Capítulo 29

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A república onde Angelina morava era um pequeno prédio, vizinho ao campus, onde estudantes do sexo feminino alugavam quartos para ficar enquanto estavam na universidade.

O local tinha dois andares, com cinco quartos, uma cozinha, uma sala de estar e dois banheiros, um em cada andar. No térreo ficavam a sala, a cozinha e dois quartos, e no primeiro andar os outros quartos.

Os quartos eram pequenos, contavam com uma cama de solteiro, em tamanho um pouco maior do que a cama do alojamento, um guarda-roupa e uma escrivaninha. Mas a vantagem de morar em um lugar com um banheiro privativo e uma cozinha fazia valer a pena o sacrifício de dividir o teto com outras quatro estudantes.

Além disso, uma das estudantes que morava no alojamento era Angelina, com quem eu estava me dando muito bem. Restava, então, apenas conhecer as outras moradoras.

Na segunda-feira, no horário do almoço, visitei o lugar com Angelina. Os ambientes comuns estavam organizados, como se esperaria de uma casa onde morassem apenas meninas. A cozinha possuía um fogão, uma geladeira, e poucos utensílios domésticos, mas percebo que havia o suficiente para que eu pudesse cozinhar. A sala de estar possuía dois sofás grandes e uma televisão de tamanho razoável.

Os banheiros, ao contrário do restante da casa, não pareciam tão organizados, pois estavam cheios de cosméticos e roupas sujas espalhadas. O banheiro do primeiro andar contava, inclusive, com uma pequena banheira. O banheiro do térreo, não.

Não entrei no quarto das outras estudantes para verificar como eram, mas o quarto disponível ficava no primeiro andar, ao fim do corredor.

Ao entrar no quarto, vejo a cama no centro e ao lado esquerdo a escrivaninha, abaixo de uma pequena janela. Ao lado direito da cama ficava o guarda-roupa. Então já imagino uma cômoda ao lado da porta do quarto e um espelho de corpo inteiro ao lado do guarda-roupa. Também imagino minha coleção de souvenires espalhadas pelo quarto, e a foto de Peter sobre o criado-mudo, ao lado da cabeceira da cama.

Sim, eu podia me ver morando ali.

Convencer o meu pai sobre a mudança do alojamento para a república fora muito mais fácil do que eu imaginava. Na verdade, ele parecera muito contente por eu ter decidido dividir um teto com outras estudantes. "É um sinal de maturidade", ele dissera, e eu tinha responsabilidade suficiente para isso.

Margot também ficara surpreendida com a novidade, pois ela nunca imaginara a hipótese de eu estar disposta a viver com outras garotas além de uma companheira de quarto, mas ela sabia que cozinhar era parte fundamental da minha rotina, e talvez preencher esse vazio me fizesse bem em relação a todo o resto.

Na terça-feira à noite já estou empacotando minhas coisas no alojamento, com a ajuda de Ambry.

- Meu Deus, Lara Jean, por que você trouxe tantas coisas para a faculdade? – ela reclama.

- E é porque você não viu o meu quarto na Virgínia... – eu digo sorrindo, e ela balança a cabeça em reprovação.

Enquanto estamos trabalhando, eu olho para Ambry pelo canto dos olhos, a procura de algum sinal de tristeza com a minha partida do alojamento, mas ela parece bastante tranquila.

Nós havíamos passado pouco tempo juntas, já que a vida noturna dela era bastante agitada, mas jamais eu me esqueceria de que Ambry estivera comigo em momentos tão importantes em meu começo de relacionamento à distância com Peter.

- Ufa! Acho que acabamos! – ela diz e se senta na cama. – Lara Jean, você me deve uma pizza... – ela aponta.

Eu faço um sinal de positivo com a cabeça, mas não digo nada, pois sinto um nó em minha garganta como se eu estivesse prestes a chorar.

Toda sua, Lara JeanWhere stories live. Discover now