01. A Fuga

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- Cara eu não aguento mais você! - Grito com muita raiva. Queria pegar tudo que é meu e me mandar daqui, mas isso não será possível agora.

- Eu quero ver o que você vai fazer - O demônio em pessoa debochou, rindo. É nessas horas que eu queria bater nesse jumento, espancar ele e tudo. Mas eu não posso, ele é mil vezes mais forte que eu. Isso é óbvio, só olhar para os braços dele e o peitoral ridiculamente musculosos.

- Eu te odeio com todas as minhas forças Scott - sussurrei, meu braço doía muito - Idiota. - Eu fiz menção de sentar na cadeira perto de mim, mas ele segurou meus braços bem forte impedindo de me sentar. Que saco, vai começar tudo de novo.

- Você depende de mim pra viver, acha que alguém vai querer uma imprestável dentro de casa? - Com suas mãos sujas toca o meu rosto e logo depois me dá um tapa. Meu rosto já não arde mais, acostumado com tantas tapas e até piores do que este, durante esses dois anos.

- Se você não fosse tão gostosa assim - Ele passa sua mão mais uma vez em meus lábios. Seu olhar me dá nojo, desde a primeira vez que ele me olhou assim. Eu não quero mais essa vida. Jesus me ajude! - Você não estaria mais viva, e sabe disso.

Depois dele se satisfazer me libera para o meu quarto, finalmente. Me sinto suja, tanto por dentro quanto por fora. Na verdade, me sinto suja todos os dias, seja com ou sem ele querendo se satisfazer. É horrível está sensação de imunda, e mesmo que eu queira mudar essa situação, não é só eu que preciso tomar uma iniciativa.

Corro o mais depressa para o banheiro trancando a porta, ligo o chuveiro permitindo que a água molhe cada parte do meu corpo. Pego a bucha e passo pelo corpo com força afim de tirar a sujeira. Estou quase arrancando a minha pele, então paro e respiro, a água continua caindo sobre o meu corpo. A minha raiva era tanta que eu não havia percebido a merda que estava prestes a fazer.

Termino o meu banho super exausta e saio do banheiro, corro pro meu quarto na velocidade da luz. O banheiro é separado do quarto, não sei por qual motivo.

Eu não tenho celular nem direito de fazer ligações, nem mesmo assistir qualquer coisa na TV. Tudo isso faz dois anos, já tentei fugir mas todas as vezes ele me pega ou simplesmente acordo ele e é sempre a mesma punição. Me machucar até ele cansar. E ele não é um homem que se cansa fácil, o problema todo é esse.

Hoje é mais um dia de cuidado. Passo o meu creme nas manchas atuais e antigas, nas feridas e finalizo passando no pescoço. Não passo no pescoço por que tem algo, mas por que eu amo o cheiro do creme e me deixa mais tranquila pra dormir. Scott por mais agressivo que seja, nunca chegou a pegar no meu pescoço. Agradeço a Deus por isso.

- Mais uma noite...

Mas se tudo der certo eu com certeza dormirei mais tranquila. Passei os últimos seis meses juntando o dinheiro que ele me dá, e eu sinceramente não sei o porquê ele me dá, sendo que ele já compra tudo que eu preciso, mais uma coisa que eu não consigo entender. Não sei se é por que eu sou responsabilidade dele e sabe que eu preciso das minhas coisas para higiene. Mas como não sou boba, pego o dinheiro e coloco-o atrás do guarda-roupa.

Mas ele não me dá tanto, de tudo que eu juntei tem apenas duzentos reais. Isso já serve para eu comprar um salgado na rua e tentar pegar um quarto em hotel barato. O que será difícil já que nunca fui muito longe e acredito que não existam quartos de cem reais ou menos.

- Será mesmo que não existe quarto barato? Nem que seja um cubículo sem nada. Se estiver bem longe de Scott, tá ótimo! - Falo comigo mesma indo para a cama, deitar.

Agora são seis horas da noite, ele saiu e provavelmente irá para o bar. Hoje é sexta-feira, então chegará muito tarde e super bêbado. Minha sorte é que ele nunca tem força para me violar, chega tão chapado que esquece de mim e me deixa em paz. O único dia em que posso dormir um pouco melhor.

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