Tão nova, inocente, eu sabia um pouco do que os adultos faziam, mas não imaginava o que podia acontecer comigo, com a gente
Ele dizia é só uma brincadeirinha, não vai doer, mas quando começou eu só queria que parasse, não sei o que me deu, minhas pernas, tudo em mim doía
Eu tentei gritar, mas ele dizia:
- Silêncio eu estou quase lá, aguenta, sei que você está a gostar
Mas eu só sentia nojo, dor e queria pararNo final ele mandou eu me limpar, disse para eu não falar pra ninguém, se não eu poderia me ferrar, eu tinha medo, e chorava, e ele me olhava e dizia, deixa disso se não vou dar motivo pra você chorar
Eu tinha tanto medo e acabava deixando rolar, mas eu mudei tanto, me isolava e até brigava se alguém ousasse me tocar, eu pensei que alguém iria entender e iria me salvar
Mas aqui e ali, eu sofria, em silêncio deixando acontecer, sentia nojo, eu só queria morrer
Um dia então eu falei, disse tudo para minha mãe, mas ela me bateu, disse para eu esquecer e deixar pra lá, que eu era uma péssima filha e que eu deveria deixar de mentir
Perdi o chão, perdi tudo, e pior ele ficou sabendo e dali em diante além do ato eu apanhava, para todos ali eu era uma vagabunda, um lixo a ser executada
Quando finalmente descobriram, me pediram desculpas, eu chorei, e não acreditei, no dia seguinte queria que eu esquecesse mas eu já não era a mesma, e ainda agora não me escutam, só planejam e acham que sabem de tudo
Poeta: Amauri Lima
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Poemas Obscuros
PoetryUm resignificado para tantos que no escuro, abordando várias palavras e dando novo significado a elas, mostrando uma visão diferente do que escuro, da noite, do que se tem medo, do diferente, tudo em forma de poesia. Uma visão particular minha, que...