I have to try

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Millie P.O.V.

Meu coração estava apertado, minhas mãos suadas e o rosto inchado. Terminei de abotoar uma calça jeans seca, e fiz um coque rápido no meu cabelo. Eu não parecia uma advogada como costumo ser, pareço mesmo alguém que acabou de tomar um banho de água fria. Agarrei as malas de rodinhas, e as puxei escada abaixo, dando um tchau bem baixinho, enquanto observava o que foi o meu quarto por mais de um ano. Passei o dedo sobre a bancada da cozinha. Lotada de pó. Ri, e deixei que mais uma lágrima escapasse.

Era isso, hora de ir.

Puxei com agilidade a mala até a varanda, e em segundos ouvi o barulho de buzina. O Uber tinha chegado. Essa era a minha carona, para o meu novo destino. Mesmo que parecesse que meu coração fosse sair pela boca, e os olhos estivessem vermelhos e já cansados de chorar, eu estava ali. Fazendo algo que me recordo exatamente dos detalhes.

Dia 23 de janeiro, 2014

Apertei o passo para chegar em casa, enquanto a chuva molhava toda a minha roupa. Não havia um centímetro de mim que não estivesse encharcado. Puxei a porta com força, e notei meus pais me olhando assustados, enquanto tomavam um chá sentados no sofá.

— Céus menina! O que aconteceu?! — minha mãe gritou preocupada, ao notar o meu estado. — Finn não te trouxe até em casa? — disse estranhando.

— Eu não quero saber dele! Nunca mais! — disse ainda chorando. Eles vieram ao meu encontro.

— O que esse garoto te fez? — meu pai disse com um semblante raivoso.

Me afastei.

— Eu quero ir pra faculdade. Hoje, agora. Eu vou aceitar a bolsa na Califórnia. — eles trocaram olhares assustados.

— Não acha que está de cabeça quente para tomar uma decisão assim? — perguntaram ambos.

— Não. Vou fazer as malas. — eles pareceram preocupados, e tentaram me segurar.

— Você precisa de um banho quente, se sente ali. Robert, vá buscar uma coberta! — meu pai saiu de lá correndo a procura de algo.

— Já disse que não! — falei enquanto as lágrimas voltavam novamente.

Corri chorando para o meu quarto. Abri o meu armário branco, que tinha algumas borboletas rosas desenhadas na porta, e agarrei alguns montes de roupa. Enfiei tudo numa mala que havia ganhado a alguns anos da minha avó, e a fechei. Minha mãe observava na porta, com um olhar triste.

— O que aconteceu entre vocês? — ela perguntou.

— Acontece que Finn Wolfhard é o maior idiota do mundo. — disse ainda engasgada entre soluços.

— Às vezes, as pessoas que amamos erram. Devemos aceitar, ninguém nunca é perfeito. — olhei-a com os olhos vermelhos.

— Ele me machucou, mamãe. — me sentei sobre a cama, e desabo em prantos.

Senti-me sendo envolvida por um abraço caloroso, e em seguida, uma cobertura quente foi jogada pelos meus ombros. Era o meu pai com um cobertor, que me abraçou de lado, encontrando seus braços com os da minha mãe.

— Você é a minha garotinha linda e crescida, eu confio nas suas decisões. Você pode tudo, Millie. — ela ergueu meu rosto com delicadeza pelo queixo. — Você e só você é dona do seu destino. — senti uma mão gélida secar minhas lágrimas, e encarei o homem que mais amava no mundo.

— Nós vamos te apoiar sempre, em qualquer decisão. — sorri tristemente, e os abracei de volta.

Um abraço que durou muito tempo.

She And He | FillieOnde histórias criam vida. Descubra agora