Capítulo 11 - Carrossel.

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                Abria os olhos preguiçosamente, sentindo-os arderem por conta da luz matutina. Aos poucos, pude começar a ouvir o som dos carros apressados, os pássaros cantando próximos a janela, a música que sempre vinha da floricultura abaixo às nove...

Às nove.

Senti um gelo percorrer o meu estômago.

A floricultura só colocava aquela música às nove.

Eu não ouvi o meu despertador tocar.

– Merda! – Gritei, sentando-me abruptamente ao me dar conta do que acontecera.

Jogando minha coberta para o lado, corri em direção ao guarda-roupa e peguei as primeiras peças que estavam à minha frente, sem nem me importar se a combinação pareceria estranha. Depois, escovei meus dentes o mais rápido possível para não matar os clientes no bafo e me apressei ao pegar o celular na cabeceira antes de vestir minha jaqueta.

Desbloqueei o aparelho, esperando encontrar algumas ligações perdidas e mensagens de preocupação vindas de Jungkook e Hoseok – eu não acredito que teria feito o primeiro esperar sozinho no ponto de ônibus.

Porém, para a minha surpresa, nada havia. Franzi o cenho. Algo estava errado.

Incrédulo, abaixei a barra de notificações, procurando se havia alguma que a tela de bloqueio não havia mostrado.

Até que entendi o porquê de não ter ouvido o despertador e recebido ligações.

Era domingo.

Meu Deus. Eu não acredito que fiquei apavorado à toa.

– Ah... – Suspirei, colocando uma das mãos nuca, não conseguindo segurar as gargalhadas. – Kim Taehyung... você quase fez papel de palhaço.

Andava tão agitado com o trabalho, seguindo a mesma rotina todos os dias, que havia esquecido completamente da existência dos dias de folga. Pegar o ônibus com Jungkook, lidar com imprevistos no serviço e clientes mal-humorados, se tornara tão corriqueiro que era difícil acreditar que uns meses atrás era comum acordar após o meio dia e ficar sem fazer absolutamente nada por horas.

Se eu já comentei isso alguma vez, é porque estou extremamente feliz por ter saído da inércia que era minha vida.

Aliviado por não estar atrasado, decidi tomar um banho para me despertar completamente e relaxar após o susto – já estava me preparando para mandar vários pedidos de desculpas. Liguei o chuveiro, sentindo um arrepio ao entrar em contato com a água. Fico pensando em como teria sido caso eu não tivesse conferido e ido à livraria.

Ah... com certeza eu riria e me sentiria um completo idiota. Igual daquela vez durante o ensino médio.

Eu e os garotos estávamos tão preocupados com a semana de provas que estudamos juntos na casa de Hoseok por uma semana inteira, na maioria das vezes virando a noite e indo à escola sem nem mesmo dormir. Preso nessa nova rotina, Hobi acabou por acordar desesperado no domingo e passou essa agitação para nós. Corremos como se não houvesse o amanhã – lembro de agradecer a todo momento por ser inverno ou eu morreria no meio do caminho – e terminamos dando de cara com aquele imenso portão fechado. Hyung dera um tapa na cabeça de Hoseok assim que conferira o dia da semana em seu celular de abre-fecha verde.

– Puta merda, Hobi. Parecemos três otários aqui por sua causa. – Recuperava o fôlego, apoiando suas mãos no joelho. – Odeio correr.

O suor pingava de sua testa e seus músculos pareciam tremer à medida em que tentava se manter em pé.

– Vocês que foram imbecis de terem acreditado em mim sem nem conferir no celular primeiro. – Retrucou Hoseok, também ofegante.

Prelúdio {kth+jjk} [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora