7 - Investigando

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Fernanda refletiu sobre as palavras de Pedro e recordou o olhar de Victoria durante a conversa que tiveram. Ela queria destruir a mãe, mas de uma maneira limpa, não roubando dela a patente de sua marca que tinha tanto valor por todo o trabalho que ela havia feito durante todos aqueles anos.

Entretanto, a tentação era forte porque, naquele dia, ela tinha conhecido um lado da mãe que ela nunca tinha usado contra ela: a garra e a mão de ferro que um dia ela tanto havia admirado. Por muito tempo Fernanda havia desejado ser como Victoria, mas, naquele dia, naquele pequeno enfrentamento, ela percebeu, ao rivalizar com a mãe, que ela não era tão forte como ela. Victoria era uma oponente formidável e ela não sabia se seria capaz de vencê-la usando apenas armas limpas e honestas.

— Não, Pedro, eu não sei... — Ela respondeu evadindo. — Isso é desonesto e eu não quero fazer nada pelas costas dela, quero fazer de frente, como ela lutaria comigo.

— Está bem. — Ele aceitou ao ver a hesitação dela. — Mas pense nessa ideia com calma, talvez, não agora, mas daqui a algum tempo seja uma opção para dar à sua mãe a punição que ela tanto merece.

— Sim. — Ela concordou. — Por enquanto deixemos as coisas como estão. No fim das contas, acabamos ganhando com o fato de que minha mãe seja a diretora de criação da casa de modas. Ela é a melhor estilista desse país e não podemos correr o risco de que ela deixe de colaborar com nossa empresa para rivalizar com ela. A concorrência nos aniquilaria. Além disso, ela vai sofrer muito vendo o controle da casa de modas na minha mão, não há nada que ela ame mais do que o poder.

Pedro a beijou depois de sorrir para ela. Sabia que Bernarda lamentaria o desfecho daquela situação, mas Fernanda tinha razão. Por enquanto era a melhor solução.

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— Victoria, estou muito orgulhosa de você! — Exclamou Antonieta abraçando-a. — Finalmente você colocou essa pirralha em seu lugar. Apesar de que ela continua na presidência, já sabe que jamais devia ter ousado enfrentar a mãe dela.

— Obrigada, amiga. — Victoria respondeu com um leve sorriso de satisfação. — Fer nunca soube lidar bem com suas emoções. Está sofrendo. — Disse ela com tristeza. — E, por estar sofrendo, faz tantas bobagens. Mas, estando por perto, vou ajudá-la a lidar com tudo isso.

— Eu, no seu lugar estaria querendo dar umas palmadas bem no meio da cara dela, isso sim. — Disse Antonieta com raiva. — O que ela está fazendo não se faz com ninguém, muito menos com a própria mãe.

— Ela está sendo manipulada, eu sei. E você vai me ajudar a descobrir por quem. Você e o Pipino. Ligue pra ele, traga o de volta. Temos uma coleção para produzir para compensar as porcarias que a equipe de criação terceirizada que Fernanda contratou estava colocando no mercado com a minha marca.

— Claro que sim, já estou investigando. — Sorriu Antonieta aproximando-se de Victoria para falar baixinho. — Ainda não tenho certeza, mas ouvi alguns burburinhos entre as secretárias e funcionários da limpeza. Parece que Fernanda tem tido muitas reuniões privativas com o diretor financeiro, o Pedro Tavares.

— Mas esse rapaz é noivo da Bianca Monteiro, filha do Honório, meu sócio. — Comentou Victoria.

— E quem fez questão de que a empresa permanecesse nas mãos de Fernanda na reunião do conselho hoje mais cedo? — Indagou Antonieta.

— Claro! — Victoria confirmou. — O Honório. Esse rapaz, o Pedro, pode ser quem está manipulando Fernanda, ele pode estar manipulando as duas e Bianca usando sua influência sobre o pai.

— Ainda não tenho certeza, mas temos uma pista que seguir. — Disse Antonieta animada. — Mas eu ainda acho que algumas bolachas na cara de Fernanda não estariam nada mal. — Comentou ela de forma graciosa.

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