Tomada dois

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Jenini Ramiro era o nome do mercado naquele momento, ele fazia umas roupas diferentonas, eu estava com 18 anos naquela altura, era 1988.

No dia do teste, quando caminhei pude ver Jenini completamente extasiado, ele disse: essa é a garota!

Eu me senti especial.

No dia do desfile porém algo aconteceu, meus sapatos sumiram, eu fiquei desesperada, eu não podia perder aquela chance!

Se estragasse tudo era meu fim.

Comecei entrar em pânico, Jenini tinha dito "essa é a garota", eu precisava ser ela.

Eu sabia que alguma das meninas tinha feito aquilo, esse meio é bem sujo, mas sabe se lá o que aconteceu e me veio um estalo.

Fui correndo atrás do staliyst, eu tinha um minuto antes de entrar naquela passarela. Contei tudo. Ele ficou deseperado. Mas então eu disse "me arranja uns colares, que seja"

Ele arranjou, amarrei aquilo nos pés, minhas unhas estavam pintadas de um amarelo bem vibrante, e entrei na passarela na ponta do pé, com toda confiança do mundo, eu fiz a caminhada da minha vida. Meus peitos balançavam naquele vestido curto e mais decotado que qualquer um que você tenha visto na vida.

Todos estavam extasiados com aquela menina.

Eu também.

No dia seguinte não se falava em outra coisa, apenas na garota descalça de unhas amarelas vibrantes. A menina da caminhada confiante mesmo descalça. A menina que tinha presença e esbanjava confiança.

A verdade é que não era bem assim... eu não tinha toda aquela confiança, mas meu medo de fracassar foi como um combustível.

Jenini me ligou e disse "você era o que faltava na minha marca"

A partir daquele dia nunca mais eu fiquei sem um trabalho.

E ah eu também dispensei o Andrew.

Ele ficou bem puto mas eu apenas dei de ombros e disse "você mesmo disse antes do casting do Jenini que eu não devia servir pra esse mundo"

E ele tinha dito mesmo, um dia antes quando reclamei que as coisas não estavam dando certo, ele disse que eu era uma incompetente incapaz. Que ele era excelente e que a culpa só devia ser minha! Não tinha que falar merda pra ele e também disse que talvez eu devesse dormir com alguém pra conseguir alguma coisa.

Eu só não dei na cara dele aquela noite porque tinha medo de ficar sem agente. Era difícil com ele, imagina sem.

Eu chorei a noite toda mas acho que aquilo foi o gás do qual precisava pra arrasar.

Antes de sair do escritório dele dei um tapa na cara dele e falei: "saiba que pra mim você nunca foi nada além da porra de um degrau"

Já que Nova York inteira estava falando que eu era confiante precisava provar aquilo!

Simplesmente Caterina Onde as histórias ganham vida. Descobre agora