Revelações e descobertas

918 118 46
                                    


              O sábado chegou e com ele, Mabel também... A garota estava radiante! Mal descera do ônibus e já fora recebida com um buquê de flores de Gideon. O rapaz estava feliz em rever a sua antiga paixão. Ela ficou encabulada com a gentileza, mas teve que recusar quando o mesmo se ofereceu para levá-la até a Cabana.

             "Obrigada, Gideon... mas, vou com tivô Ford." – ela apontou para um jipe, do outro lado da rua. "Adorei as flores, são lindas!"

              "Não tanto quanto você, Mabel..." – respondeu Gideon, carregando as malas. "Será que posso lhe convidar para sair, hoje à noite?"

                "Talvez... assim que eu me instalar, você pode me ligar para combinarmos. Primeiro, quero rever a todos e matar as saudades!" – Mabel disse, enquanto iam até o jipe. Não houve tempo para falar mais nada. Ela abraçou Ford, emocionada.

               As malas foram colocadas no bagageiro e eles voltaram para a Cabana. No caminho, Ford teve que responder várias perguntas. Felizmente, a viagem foi rápida e em pouco tempo, estavam em casa. Dipper teve que carregar as malas até o quarto de Mabel, que havia sido pintado de novo, apagando a sombria cor preta. E responder um verdadeiro interrogatório sobre tudo o que acontecera nesses poucos dias...

              "Você conheceu escritor C. Billiam? Conta-me, como ele é? É bonito, é jovem, é velho, é feio..." – Mabel estava com os olhos brilhando. "E você passou uma noite na casa dele?"

              "Calma, Mabel... respira um pouco, sim?" – Dipper tentou conter a empolgação da garota. "Vamos ver: ele tem cerca de trinta anos, posso dizer que é bonito, embora não sei se o meu conceito de beleza é aceitável! E, sim, eu dormi na casa dele porque me distraí na floresta e fui pego por uma tempestade... como a casa dele era mais perto, corri até lá para pedir abrigo. E, antes que pense besteira, não aconteceu nada de mais... fui apenas um hóspede inesperado para ele. E ele me trouxe para casa no dia seguinte!"

             "Puxa, tudo isso em menos de uma semana?"

              "Eu já o tinha encontrado antes, na cidade... eu o ajudei com alguns livros e ele me deu um livro, para agradecer. Até o autografou..." – explicou Dipper.

               "Você tem um livro dele, autografado? Que emocionante... quero ver, onde está? Mostre-me!" – Mabel estava quase surtando.

                 "É o novo livro dele, O Carvalho e a Estrela..." – Dipper ia buscar, quando se lembrou de um detalhe. "Eu o esqueci na casa dele, naquele dia... terei que ir até lá para buscar."

                 "Então vai buscar logo, Dipper... eu estou louca para ver!"

                  "Calma garota, eu vou buscar... mais tarde! Agora você quer rever as suas amigas e talvez, alguém mais..." – Dipper sorriu.

                "Se está falando do Gideon... eu já o vi! Ele estava me esperando com flores – foi tão fofo! Talvez ele me leve ao cinema, hoje à noite... Ele disse que ia me ligar, para combinar."

             Dipper não falou nada. Resolveu deixar Mabel à vontade para ligar para as garotas e colocar os assuntos em dia... Foi para a cozinha para ajudar a fazer o almoço. Com a chegada de Mabel, o tempo pareceu voar e Dipper acabou por não conseguir passar na casa de Billiam para pegar o tal livro. Faria isso no dia seguinte, bem cedo... antes que Mabel acordasse e lhe incomodasse de novo!



               No dia seguinte, Dipper saiu para buscar o livro. Mabel havia chegado tarde. Ela se encontrara com as garotas – Grenda e Candy, à tarde, e à noite fora ao cinema com Gideon. Assim que acordasse, ela já tinha outro compromisso: fora convidada para almoçar na casa da Pacífica. Com direito a banho de piscina e tudo!

               Enquanto caminhava pela floresta, Dipper lembrou-se da conversa que tivera com Ford sobre os pesadelos... O homem mais velho havia prometido ajudar nesse assunto. E sempre que queria sair era uma luta... Ele amava seu tio-avô Ford, mas, às vezes ele o superprotegia. E Dipper se sentia sufocado com isso. Talvez seu tio-avô precisasse de uma terapia, também!

                Não fazia muito tempo que ele saíra e Ford já estava roendo as unhas... Stan o provocava, chamando-o de Mamãe Ursa. E Ford ficava ainda mais irritado! Naquele dia, Ford estava particularmente nervoso e tinha razão! Principalmente quando uma figura baixa e corcunda apareceu na sua frente... Jack Caolho estava de volta!

               "Jack Caolho? O que faz aqui?" – Ford espantou-se ao rever o anão. Stan se aproximou para participar da conversa.

             "Saudações aos dois... o assunto é sério!" - respondeu o Caolho. "É sobre Bill Cipher..."



             Felizmente a caminhada fora mais rápida, porque Dipper conhecia diversos atalhos e logo chegou até a cabana do escritor. Ele esperava que Billiam estivesse em casa. Uma batida e logo a figura do escritor apareceu na porta para recebê-lo.

            "Bom dia, Billiam... desculpe aparecer, tão cedo! Mas só vim para buscar o livro que esqueci aqui, no outro dia!" – Dipper explicou.

              "Bom dia, Dipper... não se desculpe. Não quer entrar e tomar um refresco?" - Billiam sorriu, convidando-o para entrar. "O livro deve estar na biblioteca... eu o encontrei quando voltei para casa! Pensei em passar lá para devolver, mas o trabalho não me deixou sair de casa..."

               "Se não for incômodo... eu aceito!"

                "De modo algum, será um prazer! Eu estava mesmo precisando fazer uma pausa! Às vezes, eu me distraio tanto quando escrevo que até me esqueço de comer... Estava mesmo querendo comer algo e descansar." – Billiam respondeu, meio envergonhado. "Desculpe a bagunça... não tive tempo nem de arrumar a casa. O meu editor é mais neurótico que uma mulher ciumenta com TPM! Ele me liga de cinco em cinco minutos..."

              Dipper teve que segurar o riso ao imaginar a figura. Pobre Billiam... que situação! Resolveu dar uma força para o cara. Disse que fosse preparar o lanche enquanto ele ajeitava a sala. Billiam ficou encabulado com a oferta, mas resolveu aceitar. Logo, a bagunça da sala parecia ter desaparecido.

               Enquanto comiam, Dipper contou que sua irmã havia chegado e explicou por que precisava do livro. Billiam sorriu ao ouvir Dipper descrever a garota. Ele demostrou interesse em conhecer a irmã gêmea de seu novo amigo. Prometeu autografar um livro especialmente para ela. Dipper agradeceu a gentileza, mas disse que fazia questão de comprar o livro, antes.

              Quando Dipper disse que precisava voltar, Billiam foi buscar o tal livro. Ele o guardara para devolver depois. Ao voltar ele o entregou para Dipper que agradeceu:

             "Obrigado, Billiam... minha irmã vai adorar ler esse livro!"

              "Com certeza, Pinetree..." – Billiam respondeu.

              "Pinetree? Quem me chamava assim era..." – Dipper levantou os olhos. O nome evocou lembranças ruins que não haviam sido enterradas. Dipper ofegou, antes de gritar:

               "BILL CIPHER!!! Você é...é Bill Cipher... o maldito demônio!"

Mestre ou Escravo?Where stories live. Discover now