gelado.

Quando Sirius lhe apareceu um dia, estranhamente quieto, ele estranhou; quando lhe mandou mensagem no meio da madrugada dizendo que queria conversar, mas pessoalmente e só no dia seguinte, ficou receoso; mas não importa o que tivesse pensado ou sentido, nunca imaginou que, no dia seguinte, quando se encontraram e sentaram-se para conversar, o Black fosse lhe dizer que estava apaixonado.

E ainda. Que queria que Remus o ajudasse.

Mas veja bem, o rapaz de cabelos castanhos a princípio ficou um tanto cético, afinal Sirius Orion Black não era lá o tipo de pessoa que se apaixonava, as pessoas quem se apaixonavam por ele, com facilidade por sinal, e não o contrário. E na verdade, Lupin o conhecia há tempo o suficiente pra saber que ele nunca tinha se apaixonado antes.

Então vê-lo de repente todo sem jeito, tímido, e se mostrando até mesmo inseguro – coisa que ele de forma alguma era – era no mínimo chocante.

De cara Remus pensou que fosse algum tipo de brincadeira, ou ao menos era no que queria acreditar. E assim que a ficha caiu, o moreno perdeu o ar por um momento.

O garoto por quem era apaixonado sabe-se lá desde quando, estava apaixonado por outra pessoa.

Lupin soltou o ar lentanente, enquanto olhava a mesa a sua frente e novamente a maldita folha.

Talvez o termo certo fosse masoquista, combinava mais.

Mas o que ele poderia fazer? Não podia simplesmente negar o pedido do outro, era seu melhor amigo afinal. E não podia simplesmente dizer “é, não vou poder te ajudar, porque sabe, eu sou meio que completamente louco por você. Mas detalhes Six, vamos seguir com nossas vidas”.

Só de pensar nisso se frustrava mais e só queria se enfiar dentro de uma toca para nunca mais sair. Ou, só sair quando tudo tivesse resolvido. Mas é claro que não seria fácil assim.

— Hey! Desculpe a demora.

Remus piscou algumas vezes ao ouvir a voz, já bem conhecida diga-se de passagem, que havia atrapalhado sua linha de raciocínio. E assim que ergueu o olhar, constatou que realmente não havia de enganado, era justamente a pessoa que povoava todos os seus pensamentos.

— O Sr. Slughorn é um chato. – o rapaz de cabelos negros continuou, fazendo uma careta ao dizer aquilo, em seguida largando a mochila ao pé da mesa e sentando-se a frente do amigo, sem fazer muita cerimônia. — Já falei que odeio Introdução à ciência política?

Lupin o olhou por um momento, não evitando abrir um sorriso ladino, balançando a cabeça de um lado a outro, enquanto colocava o copo sobre a mesa novamente.

— Sim. Você diz isso toda segunda-feira que se preze, com essa mesma cara de derrota. – negou, em seguida apoiando um dos cotovelos sobre a mesa e o rosto na palma da mão aberta, observando o amigo, rindo baixo.

Flowers ✧ WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora