.---- ---.. (Último Capítulo)

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Anne se movia lentamente. Ela estava guardando as últimas peças de roupas em sua mala para ir embora daquela casa no final do dia.

Foi até a escrivaninha e pegou a única coisa que ainda estava em cima dela: seu notebook. guardou rapidamente, evitando olhar para o nome de Gilbert ainda escrito na parede.

A campainha tocou e Anne achou que fosse o motorista do caminhão de mudanças, mas mesmo que a voz da pessoa fosse grave, parecia jovem demais.

Ela, no entanto, não se importou, e se esforçou em fechar a mala, pressionando o corpo sobre ela até conseguir fechar o zíper.

Estava na metade quando ouviu sua tia chamando seu nome, o pedindo para descer.

Terminou o que fazia e saiu rapidamente do quarto, também evitando olhar para a mensagem escrita na porta.

Ao descer, viu dentro de sua casa um rapaz que parecia ter a mesma idade que si. Definitivamente não parecia um motorista de caminhão de mudanças.

– Ele veio buscar o resto das coisas no sótão, você pode ajudar? Já terminou de arrumar suas coisas, não é?

Anne assentiu com a cabeça sem expressão alguma no rosto, e guiou o rapaz que olhava animadamente para todos os cantos da casa.

– Faz bastante tempo que não venho aqui. – O rapaz comentou, provavelmente tentando puxar assunto, mas Anne estava num estado inerte desde o início da semana e apenas fez um pequeno barulho indicando que o ouvirá, sem realmente responder alguma coisa.

Não demorou muito para que chegassem no cômodo com a escada que levava ao sótão, e Anne subiu logo atrás do outro garoto. Era desconfortável estar naquele lugar novamente.

O rapaz, porém, parecia impressionado com tudo que via. Anne pegou uma das caixas quase vazias е a segurou enquanto andava atrás dele, os dois não trocando palavras enquanto o mais alto selecionava alguns objetos que pareciam em bom estado e os colocava cuidadosamente dentro da caixa que se enchia lentamente.

– Olha só, nunca tinha visto uma dessas! – ele exclamou e Anne sentiu o coração palpitar brevemente para então parecer não estar batendo mais. O garoto estava em frente à caixa com as coisas de Gilbert.

Ele então pegou a máquina de código Morse e a colocou com cuidado dentro da caixa.

Anne evitou olhar para ela.

Ele continuou analisando os objetos ao redor do cômodo, mas Anne percebeu ele o olhando disfarçadamente algumas vezes.

– Qual o seu nome? – ele a perguntou com uma voz baixa enquanto colocava um prato de porcelana decorada dentro da caixa.

– Anne. – a garota respondeu rapidamente, sua voz não demonstrando emoção alguma.

O garoto a encarou, e normalmente Anne se sentiria desconfortável com isso. No entanto, parecia estar numa ressaca emocional enorme e não sentia nada.

– Anne... – ele repetiu para si mesmo e continuou a fitando por um momento, antes de voltar a tarefa à qual fora designado. – Já nos conhecemos? – a voz grave se fez ouvir novamente enquanto os olhos de Anne pousavam inconscientemente na caixa com as partituras de Gilbert, no canto do sótão.

Ela olhou para o garoto tentando ver se o reconhecia de algum lugar.

- Não.

O garoto assentiu devagar e tirou a poeira que cobria uma moldura vazia aparentemente de ouro, que precisaria ser polida.

Ele a guardou na caixa, e ambos continuaram em silêncio pelos minutos seguintes.

Passou-se um tempo e Anne apenas o seguia ao redor do cômodo, quase se sentindo como um daqueles objetos antigos dispostos ali, quando percebeu que o rapaz cantarolava uma melodia.

Não deu muita atenção de início, até que começou a reconhecê-la. Ela encarou a nuca do maior enquanto este estava virado de costas para si, tirando a poeira de alguma coisa, e de repente Anne se sentiu mais atenta ao que acontecia ao seu redor.

Olhou novamente para a caixa no canto do cômodo e lembrou-se de onde conhecia aquela música.

Era uma das melodias que Gilbert havia escrito.

Uma das favoritas de Anne, mas que nunca haviam sido publicada, e era apenas ela que a conhecia.

Seu coração pareceu voltar a bater e o sangue circulava de volta para seu cérebro em uma velocidade incrível. Estava prestes a perguntar ao garoto de onde ele conhecia aquela canção, quando ele pareceu encontrar algo.

– Olha! É um álbum de fotos! – ele tirou de uma caixa o álbum marrom e limpou a crosta de poeira que o cobria.

Por fim o abriu, começando a folhear enquanto olhava as fotos uma a uma, e Anne se sentiu tentada a ver junto com ele, dando alguns poucos passos para ficar de pé ao seu lado.

– Esta aqui era a minha avó. – O garoto indicou, mostrando uma moça com o rosto sério numa foto em que o papel estava desgastado nas laterais.

– Era bonita. – Anne comentou sincera, se sentindo confortável e distraída ao lado dele.

– Aqui é a minha tataravó segurando meu bisavô. – o rapaz comentava alegremente, e Anne se perguntou quantas vezes ele já havia visto aquelas fotos para reconhecer aquelas pessoas tão facilmente. 

Ao virarem a página o garoto exclamou animado.

– Olha só, esse aqui é o irmão dela!

Apontou para um rapaz sozinho numa foto. Sua expressão estava séria, mas o rosto jovem parecia sempre prestes a dar um sorriso.

Anne percebeu como seus olhos pareciam suaves е bondosos.

Ela então sentiu já ter visto aquele rosto em algum lugar.

A garota olhou mais uma vez para o garoto em pé ao seu lado, e reconheceu. Seus olhos se estreitaram quando notou que o mais alto era idêntico ao rapaz da foto.

– Parece com você. – Anne comentou numa voz baixa, quase num sussurro, como se falasse aquilo para si mesma.

- É o que todos dizem. – o garoto sorriu. – Temos até o mesmo nome.

Era como se alguma coisa despertasse dentro de Anne, e seus olhos se abriram cada vez mais, parecendo incapazes de olhar para qualquer outro lugar além do rosto do maior.

– Gilbert. – Falou devagar para que Anne entendesse seu nome.

Ela começou a respirar pesado enquanto assimilava o que aquilo significava.

O rapaz, ou melhor, Gilbert, sorriu e olhou para o lado, vendo o rosto surpreso de Anne o encarando. Seu sorriso foi se desfazendo enquanto absorvia a intensidade do olhar sobre si e seus olhos se fixavam na garota.

Ficaram assim pelo que pareceram horas, até que o sussurro de Gilbert se irrompeu no cômodo silencioso.

– Tem certeza de que não nos conhecemos?

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OI GENTE LINDA DO MEU CORAÇÃO.

Eu espero que tenham gostado dessa adaptação, e não me xinguem pelo Gilbert do passado e a Anne não terem ficado juntos, não fui eu que escrevi aaaaa.

Obrigada a todos que votaram e comentaram, e pelas minhas lindas fadinhas que surtaram um monte no grupo do whatsapp, amo vocês sz.

(eu ia postar amanhã, mas não me contive).

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𝘔𝘰𝘳𝘴𝘦 𝘊𝘰𝘥𝘦 - ShirbertOnde histórias criam vida. Descubra agora