[f(41) = 5x - 164] Acima da dor

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Cada vez mais perto do fim ):

P.S.: aviso importante nas notas finais! <3

🔮

Seu pai ou Jimin. Escolha.

Está escuro, solitário e silencioso, com apenas a voz silenciosa ecoando em minha mente.

Salvar seu pai ou salvar Jimin? Escolha, Jungkook.

Eu não consigo respirar. O ar parece esmagar meus pulmões e a voz não se cala, esmagando também a minha consciência dolorida.

Escolha quem você vai salvar e aceite as consequências.

Escolha. Escolha. Escolha.

A palavra se repete como uma tortura cruel, distanciando-se, mas nunca perdendo a força do efeito que causa em mim até o momento em que meu peito se expande com um grande volume de ar e meus olhos se abrem bruscamente, arregalados e assustados assim como está o meu coração, que bate acelerado.

Preciso de longos minutos para olhar ao redor, ainda sem me mover sobre a cama de solteiro. Sinto meus batimentos continuamente desarranjados, tão desordenados quanto a bancada de estudos na qual pouso minha atenção, do outro lado do quarto.

Movendo apenas meus olhos, eu continuo observando o cenário.

O uniforme da escola pendurado no encosto da cadeira; o livro de geografia caído ao lado da mochila; o punhado de roupas limpas, mas ainda não dobradas, amontoadas sobre meus livros e cadernos do ensino médio.

Eu estou no meu quarto. É definitivamente o meu quarto.

Lentamente, cheio de medo, eu fico sentado. Em seguida, jogo o lençol para o lado e fico de pé.

Não parece haver qualquer som ao redor além de minha própria respiração inconstante e inconsistente, em nível de pânico.

A cortina fechada me impede de ver o lado de fora, mas permite que feixes de luz invadam o quarto, interrompendo a penumbra o suficiente para que eu enxergue o meu reflexo no espelho da porta do armário aberta.

Não há sequer uma tatuagem em minha pele.

Meu cabelo está mais curto; meu corpo, menor.

No reflexo, eu me vejo usando a minha antiga blusa do Dead Kennedys, que passou a ser usada como pijama desde que ficou permanentemente manchada com tinta de parede e, mais tarde, foi aposentada por não caber mais em meu corpo.

Este sou eu. Este é meu quarto.

E isto é o passado.

Eu consegui voltar?

Isto é três anos atrás, quando...

— Ga-eul, meu mulherão, esse uniforme fica lindo em você! Tudo fica lindo em você, meu deus, é a mulher mais bonita do mundo!

— Pai... — Eu chamo, desesperado, assim que reconheço a voz.

Reconheço, também, as palavras exageradas que ele dizia quase todos os dias para minha mãe, e meus pés parecem criar vida própria quando me guiam para fora do quarto, pelo corredor, até a sala de estar.

— Pai... — Chamo novamente, com a visão se tornando embaçada sob as lágrimas que surgem violentamente.

Ele está aqui, abraçando minha mãe pelas costas, enchendo-a de elogios matinais enquanto ela, com o mau humor de sempre, tenta afastá-lo, mas falha nisso e em conter o riso.

CEM CHANCES • jjk + pjmWhere stories live. Discover now