Havaí, lá vamos nós

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Estava tocando Joke's on you, de Charlotte Lawrence, quando cheguei no aeroporto. Fui ao banheiro ver se estava tudo ok, arrumei um pouco a franjinha que teimava em ficar bagunçada, soltei os cachos e fui andando para comprar um café, estava faminta. Na cafeteria encontrei Ana com Tom, no fim ela ligou e terminou de uma forma mais decente e menos traumatizante com o tal estadunidense, para então viajar com a consciência limpa com Tom, seu verdadeiro amor. Yami não teve escolha e acabou fazendo as malas para ir com eles, e bom...eu também. Mas não estava mais tão preocupada com a viagem, teria Yami nos meus planos para transar até ele não conseguir parar em pé. 

O que me deixava mais intrigada era que Yami parecia ser a prova do meu charme, o que tornava mais difícil ir com ele para a cama. Fiquei meio distraída andando na direção deles, até que um cara bem magro e alto bateu com tudo contra meu corpo, e acabamos os dois caídos no chão, sorte que nenhum de nós segurava alguma bebida ou comida...

-Me desculpe, eu não vi que você estava aí - ele falou super sem graça e me ajudou a me levantar. Ouvi uma gargalhada bem alta por trás, e uma mulher, com curvas vantajosas, cabelos ruivos, e grande porte deu um belo de um tapa nas costas do coitado, que parecia que iria quebrar, sorri para ele e disse que foi apenas um acidente, eu não o vi e nem ele me viu, acontece. 

- Me desculpe mesmo, eu não tive a intenção...- ele ficou ruborizado, e fitou a mulher com um olhar de assassino, quase ri da situação do coitado, mas me segurei. 

- Desculpa moça pelo meu amigo aqui, ele é atrapalhado mesmo - disse a ruiva, que voltou a gargalhar logo depois, ela realmente estava perdendo o fôlego de tanto rir do amigo. Sorri também, e perguntei seus nomes, novos amigos nunca eram demais. 

- Meu nome é Adam, e esta é a Fran, estamos viajando para uma apresentação, é a trabalho. 

- Ah que legal, muito prazer - falei um pouco mais sensual - meu nome é Katarina, e esses são meus amigos, Yami, Tom e Ana. Estamos viajando a férias. 

Conversamos um pouco, e pelo pouco que eu entendi Adam é CEO em uma empresa de produtos químicos, que auxilia na produção de diversas marcas famosas, e Fran é a Administradora da empresa, os dois são colegas de trabalho, Adam  participa das reuniões e apresentações pois se formou em química, e Fran ajuda na administração, marketing e parcerias com outras marcas. São uma dupla e tanto, devo admitir...Eles não disseram para onde estavam indo, foi uma conversa bem rápida pois eles estavam com um pouco de pressa. 

Ana e Tom entraram no avião, e Yami e eu fomos atrás. Os dois andavam inseparáveis esses dias, pareciam um casal que estavam juntos a anos...Então quando já estávamos todos em nossos devidos lugares, coloquei meus fones e deixei no aleatório, imaginando como seria a viagem...E tocou Stockholm Syndrome, de Sofia Karlberg. Sorri me lembrando de um filme com o tema assim...definitivamente, ser sequestrada por um mafioso gostoso e podre de rico é uma fantasia sexual e tanto, mas na vida real tenho quase certeza de que não seria uma experiência tão legal assim. Síndrome de Estocolmo é quando a vítima se apaixona pelo sequestrador. Na minha opinião isso não é muito legal, prefiro eu ser o sequestrador. Seria muito bom ter uma vítima para torturar com minha boca e regiões baixas...

Tentei dormir um pouco mas não conseguia de jeito nenhum. Nunca havia viajado de avião na minha vida, confesso que estava com um leve medo...Acho que Yami notou minha inquietação...

- Faz 30 minutos que entramos no avião. E você já está morrendo de medo...inacreditável - disse com um sorriso enorme no rosto.

- Saquei, então você curte mulheres frágeis com medo? - perguntei, com um sorriso sarcástico. 

- Se você acha que vai me conquistar assim está enganada. Gosto de seres humanos sinceros. Não tenho mais exigências além destas. - Ele disse, e virou para olhar pela janela. Hmmm...interessante ele usar "seres humanos", será que ele é pan? Ele voltou a olhar para mim, que desta vez o estava encarando. 

-Que foi?Tem couve no meu dente? - e não pude conter o riso...

-Você é pan? - perguntei, sem rodeios, já havia até vomitado na frente dele mesmo, que se foda. 

- Sou, algum problema? - ele perguntou, senti uma leve tremida em sua voz. 

- Não...eu achava que era pan quando jovem, mas não tenho certeza. 

- Eu imagino, pode ser confuso mesmo. Você...sentia atração por qualquer pessoa, independente do sexo?

- Sim - refleti, já tive relações tanto com homens como mulheres, mas a diferença era que eu não conseguia ser a ativa quando se tratava de outra mulher. Já com os homens eu mandava e controlava tudo...You don't own me, de saygrace, começou a tocar em meus fones.

- Eu já fiquei com homens e mulheres, já cheguei a me apaixonar por ambos...mas nunca entrei em um relacionamento sério. Muito menos levar essa pessoa para o meu apartamento. - comentei.

- Entendo, você gosta de estar no controle certo? - ele perguntou. Apenas sorri e concordei. 

- E deixa eu adivinhar - continuou - Você nunca conseguiu estar no controle quando se tratava de outra mulher, acertei? - Assenti, e sorri para ele. 

- Eu sempre consegui controlar os homens - adimiti - mas as mulheres...ainda são um enigma para mim. Eu acabo tendo mais relações com homens por que são mais fáceis, mulheres são mais difíceis, devido a tudo o que a sociedade impõe no nosso comportamento, então elas esperam algo mais romântico de mim. Mas eu não sou romântica quando se trata de sexo por diversão. Eu apenas quero me satisfazer. É momentâneo. 

- Entendo... - Yami voltou a falar - Eu acabo não me relacionando muito por causa disso...não encontro muitos parceiros, e as mulheres esperam que eu ligue no dia seguinte, pelo menos é assim na minha cidade, mas fiquei apenas por um dia na sua cidade e achei bem mais divertido. Espero que o Havaí não nos decepcione em relação a isso.  - Disse, e pediu uma bebida a aeromoça, levantei a mão e disse que queria o mesmo. 

- As vezes é difícil encontrar as pessoas certas para satisfazer seus desejos. Não sei porque você me rejeita tanto, estou tentando desde que saí daquele banho - disse rindo para ele, que riu também. 

-Não se trata de eu te rejeitar, é que já nos tornamos íntimos demais para transarmos e fingir que nada aconteceu, quando menos se esperar um de nós já terá se apegado ao outro. Aí não será mais apenas sexo por diversão, pode se tornar algo trágico. 

- Ora ora, você se garante não é, deve ter um pau enorme para se gabar desse jeito - falei rindo, a aeromoço voltou com dois copos e nos serviu, agradecemos, e experimentei o que Yami havia pedido...parecia...apenas café com leite....hmmm estava uma delícia. 

- Eu nunca disse que seria você a pessoa a se apegar - ele falou, e começou a tomar o conteúdo do copo grande. Houve um silêncio meio constrangedor entre nós... Não sei porque ele achava que iria se apegar a mim, eu sou uma comedora de pessoas incansável e sem coração...

- Você está a salvo, ninguém em sã consciência se apegaria a mim romanticamente - falei rindo baixinho, mas ele apenas sorriu, abaixou os olhos, e quando voltou a me encarar disse:

- Talvez eu já tenha me apegado o suficiente...

- Talvez eu já tenha me apegado o suficiente

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