Capítulo 6

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- Lorenzo narrando:

Fiquei na Áustria mais tempo do que eu imaginei. Amanhã faz um mês que cheguei em Viena.

Um mês que não vejo a Emma, que não tenho notícias dela.

Quando pensei em ficar sozinho e me isolar por um tempo, eu pensava que isso seria bom para mim. Principalmente para tirar Emma da minha cabeça e reorganizar meus pensamentos, mas estou tão fodido que a única coisa que consigo é pensar nela. O tempo todo, todos os dias.

Anna tem sido uma boa companhia e até Klaus, que nós reencontramos recentemente, mas eu gosto mesmo de ficar sozinho. Sendo movido apenas pela mente e sua tendência em me afundar.

Bebo bastante, as vezes leio um livro aleatório, fumo um maço de cigarros e quando me lembro, eu como alguma coisa.

Tem um mês que eu não treino, que eu não trabalho... que eu simplesmente não vivo.

Meus pensamentos diários são todos direcionados a ela. Se ela está bem, se está protegida. Como está sua vida na América? Se ela conseguiu o que queria quando insistiu tanto para voltar e principalmente... se está feliz.

Será que ela tem conseguido ser feliz? Porque eu não. Mi sento come spazzatura.

Não tenho atendido aos telefonemas de Mattia e nem mesmo os do Enrico. Nem notícias da minha casa eu tenho.

- Ah, qual é, Lorenzo? – ouço a voz da Anna no meu quarto e abro os olhos. Eu já estava acordado, só estava de olhos fechados, evitando o mundo. – De novo? – a conheço suficiente para sentir que está irritada a um nível astronômico. Se eu acender um fósforo, ela explode na minha frente.

- Como entrou aqui, Anna? – pergunto entediado encarando o teto.

- A porra da porta estava aberta, Lorenzo. Seu ingrato! – vejo ela se inclinar ao meu lado e pegar o cinzeiro cheio de bituca de cigarro em cima do colchão. – Está tentando incendiar a casa? – pergunta enquanto pega a garrafa de Jack Daniel's vazia ao lado da minha cama. – Você tomou tudo isso sozinho?

- Não estava cheia. – me defendo e gemo quando ela abre a cortina. Ela puxou o tecido com tanta força que quase o rasgou. – O que você está fazendo? – protejo os meus olhos da luminosidade com o antebraço e resmungo. – Me deixa dormir, Anna. Pelo amor de Deus.

- Já está na hora do almoço, grandão. Anda, levanta! – ela ordena com as mãos na cintura. – Lorenzo, agora! – sua voz não é mais uma ordem, é um comando.

Eu decido obedecê-la porque ela é chata para caralho.

- Vai tomar um banho. – ela aponta para fora do quarto. – Eu trouxe uma comida decente para você.

Olho para ela com raiva e ela me mostra a língua. Uma mulher desse tamanho e inofensiva como uma criança.

Tomo um banho frio para curar essa maldita ressaca e quando saio do banheiro vejo Anna arrumando a mesa para almoçarmos.

- Chamei o Klaus para almoçar, mas ele está enrolado com as coisas da empresa. – ela diz enquanto se movimenta entre balcão da pia e a mesa de jantar. – Pode se sentar.

- Quer parar de ficar me dando ordem? Está parecendo a minha mãe. – faço uma careta e ela para de se movimentar para me olhar.

- Eu não ia precisar agir como sua mãe se você estivesse agindo como um adulto, certo? – ela ergue uma das sobrancelhas e me lembra a cara de desafio da Emma.

- Essa doeu, Anna. De verdade. – ela se joga na cadeira branca de madeira e me encara. – Gostaria de sofrer sozinho, mas você não deixa.

- Até quando você vai ficar mergulhado nessa autopiedade ridícula? – me pergunta calmamente. – Porque você está se afundando cada vez mais, Lorenzo.

Nos teus braços - Livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora