❝ɪ'ᴍ sᴄᴀʀᴇᴅ, ɪ'ᴠᴇ ɴᴇᴠᴇʀ ғᴀʟʟᴇɴ ғʀᴏᴍ ǫᴜɪᴛᴇ ᴛʜɪs ʜɪɢʜ.. ғᴀʟʟɪɴ' ɪɴᴛᴏ ʏᴏᴜʀ ᴏᴄᴇᴀɴ ᴇʏᴇs❞
𝐒𝐎𝐅𝐈𝐀 𝐇𝐎𝐋𝐋𝐎𝐖𝐀𝐘 não costumava ver a vida com positividade. Crescida em um lar tóxico, com pais ausentes e envolta em brigas, havia amadurecido mais cedo...
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S o f i a
Nunca pensei que vir para Londres estava na programação do meu ano. Tudo começou bem estranho, pra falar a verdade, com as diversas brigas dos meus pais. E eu nunca sabia do motivo mas sempre ouvia os dois discutindo. Então, há um mês eles decidiram que o melhor seria se divorciar, e eu quem tive de aguentar os lamentos nas costas. Ouvia a briga de um lado e do outro, e tentava sempre argumentar deixando claro que eu não preferia minha mãe ou meu pai, ou isso poderia piorar as coisas.
Na verdade, eu queria que os dois continuassem juntos, mas sabia que não era possível. Meu pai já não aguentava mais as saídas e possíveis traições da minha mãe, e ela não aguentava mais as reclamações dele e toda a sua toxicidade. Em algumas semanas eles assinarão os papéis e meu pai vai morar em outro bairro, ou outra cidade.. Ele ainda não me disse nada sobre isso, mas quis me afastar de todo tipo de exposição pra não me causar mais danos. Sim, aos 45 do segundo tempo.
E é aí que entra Londres.
Meu pai vem de família adotiva, e tem um irmão também adotado bem mais novo que ele. Thomas, na verdade, é apenas cinco anos mais velho que eu, mas nós nunca convivemos. Não tenho nenhuma lembrança dele em minha infância, nem aparece nas fotos em que estou, e tudo que eu sabia sobre ele é que era formado em algum curso megaconcorrido em Oxford, ou algo do tipo. Nem o rosto dele eu reconhecia. Meu pai então resolveu que seria uma boa ideia eu passar minhas férias de faculdade com ele. Ter a oportunidade de conhecer melhor meu tio, etc.
Sabia que era só uma desculpa pra me afastar de casa. Meu pai nunca foi ligado com esse irmão adotivo, nunca conversaram, nunca nem se viram depois que eu nasci. Um não participa ativamente da vida do outro. Ele também nunca gostou que eu tivesse contato com esse tio, e eu apenas obedecia as ordens. Eu acabei crescendo e não tendo um apego emocional com o Thomas. Hoje em dia não consigo vê-lo como tio, irmão do meu pai, apenas olho pra ele e vejo um homem comum.
Um homem comum que me esqueceu no aeroporto.
Pois é, o combinado era de que eu chegaria aqui às sete e ele já estaria aqui me esperando, mas não estava. E atrasou mais uma hora até finalmente chegar, e para a minha surpresa, chegou com estilo. De terno, relógio de ouro, telefone no ouvido e um belíssimo Alfa Romeo Giulia, com rodas cromadas, limpo e polido. Só o reconheci por lembrar da foto que meu pai me mostrou.
- É, acabei de chegar. Ela está aqui. - O ouvi dizer, com o sotaque britânico forte. - Seu pai quer falar com você.
Sem vontade, puxei o celular da mão dele, vendo ele em seguida arrumar o blazer no corpo e cruzar os braços, me olhando dos pés a cabeça sem pudor algum. Fiz o mesmo.
