" UMA VEZ MAIS"

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Rinocerontes.

Rinocerontes, elefantes e outros mamíferos enormes tinham obviamente invadido o quarto de Grace na noite anterior e pisoteado sua cabeça. De que outro jeito ela poderia explicar a dor terrível que envolvia todo o seu crânio e a palpitação grotesca de suas pálpebras? Deus. O coração dela estava pulsando nos olhos. Ela abriu um deles, imediatamente odiando a luz gloriosa do sol que invadiu suas pupilas. Deus do céu, fazia tempo que ela não bebia tanto. Na verdade, fazia tempo que ela não se sentia tão sozinha, mesmo estando rodeada de pessoas. E beber foi a única saída que encontrou pra sua dor.

Grace se moveu de modo letárgico, erguendo a cabeça do travesseiro devagar, logo percebendo que usava uma camisola - que ela não se lembrava de ter colocado - e que estava sozinha na cama.

Flashes do peito magnífico de Zac e da sensação da boca deliciosa dele em seu corpo dispararam na mente de Grace, provocando mais tontura.

Eles tinham transado na sala na noite anterior?

Grace abriu a boca quando os flashes se tornaram mais vívidos em sua mente, o cheiro dele, a voz sussurrada dizendo que ela era tudo que ele queria. E, apesar da dor de cabeça, ela sorriu.

- Enfim, você acordou. - Jake murmurou assim que entrou no quarto. Ele havia demorado a chegar na noite anterior, primeiro, porque Ike não fez questão de avisar imediatamente. Segundo, Kyara o distraiu enquanto procuravam por Grace. E ele acabou cedendo à tentação. - Que papelão foi aquele ontem? Bebeu demais e ainda me fez passar vergonha, parecia mais uma mulher da vida...

- Cala a boca! - Grace murmurou, erguendo as cobertas e jogando as pernas para fora da cama. A irritação crescendo dentro dela. - É claro, você entende bem de mulheres da vida.

Jake se aproximou, os olhos vermelhos, de raiva.

- O que tá acontecendo com você? Bebeu a ponto de sair por aí sem rumo, num lugar onde você nem ao menos conhece.

Grace já estava com os olhos fechados, a ponta dos dedos massageando as têmporas que latejavam, enquanto Jake reclamava.

- Não seja chato, eu não sou criança.

- Mas tem agido como uma. - ele suspirou. - Você mudou tanto, mal me deixa te tocar, você sempre foi tão... fogosa.

- Se eu sempre fui tão fogosa, então por que me traiu? Você mesmo disse que foi só por sexo, que na verdade era a mim que você amava. 

A expressão de Jake mudou de imediato, as palavras dela pegando-o de surpresa.

- Eu errei... E me arrependo tanto disso. Mas como vamos superar se você fica jogando na minha cara...

Grace levantou a palma na direção dele.

- Eu nunca fiz isso... Até hoje. Sei que decidi te dar um chance, nos dar uma chance mas...

- Mas o quê? - ele segurou os braços dela. O contato a fez se afastar no mesmo instante. Ela não suportava que ele a tocasse, não mais. Em seu coração permitir aquilo era trair o homem que ela realmente amava, por Deus, ela amava Zac. Grace sentiu dificuldade de respirar tamanho o impacto daquela descoberta. - Você conheceu alguém? Tenho notado o quanto você está distante, pensativa e...

- Não viaja, Jake. Acho melhor nós irmos pra casa. Não tem mais clima pra ficar.

Expirando desanimadamente, ela reparou em um copo de água na mesa de cabeceira e, ao lado dele, dois comprimidos que
pareciam Tylenol. Jake nunca havia feito isso, então, só podia ter sido Zac. Grace se sentiu reconfortada com a atitude dele.

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