[03] BRAVO 02

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— Então, rondas às 4, 11, 19 e 22h. Recolhimento de água às quintas e escolta de carregamento duas vezes por semana. Só isso? — Chris perguntou, sentado no colchonete na cabana que iria compartilhar com o Sargento Stan, que havia se retirado para que ele e a Major conversassem sobre as atribuições. — Major?

— Chris. — ela se agacha em frente a ele e estende a mão, mas ele não pega. — Por favor...

— Eu que peço "por favor", Scarlett. — ele fecha o bloco em que estava anotando as coisas importantes do acampamento, em seguida olhando para a mulher tinha um olhar suplicante. — Eu não sabia que você estava aqui, não pedi pra estar aqui e, sinceramente, agora quero que isso acabe o mais rápido possível.

— Christopher! — ela se levanta. Apesar de tudo, pelo tempo que havia se passado, não esperava essa reação dele.

— Não, sem "Christopher", "Chrissy", "Evans" ou até mesmo "Chris". — ele se levanta com um olhar hostil pra ela.— Até o fim disso, eu sou "Sargento Evans" e você "Major Johansson". Passei muito tempo pra esquecer tudo que aconteceu, ou melhor, que não aconteceu, por sua causa e não vou fazer dessa situação algo pior do que já realmente é.

— Vinte anos, Christopher! — Ela tenta não gritar com ele e o observa colocando o equipamento de segurança. — Se passaram vinte anos e você não consegue amadurecer sobre o que aconteceu?

— Você está mesmo me perguntando isso?

— Sim? — ela tira o fuzil da mão dele e ele suspira, por saber que não pode tomá-lo de volta, sendo obrigado a escutar. — Ok, eu errei. Não devia ter sumido daquele jeito, deveria ter avisado, dado ao menos "adeus".

— Mas não deu.

— Cala a boca. — ele olha para o chão tentando não rir de como ela ficava engraçada quando tinha que admitir que estava errada, era sempre uma luta. — Mas já se passaram duas décadas, Chris. Será que não podemos, ao menos, ficarmos felizes pelo reencontro? Somos velho amigos.

— Fale por você, eu estou na flor da idade. — ele debocha e estende a mão, pedindo a arma. — Preciso ir fazer minha ronda, Major.

Scarlett bufa e empurra com força a arma contra o peito dele, se virando e caminhando com passos duros para fora a barraca.

Babaca.

— Eu ouvi!

— Foi pra ouvir mesmo! — Chris suspirou ao ouvir o grito da ex-namorada e passa a alça da arma por cima da cabeça, a posicionando nas costas.

Saindo da barraca,ele consegue visualizar a transição dos últimos raios de sol para o céu arroxeado, anunciando que o breu da noite se aproximava. Era hora da ronda.

***

O vento congelante batia contra a pele dele e arrepios se faziam presentes a cada 5 minutos. Mesmo com o colete, a calça de tecido grosso e o capacete, a pele exposta dos braços e a camiseta fina que vestia, não ajudavam em nada. Nem em um milhão de anos ele imaginaria que um lugar tão quente durante o dia, pudesse ser quase uma Sibéria durante a noite.

Uma nova onda de arrepios passou pelo seu corpo na mesma hora em que ele ouviu o som de pedras e areia sob os pés de alguém, fazendo com que ele entrasse em alerta e empunhasse a arma, apontando para o breu. A única fonte de luz era a lanterna tática acoplada ao cano do fuzil.

— Não atire, sargento. — a voz conhecida faz ele suspirar, e a imagem da mulher cobrindo os olhos aparece sob a luz da lanterna. Chris abaixa a arma e desliga o aparelho, fazendo com que o escuro tome o lugar.

SHOTGUNS - O REENCONTRO {EVANSSON AU}Where stories live. Discover now