A Busca - Malvie / Mevie

Gancho Idiota

Harry estava no escuro há tanto tempo que nem se lembrava mais como era ver a luz do dia. Ele também não sabia quantos dias tinha se passado desde que roubou o espelho e foi expulso do acampamento por Mal e no início quando foi pego pela bruxa, odiou a garota por fazer aquilo, mas agora não importava mais. Ele estava preso, com fome, ferido e seria mais cedo ou mais tarde comida de bruxa. Quando contou tudo o que sabia para a velha que o torturou por mais e mais informações, imaginou que ela o mataria em seguida, mas em vez disso o deixou lá naquela escuridão fedorenta junto com ossos e restos do que ele nem queria imaginar que fossem.

No começo ele gritou por socorro, se debateu, tentou se soltar, mas nada fez efeito, o espelho idiota em seu bolso interno da camisa não o obedeceu nem o ajudou quando perdeu a vergonha e implorou por ajuda. Harry praguejou a magia e tudo que estivesse envolvida com ela. Ele também praguejou Uma por arrastá-lo naquela viagem agora sem volta onde ele perdeu tudo que tinha. A droga do gancho. Pensar no objeto fez ele se lembrar de Evie e odiá-la, mas quando seu corpo doía ao tentar mudar de posição, imaginou se foi daquele jeito que ela se sentiu quando a Rainha Má por culpa dele e de Uma a prendeu na masmorra e a deixou lá com os ratos. Pela primeira vez na vida Harry sentiu na pele as consequências das maldades que fazia e se arrependeu de cometê-las.

Pelo menos ela tinha a companhia de ratos - ele pensou.

Harry não tinha nada além de esqueletos quebrados no chão.

No fim das contas ele era só um garoto querendo a atenção do pai idiota que não se importava se ele morresse naquele lugar e nunca mais voltasse para casa. Ele só podia está delirando de febre. Estava pensando como Mal e os amigos dela. Molengas! Mas ele tinha feito tanta coisa errada que talvez aquilo fosse uma punição justa.

Havia momentos em que ele via o pai na sua frente zombando dele e sentia vontade de arremessar algo em seu rosto, chegou até a jogar um osso nele com tanta raiva que ele se quebrou quando caiu no chão. Harry gritava que tudo era culpa do pai e se agitava nas correntes. Em outras ocasiões gritava chamando a bruxa para matá-lo por que não aguentava mais ficar sentado ali enlouquecendo.

- Olhe para você Harry - disse a voz do seu pai.

- Ah! Você de novo? Desapareça daqui.

O homem estava encostado na parede com seus braços cruzados. Seus olhos azuis como os de Harry fervilhavam de algo que o rapaz não compreendia. Raiva talvez? Ele não se importava. Usando seu casaco vermelho com uma camisa branca com babados por dentro, calça na cor vinho, sapatos pretos e seu chapéu também vinho com uma pluma, Gancho caminhou até o filho e se agachou na frente dele fazendo sua cabeleira negra se derramar por seus ombros.

- Olhe só para você Harry Gancho. Preso como um animal - disse o homem sem sua mão esquerda.

- Me deixa em paz!

- Você é uma vergonha. Sendo capacho da Uma? Sério?

- Sou o imediato dela!

- Grande coisa! Sua irmã é muito mais pirata do que você. Ela lidera a própria gangue na Dragon Hall!

- Então por que você não pega a CJ e vão os dois embora para a sua estúpida Terra do Nunca e me deixam em paz?! - Harry exclamou irado.

Capitão se ergueu rindo e ajeitando o chapéu.

- Nada me faria mais feliz do que sair dessa Ilha miserável e voltar a navegar.

Harry o ignorou, no fundo sabia que o pai não estava mesmo ali, era tudo fruto da sua imaginação bagunçada.

- Onde está meu gancho, Harry? - perguntou Gancho mexendo no bigode.

Os olhos de Harry foram direto à mão fantasma do pai, na parte que faltava do seu corpo e de novo Evie veio à mente do garoto.