Capítulo 25

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            "Estar em contato com a natureza, ter as energias renovadas pelo sol, um bom banho de cachoeira, sem sombra de dúvidas seriam os elementos perfeitos e precisos, um verdadeiro bálsamo para o espírito" – Pensou Helena, dando espaço para a alegria.

Ao entrar na água fria, respirou fundo e flutuou. Esvaziou os pensamentos ruins, deixando que Oxum, a mãe e senhora das águas doces, divindade africana do amor e da fertilidade a embalasse, como somente uma mãe embala seu filho.

Os raios de sol lhe acarinhavam a pele aveludada, transmutando as energias negativas em positivas, dando-lhe mais vitalidade. Teve a nítida impressão de que os seus sentidos foram todos ampliados lhe oportunizando ouvir os tantos sons da natureza, os mais diversos odores, das águas, das flores, dor ar, a sensibilidade da pele mais intensa, na boca todos os sabores das melhores coisas que experimentara na vida e mesmo de olhos fechados, enxergava com detalhes as mais variadas formas vivas.

Na mesma proporção em que recebia energias tão positivas, as emanava sem ter a dimensão de que elas impactavam Marcinha diretamente, que movida por essa força, entrou na água, como um marinheiro encantado por uma sereia e como aquele arquétipo se encaixava tão bem para sua professora.

Helena sentiu seu corpo colidir e ao abrir os olhos se viu diante de sua aluna que a olhava de uma forma misteriosa.

HELENA -Não acredito! Quem diria que iríamos nos encontrar aqui hein bonitinha!

MARCINHA -Pois é, nem em meus melhores sonhos poderia prever que isso iria acontecer! -Confessou com empolgação

HELENA -Como assim? – Indagou, achando estranha a forma com que a aluna reagiu a um encontro tão casual.

MARCINHA -Quis dizer que fiquei muito feliz em te encontrar.

HELENA -Eu também meu anjo, aliás ontem notei que você sumiu de repente. A vi saindo as pressas para uma direção oposta a onde estávamos. Confesso que fiquei preocupada. Aconteceu alguma coisa?

Por essa a garota não esperava. A professora havia notado que dera meia volta e se afastou abruptamente do grupo. O que mais Helena havia notado?

Em segundos, surpresa com a velocidade de seu pensamento deu uma desculpa que aparentemente havia convencido a mais velha.

Juntas, se acomodaram em uma das pedras, sentindo a água cair com força sobre suas cabeças. Enquanto Helena estava de olhos fechados, Marcinha não conseguia parar de admirar. Senti-la tão perto, longe da escola e principalmente das "cantadas" baratas do Carlinhos lhe deixava mais a vontade com sua professora.

Poder olhá-la daquela forma evidenciava ainda mais o quanto Helena era linda, perfeita. Riu quando se comparou a Páris e entendia o porquê o jovem havia raptado a mulher de Menelau. Sentiu vontade de roubá-la do Téo e fugirem para um lugar secreto, onde ninguém as acharia. De repente se sentiu tola, entendendo que sua "prima-dona" jamais a acompanharia.

HELENA -O que foi meu bem? De uma hora pra outra ficou triste? – Perguntou, tecendo carinho em suas costas

MARCINHA -Imagina, impressão sua professora. Estou apenas admirando a paisagem e pensando como pode ter pessoas tão perversas, incapazes de preservar tamanha beleza como essa – Mentiu, em meio à uma saia justa, com o coração acelerado com aquele carinho inesperado.

As duas conversaram durante todo o passeio. Marcinha apresentou Pedro e Juliana à Helena a convidando para um piquenique.

Em meio a conversa, degustando das guloseimas que a aluna trouxera na mochila, a professora reconheceu na hora as bolachinhas de nata que dona Matilde fazia. Desde que se separou de César, nunca mais comera outra igual, sem contar que gostava muito da avó da garota, as duas sempre se deram muito bem, até o dia em que a mulher lhe jogou na cara o grande mal que fizera ao seu filho ao trocá-lo por outro homem. Uma acusação um tanto injusta, pois foi seu filhinho tão amado que não dera a Helena o devido valor.

Tratou de mudar seus pensamentos, não perderia seu tempo se recordando de coisas tão ruins quando tudo o que mais desejava era escrever novos capítulos de sua história.

No final da tarde, Helena convidara o trio para conhecer sua casa em Petrópolis e eles aceitaram com empolgação. Ficaram admirados com tamanho bom gosto e a vista privilegiada que tinham.

Na conversa durante o piquenique João contou que estudava veterinária e que iria se especializar em animais de grande porte, então a mais velha tratou de mostrar-lhe as belas espécimes equestres que possuíam ali.

O rapaz não hesitou em pedir para montar e Helena não só concordou como disse que também iria cavalgar. Juliana ficou com Margarida que naquele momento estava fazendo geleia e a moça tinha verdadeira paixão por esse tipo de doce.

Marcinha apenas observava a empolgação de João e Helena selando o cavalo, sentindo um misto de ciúme e covardia por não poder acompanhá-lo, mas a professora assim que ouviu sobre medo de andar a cavalo, lhe fizera um convite extremamente irrecusável.

HELENA -Não precisa ter medo criança, você confia em mim? – Perguntou, arqueando uma das sobrancelhas e um sorriso de canto de lábio – Sobe aqui na garupa e segura na minha cintura. Prometo que não vou te deixar. Vem! – Convidou lhe estendendo a mão.

Como recusar um convite como aquele e perder a oportunidade de estar mais próxima do que imaginava com a mulher que aplacara seu coração?

Trêmula, com as mãos geladas e suando frio, imbuída à uma avalanche de sentimentos, Marcinha segurou em sua mão e num impulso, sentou-se atrás dela agarrada em sua cintura.

Enquanto João galopava a toda velocidade, Helena cavalgava devagar, deixando o vento bagunçar lhe os cabelos, inebriando quem estava atrás com o cheiro suave de seu xampu, o cheiro marcante de sua pele.

UMA NOVA PAIXÃOTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang