Capítulo 1

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- Lorenzo narrando:

Enrico e Alessio permanecem em silêncio durante todo o trajeto até em casa.

Eles me conhecem melhor do que ninguém, sabem que é melhor me deixar sozinho com os meus pensamentos.

A ordem que eu dei a eles é irmos para casa e de lá eu seguirei sozinho para a Áustria.

Não quero a companhia de ninguém, não nesse momento. Preciso ficar sozinho e me reerguer, até conseguir arrumar a bagunça que Emma causou na minha vida.

Vivi dias incríveis na Áustria no passado, quem sabe não consigo me reerguer por lá. Ainda tenho meu apartamento antigo, não é grande e nem luxuoso como a mansão dos meus pais, mas era o que eu podia pagar na época da faculdade sem depender do dinheiro do vecchio Vito.

Desço do carro assim que ele para no grande quintal de casa, após contornar a fonte. Caminho em silêncio até o meu quarto e vou direto para o meu closet. Pego uma mala de tamanho médio e coloco algumas roupas de frio dentro dela.

Faz muito frio em Viena entre janeiro e fevereiro, então me preocupo em colocar apenas as roupas de frio mais pesadas na mala. Não sei por quanto tempo vou ficar por lá, se eu precisar de mais alguma coisa eu me viro.

Coloco itens de higiene pessoal, minha outra arma, munição e dinheiro em espécie na mala.

Quando deixo o meu quarto encontro Enrico parado no corredor.

- O que devo levar? – pergunta inquieto.

- Você não vai, ficará e cuidará da casa. – ordeno. – Coordene seus homens e cuide da Nicoleta, por favor.

- Mas e você? – me questiona confuso.

- Eu sei me cuidar sozinho, Enrico. – assinto e coloco a arma que eu segurava no cós da calça.

- Lorenzo! – ele me chama quando me afasto, mas não olho para trás.

Cada maldito pedaço dessa casa me lembra a Emma. Cada maldito objeto que podia absorver seu cheiro, exalar seu perfume. Cada lugar que eu olho vejo seu corpo nu sobre o meu.

Eu nunca odiei tanto essa casa como agora.

- Quando eu voltar vou vender essa casa. Já passou da hora. – digo com raiva e Enrico me acompanha enquanto caminho até a garagem.

- Lorenzo, por favor. – ele implora. – Seja coerente, para e pensa um pouco.

- Não tem o que pensar, Enrico. – rosno enquanto eu procuro a chave do Audi R8 em cima do para-brisa. Quando a encontro, destravo o carro e ao abrir a porta jogo a mala no banco do carona. – Não quero discutir com você.

- Então me deixa ir, cazzo! – ele quase grita.

Me aproximo dele e toco o seu ombro, o apertando com suavidade.

- Eu agradeço a sua lealdade, Enrico. – digo olhando em seus olhos. – Mas o que eu mais preciso agora é ficar sozinho. Fique na Sicília e cuide de tudo por mim.

Ele assente e abaixa os olhos. Entro no carro e giro a chave na ignição.

- Estou indo para Viena, mas não diga nada a ninguém. – eu peço.

- Nem a Mattia? – indaga confuso.

- A ninguém! – digo entre os dentes.

- Toma cuidado na estrada. – ele se afasta do carro e eu o ligo.

O ronco potente do motor preenche a garagem fechada, fazendo um som alto e estrondoso ecoar. Chega a causar um leve desconforto nos ouvidos.

Enrico abre a porta automática da garagem para mim, assim que ela está totalmente aberta eu acelero e deixo a minha casa.

Nos teus braços - Livro 2.Where stories live. Discover now