BEL

Love - 2

Estava acontecendo uma das chuvas mais intensas do ano. As gotas caiam na janela com uma força descomunal ameaçando quebrar o vidro. O céu poderia está emocionado, quem sabe até desacreditado pela data que eu começaria a comemorar sozinho, naquele dia estávamos completando três anos de namoro.

Foram três anos difíceis, com diversas tentativas de Taehyung de tentar acabar com tudo, não era preciso dizer como falhou nisso, o coloquei em uma armadilha que ele jamais conseguiria sair.

Não eram mais de quatro da manhã quando meu celular tocou, logo reconheci o número. Pela primeira vez eu pensei que Taehyung lembraria do nosso aniversário, ao atender só ouvi alguns gritos e choramingos.

– Abre essa porta, rápido - ele gritou no telefone.

– Porta?

– Da sua casa seu idiota. Se apresse essa chuva está cortando minha pele.

Corri o mais rápido que pude até porta, ao abrir Taehyung entrou mais rápido ainda, sem se preocupar se estragaria meu chão ou com qualquer coisa. Apenas me empurrou, começando a dar pequenos socos no meu peito.

– Veio comemorar nosso aniversário? - foi a única coisa que consegui falar.

– Quero que esse aniversário se foda - por mais que suas palavras fossem duras ele me abraçava forte e eu percebi que estava chorando - Eu não passei Yoongi.

– Não passou em que Tae?

–  Na faculdade. À faculdade que passei horas estudando, sonhando que um dia teria chances de fazer parte, não passei. Eu não vou pra Seul nem pra lugar nenhum, sou um perdedor Yoongi.

Seu desespero era meu o também, o abraçava forte, repetindo diversas vezes que tudo iria acabar bem no final.

Desde que eu conheci Taehyung seu sonho era ingressar na universidade de Seul. Talvez fosse alguma influência da sua família ou um desejo que nasceu cedo dentro de si, de qualquer jeito, era perceptível sua frustração, seu esforço havia sido grande. Muitas vezes Taehyung me trocava por livros, ou simplesmente os usava como desculpas pra se livrar de mim.

Só pude oferecer duas coisas naquela noite; roupas secas e meus braços. Que o acolheram até o amanhecer.

Foi impossível dormir naquela madrugada. Minha cabeça só pensava em alguma forma de resolver aquela situação. Até que se fez luz na minha mente e o acordei animado.

– Você passou em outra universidade? - os olhos de Taehyung mal estavam abertos quando o perguntei.

– Isso importava alguma coisa?

– Diga logo.

– Para uma cidade pequena também, não importa eu não tenho como ir lá.

Já tínhamos conversado sobre aquilo. A faculdade de Seul era a única que fornecia dormitórios, diminuindo o gasto que teriam com moradia - no qual Taehyung não tinha condições de pagar.

– Você quer casar comigo?

– Não estou a fim de ouvir nenhuma declaração agora – sua irritação foi tanta que até se levantou da cama, se dirigindo à porta.