Tattoo

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Alguns dias se passaram desde que Zulema ficara propositalmente offline sem se despedir de Macarena, mas agora a morena estava sentindo um leve arrependimento. Como ainda tinha o contato salvo de Maca no MSN pensou que seria bom tentar falar com ela depois da meia noite, inventaria alguma desculpa pelo ocorrido torcendo para a outra acreditasse... 'Espero que ela esteja online mais tarde.' pensa a garota se levantando da cama cedo e se aprontando para resolver algumas coisas. Ela chega perto de Saray, que ainda não saiu para trabalhar, para perguntar:

- Me empresta um dinheiro? Te pago semana que vem assim que receber o meu primeiro salário.

Vargas observa a filha que está pronta para sair de casa. A garota usava um short curto de jeans, botas, e uma camiseta branca tamanho GG que ficava bastante folgada em seu corpo, na parte da frente tinha uma serigrafia da banda brasileira 'Mamonas Assassinas' que já não gravava mais discos ou CDs... Pois todos os integrantes haviam falecido em um trágico acidente no ano de 1996. A cigana agora olha para sua filha de cima abaixo um tanto desconfiada e fala:

- É pra comprar cigarro, né? Não está conseguindo parar de fumar como havia me dito que tentaria...

- Eu liguei o foda-se pra isso.

- Dá pra perceber.

- Mas o dinheiro na verdade é para fazer uma tattoo.

Confiando de que a filha vai pagar mesmo, assim que receber de seu patrão, Saray vai até seu quarto pegando algumas notas que guardava embaixo da cama. Lhe entrega em mãos e quando Zulema já está na porta ela fala:

- Esqueceu seu discman.

A jovem dá meia volta correndo para o quarto, escolhe um CD para ouvir no caminho e retorna passando por Vargas dando-lhe um beijo na bochecha. Antes de fechar a porta escuta a mãe dizer:

- Vê se escolhe um desenho o qual não venha se arrepender quando já estiver mais velha, viu?

{{{ Minha pistola é de plástico
Em formato cilíndrico
Sempre me chamam de cínico
Mas o porquê eu não sei }}} / Robocop gay ~ Mamonas Assassinas

Ela sobe em um ônibus que está vazio naquele horário... Mês de janeiro muitos estavam de férias curtindo o verão nas praias, exceto Zahir que mal pegava sol. No caminho resolve ligar para Miguel, o tatuador que Lázaro havia indicado. O homem atende do outro lado da linha um pouco chapado:

- Bom dia, em que posso ajudar?

- Estou a caminho como combinamos ontem por mensagens...

O homem olha para o relógio lembrando que realmente tinha recebido SMS da tal garota, praticamente filha de seu colega Lázaro... Muita gente sabia que não podia mexer com Zulema, não só porque ela era a queridinha do traficante que mandava em vários bairros de Recife, mas também porque a menina era praticamente o demônio na Terra. Não havia feito nada ilícito, mas causava medo nas pessoas mesmo assim... Inclusive no homem que estava do outro lado da linha.

Ao descer do veículo e já estar de frente para o local de acordo com o endereço que Miguel havia lhe passado, Zulema fica confusa por se tratar de uma loja de CDs e discos... Mas logo o homem surge descendo uma escada que ficava no fundo da loja próxima ao balcão.

- Meu estúdio fica lá em cima... Essa parte de baixo é uma loja que meu irmão montou. 

Tudo o que tinha ali era usado, se tratava de um sebo, mas era bastante frequentado. Na parede, que ficava à direita de Zahir, ela via cinco aparelhos para quem quisesse poder ouvir algumas faixas de música antes de escolher o CD que iria levar... Era um espaço aconchegante e uma canção tocava baixinho no ambiente:

Oi, quer teclar? Where stories live. Discover now