Capítulo 4.

23.3K 1.4K 170
                                    

Droga! Minha busca pela Mãe de Santo estava indo de mal a pior, comecei a procurar pelo clássico dos clássicos, os classificados.

Pedi emprestado o jornal que Juliana sempre comprava, ela achou estranho, eu nunca lia jornal, tudo que eu queria saber lia na internet.

“Para que você quer o jornal?” ela perguntou desconfiada, pensei numa resposta rápida e acabei falando o que não devia.

“Estou precisando de um garoto de programa.”

“Oi? Garoto de programa?” Isso saiu estranho, eu admito então logo inventei uma desculpa.

“Para uma despedida de solteira, minha irmã do interior vem para cá, ela se casará em breve, eu sou a encarregada pela despedida de solteira dela.”

“Não sabia que você tinha irmã.” Pois é, nem eu sabia. Sou filha única.

“Obrigada pelo jornal, daqui a pouco eu devolvo” falei e voltei para minha sala, mas não antes de ouvir Ju falando que queria ser convidada para a festa, era isso que eu precisava – só que não.

Comecei a minha procurar, encontrei inúmeros anúncios, bem uma coisa eu descobri era um negócio bem vasto, os anúncios eram assim:

Mãe Soraya, trago seu amor de volta em três dias.

Mãe Clenilda, trago seu amor de volta com segurança e garantia, amarração, afasto rival, faço magias e afasto mal olhado.

Pai José, amarração amorosa, simpatias para o amor, emprego e saúde.

Basicamente todos traziam o amor de volta, grifei a primeira, afinal ela prometia trazer o amor de volta em três dias e eu suspeito que o Leo esteja com pressa, depois comecei a olhar no Fecebook e outras redes sociais, no final eu estava com uma pequena lista com três nomes, um deles prometia afastar espíritos perseguidores, não achava que esse fosse o caso, Leo queria apenas uma ajuda, mas resolvi guardar o número, só que não custa nada prevenir.

Comecei ligando para a primeira, a Mãe Soraya, que me explicou como funcionava e o valor que ela cobrava. Quase morri de susto a mulher cobrava trezentos reais por meia hora de consulta! Agradeci e liguei para a segunda da lista, ela falou basicamente a mesma coisa, mas disse que me dava um passe de ‘brinde’, fala sério, eu adorei isso, o preço era um pouco melhor, mas ainda sim muito caro para o meu padrão. Depois de ligar para uma lista de mais ou menos dez nomes eu descobri que era caro demais ter uma ‘consulta’, sério, algumas delas ganhavam mais que eu – isso não é muita vantagem, diga-se de passagem –, mas enfim, peguei minha agenda e fiz uma anotação:

Verificar emprego de mãe de santo.

“Espero que você tenha trabalhado” Fábio disse quando entrou na minha sala, eu tinha perdido a noção do tempo e quando olhei já eram quase meio dia, droga, passei quase toda a manhã procurando mães de santo e ligando para elas.

“Claro, eu estou terminando um balancete e até o meio da tarde eu te mando” eu já tinha começado a fazer esse balancete na sexta feira passada, faltavam apenas alguns detalhes. “Vamos almoçar juntos ou você tem planos?”

“Podemos ir juntos, você resolveu a situação com o estranho que te manda e-mails?” ele perguntou e vi que estava realmente interessado.

“Estou resolvendo, você sabia que até uma mãe de santo ganha mais que eu?” falei e ele riu. “Estou falando sério, eu liguei para algumas e o preço que elas cobram não é de Deus.”

“O que não é de Deus é você, mulher, vamos almoçar” ele falou rindo.

Peguei minha bolsa e saímos para o almoço, encontramos Ju no elevador.

Amor Real (Degustação)Where stories live. Discover now