[f(33) = 4x - 99] Te prometo

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Respirem fundo.

🔮

— Eu amo você.

Três vezes.

— Eu te amo, Jungkook. Me perdoa. Eu amo você.

Quatro, cinco.

Cinco vezes, em um só abraço, Jimin confessou que me ama.

Eu em meu silêncio, diante de seu choro já também silenciado, continuo segurando-o perto. Ele, continua dizendo que me ama e que sente muito.

Mesmo diante de minha reação, ele ainda parece com tanto medo. Suas mãos, pequenas e firmes, dessa vez me seguram pelo moletom não com a segurança de sempre, mas com desespero.

— Ji... — Insisto, deslizando minha palma em suas costas. — Se acalma...

Meu pedido parece ter o efeito oposto. Ele me abraça mais forte, enterra o rosto em meu pescoço e contra ele respira de maneira pesada e tortuosa quando também o seguro com mais força.

— Eu entendo, Ji — E garanto, além de tudo. — Eu entendo por que você teve medo de me contar. Talvez tenha sido melhor não dizer antes, eu podia mesmo reagir mal. Mas não agora, Jimin-ssi.

Por que ele não relaxa?

Por que não adianta nada do que digo?

— Eu não quero que você me odeie, amor...

Por que nada que digo tira dele a ideia de que eu posso voltar a odiá-lo?

— É impossível. — Em voz alta, deixo claro. — Eu te juro, Jimin. Nesse universo, até falhas na linha do tempo são possíveis. Mas eu voltar a te odiar, não. Isso não vai acontecer.

Ele não me solta, nada diz.

— Entendeu, gracinha? — E questiono, mais uma vez chamando-o assim.

Assim como da primeira, o faço para tentar arrancar um riso seu, fazer ele se sentir um pouco melhor.

Porque é isso que me tornei. Um completo viciado no sorriso de Jimin.

Serotonina é o hormônio da felicidade e sua felicidade é serotonina para mim.

Nesse momento, é isso que ele deveria sentir. Alívio, felicidade, amor. No entanto, ser tão falho em compreender sentimentos me traz, ao menos, uma vantagem.

Aceitar que os sentimentos alheios estão além de meu entendimento me permite aceitar e entender, também, que sentimos de maneiras complexas demais para padronizarmos o que deve ser sentido.

Assim, facilmente entendo que alívio e felicidade é o que eu gostaria que ele sentisse, o que eu provavelmente sentiria, e não algo que ele deva sentir.

Antes que as próximas palavras e as próximas emoções sejam verbalizadas, no entanto, meu olhar se atenta a algo a além. A um corpo miúdo de tristeza e derrota descendo as escadas, abraçado à própria mochila, com os olhos grandes e escuros ainda com registros do choro recente.

Oh, cacete.

Junghee, meu deus.

— Hyung, desculpa — Ele diz, sem parar muito perto, até sem me olhar direito. — Mas a gente pode ir pra casa? Por favor...

— Claro que sim, moleque. — Eu respondo, rápido, ainda segurando a cabeça de Jimin contra meu corpo para que um não veja o choro do outro. — Só vou pegar minhas coisas e nós vamos, beleza?

— Tá. Obrigado.

Eu demoro mais um instante de atenção sobre meu irmão antes de beijar a cabeça de Jimin escondida em mim e afastá-lo suavemente. Com a visão de encontro ao rosto sôfrego, eu deslizo meus polegares sobre as bochechas, secando cada lágrima antes de secá-las também em seus olhos, presas aos cílios curtos, e enfim beijar sua testa.

CEM CHANCES • jjk + pjmWhere stories live. Discover now