Capítulo 34 - Mãezinha

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Albino narrando

Subestimei aquele maldito engenheiro, ele realmente é bom. Mas dane-se, não estou preocupado com o desmonte do laboratório de última hora. Eu vacilei com ele e  não tenho mais tempo para pensar. Os belgas já estavam atrás de mim e agora aqui também. Eu preciso testar a Rute logo, me resta pouco tempo.

— Não tenho mais tempo.

"CÂMERA LIGADA"

— Diário de Albino. Não sei como aquele desgraçado burlou meu sistema de segurança, mas eu estou de mudança para Sergipe e não sei se vou conseguir, mamãe. Desculpe as lágrimas, mas a senhora sempre me disse que um dia eu...eu...seria útil para alguém. Eu...tá tudo tão difícil depois que a senhora e o papai se foram...não há um dia que eu levante da cama sem sequer lembrar do teu carinho, dos teus abraços.  Lembro de quando a senhora me deteve em seus braços depois que eu voltei da escola quando aqueles moleques me deram uma surra...eu...nunca fui nada, ninguém. Mas eu nunca esqueci das suas palavras mãezinha, eu sei que não consegui te salvar daquele câncer, mas....mas eu prometo que... tenho passado os últimos dois meses da minha vida trabalhando feito um louco para tornar seu sonho realidade, mãezinha. Eu sei — bati os punhos na mesa —... eu sei que vou conseguir deixar a minha marca e mudar esse mundo. Vou dar a minha vida se for preciso para que os humanos não sofram mais. Vou cumprir seu desejo, mãezinha.

Ouvi a porta bater.

— Papai, papai!  Por que o senhor estava chorando?

— Não foi nada, minha pequena, vamos comer?

— Já? Não está cedo ainda, papai?

— Não querida. — Respirei fundo. — Aliás, lembra do que eu te falei há um tempo atrás sobre você ser a grande salvadora do mundo?

— Lembro, papai. O senhor disse que eu vou salvar muitas pessoas dodói.

Ri.

— Vai, meu bem. Você vai.

— Quando eu vou salvar todo mundo, papai?

— Primeiro...

— Papai?

Acordei de uma leve viagem que fiz no tempo me lembrando das outras  antes da Rute.

— Ah, sim, eu me perdi aqui.

— O senhor precisa dumí, tá muito cansadinho. — Seu sorriso se abriu. 

— Bom...como eu dizia, antes de você salvar o mundo, vamos viajar!

— Sério, papai? — Alegrou-se. — Ebaa! Para onde?

— Vamos para um lugar longe daqui. Aracaju. Lá, você irá salvar o mundo comigo.

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