Undecim

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"Doutor Haner." disse abrindo a porta para o homem de cabelos grisalhos.
"Senhora Crane." 
"Oh, por favor, senhora é demais. Me chame de Emily." 
"Sempre me esqueço dessa parte." doutor Haner era o médico de confiança que Jay avia arranjado na cidade para cuidar de problemas ‘gerais’, diferente de Hudson que cuidava de balas e acidentes inexplicáveis. Ele era também o responsável pelo anticoncepcional da mulher e, provavelmente, estava ali a pedido do dono da casa para reaplicar a injeção que havia vencido. "Está preparada para a sua injeção?" sorriu quando eles entraram na sala.
"Sobre isso. Será que poderíamos conversar?" 
"Sim, claro."
"Sente-se por favor." ela se sentou no sofá oposto à ele "Eu gostaria de utilizar um outro método contraceptivo."
"Já tem algo em mente? E, se não for muita indelicadeza, posso saber o porquê?" 
"Claro." ‘que não’ ela pensou antes de mentir "Eu pensei em usar o adesivo. De uns tempos pra cá ando um pouco deprimida e sem apetite, creio que estes sejam efeitos colaterais das injeções."
"Você vem as tomando há quanto tempo?"
"Quase seis anos." 
"E isso só começou a acontecer agora?" a droga de médico não poderia apenas concordar com ela logo?
"Não, aconteceu antes também. Só que eu não havia pensado que as injeções fossem a causa disso até ficar sem tomar uma dose nesses últimos três meses." 
"Certo. Bem, posso receitar o adesivo assim que checar na sua ficha se você tem os pré-requisitos para usá-lo. Sabe que existem efeitos colaterais para este também, certo?" ela arqueou a sobrancelha "Você pode ter sangramento entre os seus ciclos, tem também a mastalgia, náusea e vômito. Tem certeza que é isso mesmo que quer?"
"Absoluta." sorriu levemente.
"Então está praticamente feito."
"Ótimo. Posso pedir um favor?"
"Certamente."
"Se meu marido entrar em contato para perguntar o porquê da minha mudança, pode manter o que conversamos em sigilo? Não quero que ele se preocupe agora que o problema já foi resolvido." mordeu o canto dos lábios
"Sim, como não, mas por favor me informe de qualquer efeito colateral ou caso o sentimento de depressão retorne."
"Pode deixar." ambos se levantaram e ela apertou a mão dele antes de deixá-lo sair pela porta
Sentou-se na cama com sua agenda em mãos olhando pro nada e pensando se havia tomado a decisão certa. Depois do ataque de Jay, as coisas voltaram relativamente ao normal, mas ainda assim tinha suas dúvidas. Sabia que mesmo que não gostasse de admitir, a relação dos dois era praticamente um ciclo vicioso. Se pegou escrevendo cada etapa deste no caderno à sua frente.

Eu peço desculpas

As coisas voltam ao normal


Cometo um erro

Explosão

Voltamos ao item número um


Olhar praquela lista fazia seu coração doer. Será que estava mesmo sendo tão idiota? Ou será que, na verdade, era a culpada daquilo tudo? Sua incapacidade de consertar os danos no seu casamento e de fazer com que o homem confiasse mais nela estavam estragando tudo. Burra. Se sentia angustiada e confusa, ela havia ameaçado ir embora, mas será que estaria preparada pra quando fosse a vez dele partir? Sentia que estava andando sobre cascas de ovos, tinha que começar a tomar cuidado com as próprias ações e palavra ou definitivamente o perderia. Aquela ideia não soava nada boa em sua mente. Por que é que as coisas tinham se tornado tão complicadas? Deus, era tão mais fácil nove anos atrás quando a maior preocupação dos dois era não serem pegos no flagra. 
Emily desejou ter dezesseis anos novamente. Em partes. Naquela idade ainda estava sofrendo na mão daqueles que a deveriam proteger, essa era a pior parte de tudo, mas fugir pela janela do quarto às escuras com Jay compensava. A expressão de ódio no rosto dele ao que ela tirava a roupa doía e a confortava ao mesmo tempo. Era tão grata por tê-lo em sua vida. Desenhava involuntáriamente numa nova página da agenda quando ouviu a porta bater e alguém subir as escadas assobiando feliz. Sorriu levemente quando ele entrou no quarto, se jogando sobre a cama e lhe beijando os joelhos descobertos.

"Oi." 
"Oi pra você também. Por que está tão alegre?"
"Porque estava pensando em você." passou a mão pelos cabelos dela
"Assim eu me derreto toda." 
"Isso pode ser uma vantagem pra mim." seus dedos subiram pela perna dela
"Como foi no trabalho?" parou a mão dele
"Bem." suspirou cansado "O de sempre." 
"Nós não vamos fazer isso." disse quando ele tentou mover a mão pra perto demais de sua virilha
"Por quê? Em fazem, tipo, cinco dias. Cinco dias." o tom de voz dele era desesperado
"Eu não quero." depois do incidente, tinha decidido tomar as rédeas da situação e falar o que queria ou não queria mais vezes.
"Amor, você tá doente?"
"Só porque eu não quero transar tenho que estar doente?" eles riram
"Não, é só que…você meio que sempre quer. "
"E hoje eu não estou afim." 
"Okay, certo, eu não vou colocar a mão em você." rolou os olhos "Será que você poderia me ajudar, então?" arqueou uma sobrancelha esperançoso
"Eu posso te dar uma mão. Literalmente."
"Não era bem o que eu estava esperando, mas já dá pro gasto." desabotoou os jeans, jogando-os junto com suas boxers do outro lado do quarto e se deitou na cama. Emily sentou-se sobre suas coxas, sorrindo pra ele que colocou as mãos ao lado do corpo e a olhou apreensivo. A mão dela o envolveu devagar, fazendo movimentos leves e dolorosamente lentos. Teve uma sensação de dèja vu ao vê-la assim, lembrando-se de quando ela era tímida demais para tocá-lo daquela maneira e sorriu. A mulher o apertou com mais força, acelerando gradativamente a fricção e aproximou seus lábios dos dele o beijando. ‘Lembre-se de que é só uma punheta, Emily’ disse mentalmente. Os gemidos dele o impediam de concentrar-se completamente ao beijo, suas mãos instintivamente foram para as coxas dela e as apertaram com força. Como ele queria jogá-la naquele maldito colchão e ignorar o pedido feito minutos atrás. Jay não era idiota. Havia chegado perto demais de ser rejeitado para jogar tudo pro ar por causa de uma transa. Ele poderia transar com outra, mas ela era a única esposa que planejava ter. Em se sentiu ficar excitada com aquilo. Droga. Teria que dar um jeito no próprio problema mais tarde, mas não deu o braço à torcer. Os movimentos frenéticos continuaram por mais algum tempo até que ele a apertou com força contra o próprio corpo e ela sentiu um jato acidental lhe atingir o queixo. 
"E-eu posso viver com isso." mentiu passando os dedos pelo queixo dela que sorriu antes de deitar-se ao seu lado
"Disponha." 
"Haner veio aqui hoje?" deitou a cabeça sobre o estômago dela que agora mexia em seu tablet
"Sim. Ele me disse que vai ter que mudar o remédio que eu tomo." tentou soar o mais normal possível
"Ah é?" a voz dele parecia curiosa
"Sim."
"O que aconteceu?"
"Ele não me explicou direito, tem algo a ver com o meu sistema imunológico eu acho."
"E ele já te deu alguma outra coisa?" abraçou as coxas dela
"Ainda não, vai me prescrever um adesivo."
"Que bom que não fizemos nada hoje. Vou ter que anotar esse negócio de adesivo no meu celular pra você não se esquecer." assim como ela havia propositalmente se ‘esquecido’ de tomar a pílula anos atrás
"Aham."
"O que nós vamos fazer hoje à noite?" virou o rosto pra ela que tentou ignorar a maneira que sua barba roçou perto demais de seu baixo ventre
"Não sei, o que tinha em mente?"
"Podemos assistir um filme?" lá foi a barba novamente
"T-tá bom." 
"A não ser que você tenha outra coisa em mente?" seus dedos fizeram desenhos sobre a coxa direita dela
"Eu já te disse que isso não."
"Não estava planejando fazer o que pensava. Só achei que poderia te dar uma mão, já que você foi tão generosa comigo." beijou o pescoço dela "O que me diz?"
"Só uma mão?"
"E talvez uma língua. Fora isso mais nada." sussurrou em seu ouvido vendo-a estremecer
"Tudo bem." antes que terminasse a frase, ele já havia levantado sua saia e se colocado entre as pernas dela. Rasgou, literalmente, sua calcinha jogando o pouco pano que restou no chão. As mãos grandes dele ajeitaram seus quadris, colocando uma de suas coxas sobre o ombro dele. Emily se ouviu gemer quando sentiu a respiração do homem perto demais do seu clitóris. O dedo do meio a invadiu, curvando-se rapidamente dentro dela, enquanto o dedão se encarregou de fazer pressão da maneira certa contra o ponto de prazer. Ela se pegou agarrando a colcha da cama e arqueando o corpo significantemente. Outro dedo se juntou ao primeiro, ambos movendo-se em sincronia com o dedão e ela sentiu a barba rala dele no interior de sua coxa ao que ele lhe beijava a virilha. Os beijos viraram chupões que se aproximavam a cada segundo mais do centro de seu corpo e, quando atingiram seu destino, ela gritou. A língua quente dele substituiu os dedos, lambendo-a por toda sua extensão e ameaçando a penetrar. A mão dela, inconscientemente, foi de encontro aos cabelos do homem tentando dizer sem palavras o que ela queria que acontecesse. Ele a colocou por baixo do corpo dela que gemeu frustrada. Se tinha uma coisa que o marido sabia fazer direito, além de sexo, era sexo oral. A maneira como usava os lábios e a língua a estavam levando à loucura, o dedão de uma mão continuava a massagear o clitóris enquanto os dedos da outra mão faziam carinhos sobre o desenho no topo de uma das pernas. Começou a lhe dar mordidinhas, enquanto seu dedo moveu-se mais para baixo, penetrando a parte favorita de seu pênis no corpo dela. Em estava, quase que literalmente, vendo estrelas. Gritava palavras desconexas, tentando não dizer o que ela realmente queria que ele fizesse. A língua voltou a lhe penetrar, enquanto esta entrava o dedo saía ou vice e versa, seus olhos viraram-se e ele a sentiu apertar com força antes de sentir o líquido dela sobre sua língua. A limpou, sorrindo pra ela que o puxou e lhe beijou de forma selvagem antes de separar os corpos para evitar uma tragédia. 
"Isso foi intenso." 
"Sim." respondeu ainda ofegante
"Quer ir comigo fazer a minha tatuagem amanhã?" 
"Que tatuagem?" não tinha forças para abrir os olhos
"No braço, não lembra que eu queria fazer uma há um tempão?" colocou a coxa dela sobre seu corpo apoiando uma das mãos perto demais da bunda dela
"Ah. Pensei que não tinha se decidido."
"Você vai querer ir?" beijou a mandíbula dela
"Quantas horas?" 
"Oito e meia."
"Da manhã? Eu tenho que trabalhar."
"Não, à noite. Nós vamos ter que ficar lá por um tempo, não vai dar pra fazer tudo de uma vez só."
"Tá bom." sorriu sentindo a ponta do nariz dele em seu pescoço
"Você poderia fazer outra…"
"Ainda não." ela não era muito fã do desenho que tinha, teria que pensar bastante antes de fazer outro
"Tenho que retocar a minha." os olhos dela viraram-se para a perna esquerda dele, onde seu rosto permanecia marcado para sempre e ela sorriu brevemente
"Tô com sono." 
"Podemos tirar um cochilo antes do jantar." a abraçou com força 
"Eu apoio." 

Arcana - LEIAM A DESCRIÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora