Awkward moment

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2 meses depois.

Anya lia um livro na sala de estar de Polly. Esta que a acolheu meses atrás e concedeu sua casa para ela ficar o tempo que precisasse. Polly e Ada, sua sobrinha, cuidaram de Anya durante os primeiros terríveis dias após a sua chegada. Fizeram-lhe curativos, levaram ao médico para que ela fosse acompanhada, serviram de ombro amigo quando Anya finalmente tomou coragem para contar tudo o que lhe aconteceu. Contou sobre o estupro, sobre a notícia de sua avó, que, por sinal, não havia sido encontrada. Somente as duas sabiam de tudo e... claro...

Thomas.

Bom, mas graças a bondade das duas, Anya se recuperava cada vez mais. Não voltou para Londres depois de receber ligações de alguns funcionários da antiga casa onde ela morava com sua família, alegando que eles vinham sendo ameaçados caso ela tentasse algo conta William. O monstro que matou sua irmã. Não havia mais ninguém por ela naquela cidade, nenhum parente próximo em quem ela confiava, então, com as ameaças, por que, de fato, ela voltaria para Londres? Estava mais segura em Birmingham.

Polly sentia falta de seus filhos, que lhes foram tirados anos atrás. Era um menino de 4 anos e uma filha de 7. Agora a menina teria a idade de Anya. É fácil supor o motivo de Polly querer a garota por perto. Preenchia um vazio. Tinha um de seus filhos de volta. Uma segunda chance? Talvez. Além disso, Anya podia sair, já tinha feito novos amigos e, mesmo contra a vontade de Polly, por não confiar e achar perigoso demais, ela tinha encontros com rapazes da cidade. Então, não foi difícil ficar por ali, pois se sentia protegida e ainda assim, não estava presa.

No entanto, ela sentia falta de uma coisa: trabalhar. Afinal, tudo o que lhe era bancado vinha da empresa dos sobrinhos de Polly, mas depois de um curto tempo e de ouvir conversas atrás de portas, ela pôde deduzir que o líder era o sobrinho do meio: Thomas Shelby. Trocou poucas palavras com ele durante esses 2 meses. Ele relutou quando Polly disse que a abrigaria. Não o culpava por não confiar em alguém. Na verdade, ela o entendia bem. Mas contanto que “a garota fique fora dos negócios, seja sua ‘responsabilidade’ e não crie problemas para nossa família, pode ficar.”

Anya ouviu passos na casa e deduziu que Polly estava chegando. Mas não estava sozinha.

- Anya, já está acordada? – Polly perguntou franzindo a testa.

- Pois é. Dormi cedo demais ontem. Deve ter sido isso... – disse levantando-se do sofá e deixando o livro de lado.

Ela estava com um roupão cobrindo os braços e de roupa íntima. Até então, como tinha visto somente Polly entrar, não se cobriu. Mas logo o fez quando viu que ela estava acompanhada de um homem.

- Minha nossa...Polly! – ela a adverteu com sua voz e seus olhos arregalados que a fitavam.

Percebeu-se as bochechas coradas e a vergonha por ter sido exposta a um homem que ela não conhecia...Espera, na verdade, já o tinha visto. Era John, irmão do meio dos Shelby. Ela já o tinha visto antes na empresa, mas sempre de longe, o rapaz, por outro lado a estava vendo pela primeira vez.

John abriu um sorriso e riu baixo enquanto fingia que não havia visto nada e olhou para o lado de forma mecânica. Mas ainda deu tempo de analisá-la rapidamente. Gostou do que viu.

Polly com sua esperteza percebeu o que havia acontecido. Conhecia bem o seu sobrinho.

- Ah, meu Deus... – ela falou enquanto colocava um cigarro na boca e o acendia. – John, esta é Anya, a minha hóspede, falei dela na última reunião de família.

Anya abriu um sorriso forçado sem mostrar os dentes a ele, que a essa altura, estava achando graça, mas tentava se conter. Ele balançou a cabeça a cumprimentando. Não era do tipo cavalheiro.

- Eu vou me trocar. Com licença. – A menina falou e subiu quase correndo para seu quarto.

- Prazer em conhecê-la!

John falou, mas não obteve resposta. Polly o encarava enquanto soltava a fumaça pela boca.

- Não pense nisso... – ela começou, mas foi interrompida.

- ELA é a sua hóspede secreta? – ele disse apontando para as escadas para onde Anya tinha ido. – Você disse que ela era uma adolescente! – disse John divertindo-se com aquilo.

Polly revirou os olhos, queria fugir do assunto.

- Quantos anos ela tem? – John perguntou.

- Dezessete.

- Ah, Pol, conta outra! – ele falou entre risadas.

De fato, Polly tentou ao máximo “esconder” Anya de seus irmãos, principalmente de Arthur e John. Finn ainda era muito menino, não apresentava ameaças e era impossível mantê-la em sua casa sem que Thomas soubesse. Até o momento, somente Thomas tinha falado com ela de fato. Polly temia que ela se envolvesse nos negócios sujos da família (isso incluía seus dois sobrinhos) e acabasse morta.

- John, escute o que eu estou falando. Ela não vai se envolver com a nossa família dessa forma. Estou a ajudando em um momento difícil de sua vida. Assim que sentir que ela se recuperou, ela vai embora. Entendeu? – Polly falou apontando o dedo para seu sobrinho.

Na verdade, ela nem acreditava nas palavras que acabara de proferir. Gostava da companhia de Anya. Ada morava com o namorado e Polly nem sabia onde. Não queria que Anya fosse embora. Talvez fosse egoísmo, mas pensaria nisso outra hora.

John levantou as mãos em rendição.

- Não quero problemas. Vou ficar longe... mas, da próxima vez... certifique de que ela vai estar totalmente vestida quando eu precisar vir até aqui. – Ele ria enquanto falava.

- Cala a boca! – a mulher respondeu empurrando seu ombro de leve. – Venha, os papéis que Thomas quer estão na minha mesa.

Os dois caminharam até o pequeno escritório de Polly.
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- Polly, eu quero trabalhar... – Anya disparou.

Polly a encarou com dúvida em seu olhar.

- Por que isso agora? Está lhe faltando alguma coisa? – a mulher perguntou.

- Não... – Anya respondeu abaixando a cabeça.

Ela não queria que Polly achasse isso. E de fato, não lhe faltava nada.

- É que eu quero me sentir útil... eu vejo você sair pela porta todos os dias. Eu fico aqui desfrutando do lucro do trabalho da sua família, não é justo. Você já me deu a casa...eu não quero me tornar um peso, já se passaram dois meses...

- Sei o que quer dizer...gosta de independência. Saiba que não quero que pense que a trato como uma adolescente inconsequente. Entendo que você já é adulta. Mas é que... – Polly fez uma pausa. – Você foi acostumada a ter tudo, falo de coisas materiais...e depois de tudo pelo o que passou, queria que você se concentrasse na sua recuperação mental.

Anya abriu um sorriso sincero. Sentiu a empatia de Polly.

- Um emprego me ajudaria ainda mais... – Anya falou com um sorriso enorme.

- Tem razão, se é o que você quer, saiba que tem uma aliada. Vou ajudá-la a encontrar um emprego...acredite, nessa cidade, vai precisar da minha ajuda!

- Ai, meu Deus, Polly, isso é... nossa... obrigada!

Anya se aproximou para um abraço, mas se conteve, Polly não era muito sentimental. E nem ela mesma, para falar a verdade. Polly percebeu a ação e sorriu.

- De nada! – falou.

Sensível como uma bomba - Jhon ShelbyWhere stories live. Discover now