Toda sua, Lara Jean

Capítulo 46

Faziam três dias que eu havia chegado da Virgínia e a minha vida havia voltado à rotina na UNC. A diferença é que estávamos nas últimas semanas de prova antes das festas de fim de ano, então todas as garotas estavam mais presentes à noite na república do que antes.

Estou preparando um chocolate quente na cozinha, já que o mês de dezembro havia iniciado com a mesma neve que caíra no mês de novembro.

Liza está sentada no balcão, comendo um sanduíche. Depois que ela havia feito aquele favor para mim, deixando uma encomenda na minha casa, começamos a trocar algumas palavras quando nos encontrávamos, e uma vez ela até dirigiu um boa noite para mim antes de subir para o seu quarto.

Mas desde que eu havia voltado do feriado de Ação de Graças, ela retornara ao silêncio de antes. Não havia voltado à indiferença, porque às vezes eu a flagrava me olhando de soslaio.

Angelina se aproxima e se senta no balcão, ao lado de Liza.

- Lara Jean, por que diabos tem uma caixa de correios no seu quarto? Uma caixa de correios de verdade! – Angelina pergunta.

Estou sorrindo, enquanto me aproximo dela.

- É para o presente de Natal do Peter. Ainda vou personaliza-la, mas estou escrevendo uma carta para ele, para cada dia do próximo ano, e vou entrega-las todas de uma vez na caixa de correio no Natal.

Angelina põe as mãos sobre o rosto.

- Quem gostaria de ganhar 365 cartas de presente de Natal, Lara Jean? – Angelina comenta.

- Eu acho que ele vai adorar. Peter parece ser um cara muito romântico! – Trisha diz, entrando na cozinha.

Liza, que até o momento parecia não prestar atenção na conversa, bufa ao lado de Angelina. Eu olho para ela, mas ela não olha na minha direção. Angelina e Trisha também notaram e a encaram. Liza percebe e olha para nós três.

- O que foi, Liza? – Angelina pergunta.

Ela revira os olhos, com sua expressão de desagrado de sempre.

- Lara Jean, eu não tenho nada a ver com a sua vida... nem somos amigas, nem nada... mas... enquanto você está aqui escrevendo cartinhas para ele, o Peter Kavinsky está traindo você lá na Virgínia.

- O que? - eu pergunto, pensando não ter escutado bem o que ela falara.

Ela mexe em seu celular e mostra a tela para mim. Eu pego o celular das suas mãos e observo.

É uma foto. Uma foto um pouco escura, como se o ambiente estivesse só parcialmente iluminado, de um garoto, sentado em uma cadeira, com os braços amarrados para trás e os olhos vendados. Ele veste apenas uma cueca box. Mas o pior não era isso. Diana está sentada no colo do garoto, com o rosto a centímetros do seu. O garoto é Peter.

Angelina toma o celular das minhas mãos.

- Ele está vendado! Nem dá para ver quem é na foto! – ela diz.

- É o Peter... – eu falo, sem acreditar no que os meus olhos acabavam de ver.

Eu o reconheceria mesmo que estivesse encapuzado, pois conhecia muito bem a distensão dos músculos do seu braço e das suas costas. Com o nariz e o queixo descobertos, então, com certeza absoluta aquele era o perfil de Peter.

E era uma foto bastante recente, porque há um mês atrás ele não estava tão forte.

- Quem lhe enviou essa foto? – eu pergunto para Liza.

- Uma amiga minha que estuda na UVA e faz parte da fraternidade dessa garota da foto.

E então eu começo a compreender. A fraternidade. A fraternidade que Peter fazia parte e seus segredos... então era isso que ele fazia com as garotas da fraternidade co-irmã?