Capítulo 45

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Desde o primeiro beijo a relação de das duas fora se tornando cada vez mais próxima, muitas vezes driblando algumas situações para se fazerem presentes uma na vida da outra.

Logo na primeira semana de férias Helena foi viajar com Lucas para Porto Alegre e Marcinha para o interior de Minas na fazenda da avó e geograficamente distantes, se falavam no celular todos os dias, sem contar as inúmeras mensagens, compartilhando fotos de suas atividades e algumas imagens a mais nova com todo carinho imprimia em sua impressora portátil para guarda-las em seu diário, compartilhando a saudade que sentiam.

Sentada em uma poltrona, debaixo de um caramanchão, em meio às orquídeas de dona Matilde, Marcinha escrevia em seu diário tudo o que sentia, já que prometera a Helena não contar para ninguém o que acontecia entre elas, em concordância de que tudo era prematuro demais e temiam prejudicar o que mal tinha começado.

Uma das músicas que ouvia em seu celular traduzia todos os seus sentimentos de uma forma tão singela...

AH SE EU ACORDASSE TODO DIA
COM O SEU BOM DIA...
ME ATRASARIA
SÓ PRA FICAR
...

Admirando cada detalhe do teu corpo, ouvindo tua respiração pesada, sentindo teu cheiro, me perderia entre teus cabelos...

SE TODA ARTE
SE INSPIRASSE EM SEUS TRAÇOS...

Não há nada do que olhe em minha órbita que não tenha um pouco do você. Consigo reconhecer teu cheiro nas flores, tua perfeição nas obras de arte, tua fluidez nas águas, tua leveza no ar...

COM VOCÊ TUDO FICA TÃO LEVE
QUE ATÉ TE LEVO
NA GARUPA DA BICICLETA

Só você Helena foi capaz de me tirar de um vazio completo, de me tirar aos poucos o peso do luto, da dor, do medo


O PRETO E BRANCO TEM COR
A VIDA TEM MAIS HUMOR
E POUCO A POUCO O VAZIO
SE COMPLETA...

Você é a personificação de todas as cores do mundo, que permeia e preenche todos os meus vazios...


QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU
PRA SOMAR...

Trazer vida para a minha vida, inspiração para acordar feliz todos os dias...

OUVI DIZER
QUE EXISTE PARAÍSO NA TERRA
E COISAS QUE EU NUNCA ENTENDI
COISAS QUE EU NUNCA ENTENDI

SÓ OUVI DIZER
QUE QUANDO ARREPIA JÁ ERA
COISAS QUE EU SÓ ENTENDI
QUANDO EU TE CONHECI

Coisas que só fizeram sentido quando passou a habitar meu coração, fazer morada em meus olhos, ser a dona de todos os meus pensamentos, responsável por todos os meus sorrisos...

X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X

MATILDE – Marcinha! Marcinha meu amor, faz horas que estou de procurando menina! O que tanto escreve nesse caderno, diário ou sei lá o que, que deixou tão distraída? - Chamou, tirando a neta de seus devaneios, quase causando um mini-infarto na pobre moça.

MARCINHA – Que susto vó! Quase me mata do coração! Não é nada demais, apenas algumas músicas e poesias.

MATILDE – Posso ler? No meu tempo de juventude adorava escrever poesias, inclusive guardo com muito carinho vários cadernos repletos de poesias de Castro Alves, Cecília Meireles, Gabriela Mistral, além de muitas autorais.

O coração de Marcinha errou de batida com aquele pedido tão inusitado e toda sem jeito negou o tão temido pedido.

MARCINHA – Acho que não escrevo tão bem quanto a senhora vó. Tenho vergonha de mostra-las, mas prometo me aprimorar.

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