Sex

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Era uma quinta feira ensolarada, a neve derretia-se lentamente ao que ela adentrara a garagem. Trajava jeans azul escuro, uma blusa branca e por cima a habitual jaqueta grossa adequada para o clima frio dali. Mirou o carro laranja, que quase a fez ficar mal humorada, caminhando até ele e adentrando pelo lado do motorista. Já não bastava ser um carro ridículo, tinha que ter marchas também. 
"O que é que eu não faço por você, James." disse baixo, dando partida no carro.
Ignorou os olhares curiosos na rua, concentrando sua atenção no porquê de estar naquele carro. Finalmente, ela o teria de volta. Os últimos quatro meses haviam sido uma verdadeira tortura. O trânsito, como de costume, estava um verdadeiro inferno e ela levou uma hora para chegar aos portões da penitenciária. Estacionou o carro, caminhando até a entrada do local e sentindo as pernas tremerem com força. Seu coração, que já estava acelerado, deu pulos de alegria ao ver o homem caminhar sorridente em sua direção. Quando deu por si, estava praticamente correndo e pulou, literalmente, no colo dele, que a beijou desesperadamente. Ouviu alguns guardas resmungarem, mas preferiu esquecer que eles estavam ali. A cena romântica lembrava outra que eles tiveram anos antes, dessa vez sem gritos e chingamentos. Separaram-se ofegantes, encostando as testas uma na outra, mantendo os olhos fechados. 
"Finalmente." disse, a apertando contra si, ela havia sentido tanta falta da voz grossa dele, do sotaque australiano que só ele conseguia fazer parecer sexy.
"Sim."
"Vamos pra casa?" sentiu a mão dele em seus cabelos.
"Vamos." desceu do colo dele, entrelaçando suas mãos.
"Minha princesa!" ouviu a voz dele ao chegarem no estacionamento e rolou os olhos. Observou as roupas simples que ele vestia, as mesmas com as quais fora preso meses antes e sorriu de lado. Ele era lindo. "Ainda bem que você a trouxe, senti saudade."
"Espero que não tenha que dirigir essa porcaria mais uma vez."
"Não fale assim dela, Em."
"Não é como se esse pedaço inútil de metal pudesse ouvir."
"Mamãe fala assim, mas te ama tá, princesa?" 
"Vamos logo antes que eu congele." se pronunciou instantes após, finalmente, conseguir engolir o nó que havia se formado em sua garganta ao ouvir aquela palavra.
O caminho até a casa foi estranhamente silencioso. O homem a segurava pela mão, sorrindo, aparentemente sem motivo algum, e seus olhos brilhavam. Emily sentiu um calor gostoso dentro do peito ao tê-lo tão próximo assim de si, esperava que ele não ficasse mais nem um minuto longe de si. Mirou a rua pela janela e, por um momento, pensou ter visto Pete. Não o via desde o episódio na boate, o que pra ela era um sinal negativo, aquilo só fazia com que ela tivesse ainda mais certeza que fizera algo de errado na última vez em que se viram. 
"Vai me apresentar a nossa casa? Eu a vi somente por foto." a voz dele a surpreendeu e percebeu que já estavam na garagem.
"Claro, mas antes deixa eu olhar pra você." tirou o cinto, virando-se para ele e tocando seu rosto.
"Olhar pra mim? No estado deplorável em que me encontro?" fechou os olhos, sorrindo.
"Cala a boca, nem se você fosse um mendigo ficaria feio."
"Eu tô mesmo parecendo um mendigo, com esse cabelo sem cortar e a barba por fazer."
"Você está lindo."
"Deus, obrigado por me dar uma mulher apaixonada e cega!"
"Idiota." eles riram.
"Vamos entrar? Temos muito o que fazer antes de anoitecer." sorriu torto pra ela.
"Eu prefiro nem perguntar o que tem em mente." 
"Daqui a pouco eu te mostro. Agora quero ver essa casa. Vamos ver se ela vale mesmo o quanto paguei." 
Ela lhe mostrou cada um dos cômodos dos sete andares da casa e observou o sorriso malicioso dele ao perceber que a piscina no andar subterrâneo era completamente isolada. Voltaram ao quarto andar, onde a suíte master ficava e ela mirou a cama nova curiosa. Era uma cama exorbitantemente grande, feita de uma madeira tão pesada que fora preciso quatro homens para colocá-la ali. Não entendia o porquê de terem comprado uma cama nova, quando a antiga estava em perfeitas condições. Nugget passou por entre as pernas dela, que o pegou no colo, fazendo-lhe um cafuné entre as orelhas. 
"Esse gato." 
"Por que é que quis comprar uma cama nova?"
"Precisamos de uma cama resistente, para não repetirmos o que aconteceu alguns anos atrás, lembra?" ele gargalhou e ela se sentiu corar ao lembrar do episódio em que quebraram a cama do hotel durante uma viagem à Dinamarca. "Não precisa ficar vermelha."
"Babaca."
"Agora o senhor Nugget vai passear por outros cômodos da casa, porque eu tenho uma promessa a cumprir." colocou o bichano do lado de fora do quarto, fechando a porta em seguida.
"Promessa?" 
"Sim, senhora Crane. Creio que prometi estrear a cama assim que voltasse pra casa."
"Ah! Essa promessa!"
"Isso, essa promessa." sussurrou no ouvido dela, que se arrepiou imediatamente.
No momento seguinte, ele havia a segurado pela cintura, levantando-a do chão. Ela gritou agudamente, ouvindo-o rir e jogá-la sobre a cama. Sentiu seu corpo forte e grande cobrir o próprio ao que ele se encaixou entre suas pernas. Os cabelos dele cheiravam a menta, deduziu que aquele era o shampoo que usava na casa de detenção, ela se agarrou nos mesmos, os puxando levemente e sorrindo quando via o homem protestar. Os lábios dele se dirigiram ao seu pescoço onde distribuiu beijos que, vez ou outra, se transformavam em leves chupões ou mordidas, fazendo com que ela suspirasse. Suas mãos foram ao jeans dela, desabotoando o mesmo com pressa e o atirando em um canto qualquer do quarto mais rápido ainda. Emily, por sua vez, teve que se controlar para não rasgar a blusa que ele vestia. Minutos mais tarde, eles eram separados apenas pela calcinha dela e a boxer branca dele. As costas do homem tinham as marcas escarlate, causadas pelas longas unhas dela, assim como os seios da mais nova tinham lá suas marcas evidentes. O barulho do plástico da embalagem de camisinha sendo aberta foi a última coisa que ela ouviu antes de ser invadida, quase que por inteiro, e com uma força exorbitante. Jay havia se esquecido do quanto gostava de tê-la assim, mal podia se concentrar no ato, devido a intensidade do que sentia. Os movimentos, lentos e fortes, faziam com que ela arranhasse com cada vez mais força seus ombros e ele temia que os mesmos sangrassem a qualquer instante. Separou-se dela, ouvindo o gemido repreendedor que a mesma deu, distribuindo beijos pela extensão de seu corpo. Sua língua passou rapidamente pela intimidade dela que, em resposta, arqueou o corpo, contorcendo os dedos dos pés, e ele virou-a de bruços. Ela estremeceu levemente, sabendo o que estava por vir, e mordeu os lábios. Jay colocou um travesseiro embaixo dela, puxando seus quadris para cima, posicionando-se atrás dela, que agarrou-se aos lençóis quase que imediatamente. A penetrou lentamente, deixando que ela se acostumasse à sensação, apertou os próprios olhos com força ao chegar à metade do caminho e disse um palavrão em voz baixa. Um gemino profundo ecoou pelo quarto vindo da mulher sob si quando ele finalmente a penetrou por inteiro. A visão de Em se tornou turva a medida que os movimentos dele ficavam mais rápidos e intensos, minutos depois eles gritavam em êxtase ao atingir o clímax. 
"Caralho." a voz baixa dele disse algum tempo depois, seu corpo ainda sobre o dela, que não tinha forças o suficiente para dizer nada. "Já volto." assumiu que ele tinha ido se livrar da camisinha e apenas assentiu fracamente com a cabeça. Ele voltou logo em seguida, deitando-se e a puxando para si. Tentava respirar normalmente enquanto ouvia as batidas do coração dele, deitada sobre seu peito.
"Amor? Você tá bem?" perguntou, passando os dedos por entre os fios negros do cabelo dela, que apenas assentiu com a cabeça. "Nossa, fiz você perder a voz, é? Assim meu ego vai às alturas."
"Engraçadinho." só então ela percebeu que sua voz estava mais rouca do que o usual.
"Estou mentindo?"
"Não, mas pare de se gabar." 
"Quero é ver você andar amanhã.
"Trabalhar vai ser uma maravilha amanhã de manhã." disse sarcasticamente, sem ver que ele havia franzido o cenho
"Por falar em trabalho –"
"Sim, arrumei a papelada da Shifter."
"Por isso é que eu te amo." 
"Obrigada. Preciso tomar um banho antes de irmos almoçar."
"Banho, é? Me parece uma boa ideia." sorriu de lado para ela, que rolou os olhos.
"Que bom, pois você vai tomar um no banheiro de hóspedes."
"Pra quê tanta maldade, Em? Você não sente pena de mim sozinho lá dentro?" ele fez uma carinha de cachorro sem dono e ela lhe deu um selinho.
"Lindo. Sentir pena até sinto, mas eu supero." sorriu, caminhando até o banheiro.
Os dois se sentaram na pequena mesa da cozinha e ela serviu a truta australiana que preparara no dia anterior, vendo-o sorrir. Ele observou a cozinha extremamente limpa e se sentiu feliz com aquilo, não suportava bagunça. A outra sentou-se a sua frente e eles começaram a comer. Se tinha uma coisa que ele não suportava, ainda menos que bagunça, eram silêncios constrangedores. Decidiu por quebrar aquele.
- Como ficaram as coisas aqui sem mim?
"Hm, bem entediantes, para ser sincera." 
"Ah é?" conteve o sorriso que teimava em se formar em seu rosto, gostava de saber que a vida dela não tinha graça sem ele.
"Sim. Todo dia a mesma coisa, acordar, ver TV, ir trabalhar, voltar pra casa e dormir. Uma hora cansa."
"Sobre o seu trabalho, está gostando?" 
"Até que sim. Para um primeiro emprego em quase dez anos, até que é bem divertido."
"Fico feliz." ele disse, não se importando em disfarçar a falsidade, mas ela apenas ignorou aquilo. Não precisavam brigar assim tão cedo.
"Tenho algo pra te contar." 
"Conte." disse, bebendo o suco de laranja.
"Recebi uma intimação." 
"Você o quê?" engasgou brevemente e ela arregalou os olhos.
"Um oficial de justiça veio aqui, poucos dias atrás, e me entregou uma intimação."
"Isso é obra daquela detetive mal comida!" bateu um dos punhos na mesa com força.
"Eles querem que eu vá lá depois de amanhã." 
"Em dois dias? Não sei se eu e Nick conseguiremos ensaiar tudo com você em tão pouco tempo. Merda." 
"Desculpa, eu teria dito antes, mas queria dizer pra você e não pro Donahue." 
"Não é culpa sua, amor, só temos que trabalhar duro nesse depoimento."
"Vou me esforçar pra não dizer nada que te ponha em enrascada." 
"Obrigada, linda." passou um dos dedos pelo rosto dela. "Sabe, eu amei essa casa. Ela é perfeita pra nós."
"É quase perfeita." disse baixo, mas ele ouviu claramente.
"Por que quase?"
"Você sabe o porquê." disse, olhando para o chão de madeira que reluzia com a luz do sol que entrava pela janela.
"Nós já tivemos essa conversa antes, Emily."
"Eu sei." 
"Não podemos ter filhos."
"Eu sei." repetiu mecanicamente, mordendo o lábio inferior e se forçando a engolir as lágrimas que surgiram em seus olhos quase que automaticamente.
"Me desculpa." 
"Não é culpa sua, a culpa é minha." 
"Talvez você devesse ter escolhido um marido melhor." ela abriu e fechou a boca algumas vezes, antes de jogar o guardanapo sobre a mesa e sair em direção à escada. "Em, espera!" ouviu a voz alta a chamar ao que subia os degraus rumo ao quarto de hóspedes. Ao chegar nesse, trancou a porta atrás de si e sentou-se sobre a cama, agarrando uma das almofadas e deixando que as lágrimas rolassem por seu rosto. Não se arrependia de ter se casado com ele, claro que não, mas apenas não conseguia entender sua insistência em não ter filhos. Para uma mulher tão jovem como ela era quase que impossível aceitar aquilo.
"Em, abre a porta." ouviu a voz abafada dele do lado de fora do quarto, mas não respondeu. Minutos depois a porta destrancou-se e ele caminhou em sua direção de braços abertos. 
"Sai daqui." disse com a voz embargada quando ele tentou lhe abraçar.
"Como é que eu vou sair e te deixar aqui assim? Como poderia ficar em paz sabendo que a pessoa que eu mais amo no mundo está sofrendo por minha causa?" a pegou no colo, mesmo que ela não quisesse, e acariciou o seu cabelo.
"Eu já disse que a culpa é minha, não por ter te escolhido, mas por ser uma garota idiota que não consegue entender uma coisa tão simples como essa." 
"Nós dois sabemos que não é simples, mas com o tempo você vai se acostumar."
"Como você se acostumou?"
"Eu só não penso nisso, nunca pensei." ela abriu a boca para dizer algo, mas manteve-se em silêncio. Nunca se acostumaria com aquilo. Nunca.

Arcana - LEIAM A DESCRIÇÃO Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin