A Busca - Malvie / Mevie

Fogo e Mar

Voar era uma sensação maravilhosa de liberdade que Evie e os garotos nunca tinham sentido em toda vida, era diferente de tudo que eles já tinham experimentado, dava um frio na barriga e a garota se perguntava se a vida fora da Ilha tinha aquele mesmo sabor delicioso. As árvores faziam um grande tapete negro que se derramava até muito longe embaixo deles. Se forçassem a visão conseguiam ver a cidade distante e não precisavam de mapa algum para se guiar. Evie tinha tanta coisa para conversar com Mal, não via a hora de chegar a terra firme e acabarem logo com aquilo, fugir e ter um pouco de paz ao lado da família que ela escolheu.

Daria um jeito de libertar Sebastian quando estivesse em um lugar seguro, longe da mãe. Pensar na Rainha Má lhe deixou ainda mais pensativa, o que será que faria com ela quando vice a filha de novo? O dragão pareceu sentir a inquietação interna de Evie por que emitiu um som baixinho a tirando do seu devaneio. Evie sorriu e acariciou o corpo escamoso do animal. Que loucura elas viveram naqueles dias na floresta, depois dali nunca mais seriam as mesmas.

Mal se transformou em dragão, aprendeu a voar, sentiu o poder estrondoso do sangue de Hades e matou uma bruxa, Evie sabia que tudo aquilo bombardeava a mente de Mal juntamente com a vez que lhe arranhou, com a noite em que quase morreu depois de sair do roseiral e com a cena de Mal a sufocando. Como Evie sabia daquelas coisas? Será que depois do feitiço elas tinham ficado ainda mais próximas e ligadas? Evie se debruçou abraçando o grande pescoço do dragão ignorando sua couraça que podia machucar.

- Está tudo bem, Mal. Eu amo você - Evie sussurrou tão baixinho, mas teve a certeza de que o dragão a ouviu por que ele murmurou algo para ela.

Quando Evie voltou para sua posição Carlos a segurou pela cintura com tanta força que a garota teve vontade de rir, mas se conteve por que também sentiu uma pontada de medo quando o dragão levantou voou pela floresta. Gentilmente ela colocou sua mão sobre a dele e o garoto sussurrou sem jeito.

- Desculpe. Achei que você fosse cair. Eu posso soltar se quiser.

- Não, não. Está tudo bem - Evie sussurrou em resposta - Pode segurar. Obrigada.

- Agora entendo por que Aladdin voava naquele tapete o tempo todo. É fantástico! - Uma gritou abrindo os braços sentindo o vento batendo contra seu rosto e bagunçando seus cabelos em tranças.

- É melhor se segurar bem ou vai se esborrachar no chão - disse Jay sentado atrás dela segurando o caldeirão como se fosse um tesouro.

- Não seja estraga prazer! Sente só que delícia! Nem a couraça machucando minha bunda pode me fazer infeliz agora.

O dragão resmungou algo incompreensível e Evie se pegou rindo, pois tinha certeza que ela queria derrubar Uma lá de cima.

- Seu pai deveria ter roubado o tapete e ficado com ele.

- Para que? Para decorar nossa casa na Ilha sem magia? - retrucou Jay fazendo Uma rir.

Ele tinha que concordar com ela, apesar do medo horroroso que sentiu e que não iria admitir nunca, pois era um vilão durão (às vezes) voar era incrível, quase compensava as loucuras que eles viveram.

- Já pode me soltar e abrir os olhos, Gil! - Harry exclamou para o companheiro pirata atraindo a atenção dos demais.

- Mesmo? - questionou Gil agarrado ao rapaz.

- Ora, mas é claro! É lindo aqui de cima. Vamos, veja!

Gil ficou em silêncio e não se moveu.

- Como acha que CJ vai dar uma chance a você sendo medroso desse jeito?

Ao ouvir o apelido da irmã de Harry, Gil abriu os olhos e se afastou dele imediatamente.

- Você disse que a CJ não gosta de mim!