Capítulo 31

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Lucero subiu as escadas e se aproximou devagar do quarto de Viviane para ver se ela já estava dormindo, mas se assustou ao vê-la com a respiração ofegante e suando muito.

− Filha?! – Lucero correu até Viviane.

Viviane a encarou com os olhos marejados e não conseguiu falar, fazendo o coração de Lucero se quebrar em pedacinhos. A mulher respirou fundo tentando manter a calma e puxou o celular do bolso, discando rapidamente para Fernando.

INÍCIO DA LIGAÇÃO

− Alô? – Fernando atendeu sonolento.

− Fernando, a Viviane está passando mal. – Lucero falou com a voz embargada.

− O quê?! – Fernando falou já totalmente desperto e se levantando desajeitadamente.

− Ela não consegue respirar. – Lucero olhou para Viviane que continuava ofegante e olhava para o nada.

− Eu já estou chegando. Tente mantê-la acordada.

FIM DA LIGAÇÃO

Lucero se abaixou segurando a mão fria de Viviane. O mais triste era que sua filha não podia apertar sua mão para tentar se comunicar com ela.

− Seja forte, mamãe está com você. – Lucero sussurrou chorando.

Viviane já perdia as forças e fechava os olhos, mas Lucero segurou seu rosto e a encarou.

− Filha, fique comigo. Eu não seria nada sem você. Sei que você me odeia agora e tem toda razão, mas não me castigue dessa maneira, não vá embora. Lute e permaneça aqui comigo. – Lucero soluçou.

Lucero se sentia impotente por não poder fazer nada ao ver aqueles olhinhos chorosos da sua filha. Alguns minutos depois, Fernando entrou no quarto e pegou Viviane no colo, a levando para o carro imediatamente. Lucero foi o caminho inteiro abraçada a Viviane enquanto tentava mantê-la acordada e ao chegarem ao hospital, Fernando a pegou novamente. Viviane foi atendida e o médico pediu para que os pais da moça aguardassem do lado de fora, o que bastou para Lucero desabar no choro.

− Calma, Lu. – Fernando foi até Lucero e a abraçou com força.

− É que eu acho que tudo isso é culpa minha. – Lucero falou entre soluços.

− O quê? Por quê? – Fernando soltou Lucero para enxugar as lágrimas dela.

− Eu não devia ter tratado aquele menino daquele jeito e nem obrigado ela a voltar para casa. – Lucero desviou o olhar. – Eu faço tudo errado. – ela colocou as mãos no rosto.

− Também não é assim, Lu. Você às vezes mete os pés pelas mãos, mas quem nunca fez isso? Você é um ser humano, ninguém acerta sempre e o importante é que agora você está tentando fazer o certo com a nossa filha.

− Eu quero mudar com ela e com você também. – Lucero encarou Fernando e foi a vez dele de desviar o olhar. – Eu nunca soube agradecer por todo o bem que você faz a mim e a Viviane.

− É a minha obrigação. Ela é minha filha.

− Ela não poderia ter pai melhor. – Lucero sorriu com os olhos brilhando.

Mais uma vez Lucero percebeu que estava próxima demais de Fernando e encarou seus lábios sem saber que ele também a encarava. Ela nunca tinha prestado atenção na beleza de Fernando, ele era um homem forte, musculoso, com cabelo e barba curtos. Depois de tantos anos, finalmente Fernando havia criado coragem de demonstrar um pouco do que sentia por Lucero. Ele tinha medo dela se afastar dele no passado, principalmente quando ela começou a namorar com Manuel, e depois pela amargura dela que se escondeu do amor de todas as pessoas ao redor. Fernando se aproximou mais e quando ambos iam se beijar, o médico saiu do quarto, fazendo com que eles se afastassem envergonhados.

− Eu atrapalhei alguma coisa? – o doutor ergueu a sobrancelha.

− Imagina. Nós só estávamos... – Fernando parou de falar e abaixou a cabeça, coçando o nariz.

Lucero pigarreou e resolveu mudar de assunto.

− E a minha filha, como está?

− Bom, o que acontece é que com a deficiência da Viviane, a respiração dela vai ficando mais difícil por conta da pouca mobilidade, por isso que é importante a hidroginástica, os exercícios na água ajudam a melhorar o fluxo sanguíneo. O que eu quero saber é se ela passou por algum momento de estresse ou algo do tipo.

Lucero e Fernando se encararam.

− Sim. – Lucero falou baixo olhando para o chão.

− É isso que temos que evitar. – o doutor falou. – Eu sei que um paciente nessas condições fica impossível de se convencer e ainda mais a Viviane sendo uma adolescente que já é rebelde por natureza. Claro que nem todas as vontades dela podem ser feitas, mas vocês precisam procurar não discutir com ela, entendido?

Os pais de Viviane assentiram.

− E eu posso vê-la? – Lucero perguntou.

− Claro, ela já está acordada e medicada. Para que coisas desse tipo não ocorram, é bom que vocês tenham sempre um balão de oxigênio em casa. Quando vocês notarem uma crise começando, já colocam para que ela não precise vir aqui.

− E como eu faço para adquirir um? – Fernando perguntou.

− Como é um caso de extrema urgência, acho que o hospital pode disponibilizar se estiver sobrando. Me acompanhe, por favor. – o doutor pediu.

− Claro. – Fernando falou e se virou para Lucero, acariciando o rosto dela. – Fique com ela. Eu já volto.

Lucero assentiu e observou Fernando até ele se distanciar. Então ela respirou fundo e entrou devagar no quarto em que Viviane estava.

                                                                      ~ * ~

Foi só um susto, ufaaa! Mas ia rolando beijo se o doutor não estivesse atrapalhado =/

Feliz São João! Lembrem-se de comemorar em casa e tomando os seus devidos cuidados <3

Aprendendo A AmarWhere stories live. Discover now