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Anne estava sozinha em casa e mais uma vez entediada. Lembrou-se de que foi por causa de seu tédio que tudo isso começou, quando ela resolveu explorar a casa e achou a caixa que guardará a máquina por tanto tempo. Não sabia dizer se estava arrependida de tê-la descoberto ou não, tendo em vista a situação em que se encontrava agora.

Deitou-se em sua cama e tentou tirar um cochilo, mas sua atenção continuava na máquina descansando sobre a escrivaninha do outro lado do quarto. Por mais que tentasse fechar os olhos e relaxar, parecia que era atraída por ela.

Se perguntou se Gilbert não estava em casa na mesma situação. Seus olhos analisaram o cômodo e Ihe caiu a ficha de que aquele provavelmente tinha sido o mesmo quarto do outro há tanto tempo atrás, e um pensamento Ihe cruzou a mente.

Gilbert ao menos ainda estava vivo?

Sentiu um arrepio ao perceber que provavelmente não estava.

Mais uma vez olhou para o aparelho pelo qual transmitia os códigos para o rapaz do passado. Quão grande era a esquisitice da situação em que havia se metido.

Contemplou o que Gilbert havia escrito na porta, que não dava para ler de onde Anne estava, mas ainda era perceptível a falha na madeira antes lisa.

Se levantou e sentou-se na cadeira, determinada à ao menos tentar ver se o rapaz responderia naquela manhã.

Ao invés de fazer sons contínuos como sempre, fez algo diferente. Codificou o nome do outro.

Gilbert

Olá

A resposta foi tão imediata que Anne tomou um susto. Não esperava que ele estivesse ali, e sua mente imaginou Gilbert sentado em frente àquela mesma escrivaninha, ponderando se deveria chamar a outra ou não.

Achei que não fosse responder

Estou sempre aqui

Anne interpretou isso como um "pode falar comigo sempre que quiser", e sorriu.

Escrevendo partituras?

Exato

Ela riu da estranha fixação do garoto, mas imaginou que realmente não tinha muito o que fazer para se distrair na época em que ele vivia. Percebeu então que nunca poderia ouvi-lo tocar, mas tentou não pensar nisso antes que ficasse triste.

Como é o futuro?

Gilbert a perguntou e Anne passou um tempo olhando para a transcrição da pergunta em seu papel. Como iria explicar algo que lhe era tão comum para alguém que não conhecia absolutamente nada sobre?

Cheio de coisas

Foi a única resposta que encontrou, mas claramente não seria suficiente.

Como o que?

Anne parou mais um momento para pensar, até que seus olhos pousaram em seu notebook fechado e esquecido no canto da mesa, para dar espaço à máquina de código Morse.

Como a internet

O que é isso?

É cheia de informações

Como bibliotecas?

Sim, mas com muito mais informações

Só isso?

Podemos conversar com outras pessoas

Como estamos fazendo?

Anne parou um pouco para refletir. Aparentemente para Gilbert a internet não parecia tão interessante assim, mas ela continuou tentando.

Sim, mas com pessoas em lugares distantes

Como nas cartas?

Mas será que esse garoto tem resposta pra tudo? – Anne murmurou consigo mesma.–

Mas é mais rápido

Ela argumentou, por fim.

Parece útil

Gilbert respondeu e ela achou que finalmente o havia convencido nem que só um pouco de que aquela invenção era uma grande coisa. O que de fato era, apesar de Anne não saber como expressar isso em poucas palavras.

E como é o passado?

Não tem como saber na internet?


Ela riu. Gilbert tinha razão. No entanto, uma ideia cruzou sua mente, e ela se perguntou se realmente não teria alguma informação sobre o amigo pelas milhares de páginas da web.

𝘔𝘰𝘳𝘴𝘦 𝘊𝘰𝘥𝘦 - ShirbertDonde viven las historias. Descúbrelo ahora