¿Entonces... Que Somos? - Refúgio y Dionísio (Concluído)

🍒 09 🍮

Refúgio: O que foi isso Dionísio? - questionei preocupada.

Dionísio: Isso foi a raiva... o ódio daquela desgraçada... olha no que me transformei...- soltei sua mão e me afastei dela ficando de costas - me transformei nesse homem que só pensa no prazer... que não ama... não respeita... que não sabe valorizar a mulher que tem... a família - falei destruído.

Refúgio: Do que está falando Dionísio?...- disse me aproximando dele confusa - me fala Dionísio... é isso que me esconde não é?... quem é essa mulher?

Dionísio: Da mulher do meu pai... a minha madrasta - falei carregado de ódio - aquela desgraçada é responsável por tudo...- dei um murro na mesa com raiva.

Refúgio: Não fala assim Dionísio... está me assustando... o que tem sua madrastra?... o que ela fez com você?

Dionísio: Vai embora Refúgio... não merece escutar tudo isso, absorver o que não presta...- falei sem lhe olhar.

Refúgio: Do que está falando?... quando nos casamos dissemos que enfrentariamos tudo juntos Dionísio... eu quero saber o que houve.

Ri sem vontade e lhe olhei.

Dionísio: Quando souber vai desejar não ter ouvido isso...- passei a mão no rosto nervoso.

Refúgio: Estou te pedindo que fale, não estou? - o olhava inquieta - anda Dionísio... fala...

Dionísio: Depois que minha mãe faleceu, eu e meu irmão fomos morar com meu pai e com ela - respirei fundo - era um adolescente e meu irmão uma criança... com o passar do tempo fui percebendo algo diferente... ela me olhava de outra forma... me acariciava de uma forma incomum...- fui para a janela - eu não entendia muito, nunca me passava pela cabeça essas coisas... sempre fui um garoto estudioso, responsável... minha mãe sempre exigiu isso e era o correto... ela estava nos preparando para a vida... em um dia, o meu pai viajou com meu irmão e eu fiquei com ela em casa...- fechei meus olhos com raiva e dor - nesse... não apenas nesse dia, mas foi ali que tudo começou... uma sessão de abuso e não só isso... ela sempre me induzia a fazer outras coisas... me tocava... gravava tudo que fazia comigo... e não só ela... como uma amiga dela...- senti uma lágrima sair de meu olho - ela sempre aproveitava que meu pai não estava e fazia isso... era recorrente... todos os dias... eu passei minha adolescência e a juventude, aguentando isso... até que eu deixei de lutar e me tornei isso que sou hoje...- abaixe meu rosto sem lhe olhar - eu lutei... todos os dias... todas às vezes... mas era em vão... ela tinha provas... meu pai nunca viu nada ou se viu, fingiu que não acontecia nada... depois de anos,eu consegui sair de lá... mas isso está aqui... está vivo... me domina... eu sou um escravo desse prazer...- batia no peito o com raiva.

Escutei tudo aquilo com dor no coração... me aproximei dele e o abracei por trás. Segurei seus pulsos o fazendo parar.

Refúgio: Para... não faz isso meu amor... você não teve culpa de nada... não tem culpa... foi acostumado a fazer... não tem que se culpar por algo que um mostro te fez...- beijei suas costas - essa desgraçada um dia vai pagar pelo que te fez meu amor.

Senti ela me abraçar daquela forma e já não consegui segurar o choro que a muito estava preso.

Dionísio: Me perdoe...- chorava sem conter aquela dor - eu não queria te colocar nisso... nunca quis... mas... quando te conheci... me ensinou tanto Refúgio... me mostrou o amor, me ensinou a amar e ser amado... e nem isso foi capaz de me impedir de fazer isso - solucei - eu sou isso... esse lixo... esse animal insaciável... eu nunca te mereci... mas eu te amo Refúgio... te amo...

Refúgio: Não fiz isso... você não é um lixo Dionísio...- o fiz virar para mim e segurei seu rosto entre minhas mãos - eu te ensinei, mas também aprendi meu amor... foi uma troca... uma troca que nos construiu...- beijei seu rosto enxugando suas lágrimas - não fica assim... está tudo bem...