Capítulo 1.

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Estou mais atrasada do que o normal, cheguei cinco minutos atrasada no metrô e foi praticamente impossível embarcar. Assim que saí da estação praticamente corri para o escritório, dessa vez eu tenho certeza que meu chefe me mataria, corri para dentro da minha sala e me joguei na cadeira, olhei para o relógio.

8:20

Não foi tão ruim quanto eu imaginei. Liguei o computador e esperei ele ter a boa vontade de funcionar.

“Vinte minutos atrasada, Eduarda, na próxima vez não precisa nem aparecer” Fábio diz entrando em minha sala, ele era alto, olhos claros, o cabelo castanho claro estava sempre arrumado, com o penteado para cima, resumindo ele era lindo por fora, mas a encarnação do capeta por dentro, ele era realmente insuportável no trabalho.

“Ah, vamos lá, dá um tempo”.

“Não tolero atrasos, Maria Eduarda” ele fala sério, meu Deus, qual o problema dele? O que são vinte minutos comparados às oito horas diárias que temos que cumprir?

“Tudo bem, faro... Sr. Medeiros.”

“Espero o balanço do mês no final da manhã, Duda” ele fala meu apelido. “Vá trabalhar, não esqueça, estou aguardando” ele fechou a porta da minha sala e meu computador ainda não tinha ligado completamente.

“E eu preciso de um computador novo” gritei para ele, estava praticamente impossível trabalhar, o meu computador era daqueles do tempo de mil novecentos e vovó mocinha, a única coisa que tinha mudado era o monitor – pelo menos isso.

Ele teve coragem de rir, eu realmente o odiava, mas só das oito às dezoitos. Passei a manhã toda terminando o balanço patrimonial de um ricaço de São Paulo, como era possível uma pessoa ter tanto dinheiro? Bem que eles podiam dividir comigo, eu não acharia nada ruim, ficaria muito feliz, afinal, eu sou uma das responsáveis de organizar suas contas.

Consegui terminar e mandei tudo por e-mail para Fábio – meu chefe –, meu trabalho já estava praticamente todo adiantado, eu sempre ficava até altas horas, isso ele não elogiava.

“Vamos almoçar, chefinho” disse para ele quando abri a porta da sua sala, ele estava falando ao celular e pela cara dele o encontro já tinha hora e local marcado – sortudo –, já fazia mais de um mês que tinha saído para um encontro, e mesmo assim, foi uma das piores experiências que tive, o cara só sabia falar dele e ele nem era tão bonito assim ainda queria me levar para um segundo encontro, quando me pediu o número de celular passei o número da novata chata do escritório.

“Espero que seu balancete esteja pronto, Eduarda” Fábio diz.

“Já está no seu e-mail, se o Sr. não estivesse marcando encontros na hora do expediente saberia” falei com deboche, já perdi as contas de quantas vezes ele já me pegou no flagra usando o celular quando deveria estar trabalhando.

“Ainda sou seu chefe, Eduarda, então não abusa da minha boa vontade posso demitir você”.

“Você não faria isso, você iria morrer de saudade de mim, agora vamos, estou com fome” ele se levantou e me acompanhou, sempre recebíamos olhares quando almoçávamos juntos, ele ignorava completamente e na maioria das vezes eu também.

Nos conhecemos na época da escola, estudamos juntos no interior, sempre foi muito esforçado, não pensou muito em se mudar para São Paulo para fazer faculdade, quando resolvi vir para a capital ele me ajudou a conseguir o emprego e hoje graças ao seu talento ele é o chefe do departamento, somos um dos maiores escritórios de contabilidade de país, administramos as contas da alta sociedade brasileira, Fábio era responsável pelos clientes de São Paulo e do Rio de Janeiro, com seu charme e sua inteligência ele era imbatível.

Amor Real (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora