Isca Para Um Alvo

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             Dipper recobrou a consciência aos poucos. Tentou mexer os braços, porém foi inútil. Seus pulsos estavam presos com algemas, acima de sua cabeça, contra uma árvore. Aos poucos sua visão, antes meio enevoada, começou a fixar no ambiente meio sombrio. Ele estava em uma parte desconhecida da floresta. As árvores eram enormes e suas sombras quase não permitiam que o sol iluminasse o chão. Dipper não tinha idéia o quanto tempo estivera desmaiado. Seus braços estavam doloridos por causa da posição forçada.

            Tentou lembrar-se do que acontecera. Lembrou-se de ter sido seguido e de uma sombra avançar sobre ele e então, mais nada! Enquanto tentava coordenar os pensamentos, uma voz zombeteira chegou aos seus ouvidos. Parecia a voz do Bill, mas era mais estridente...

            "Ah... finalmente acordou, belo adormecido! Pensei que teria que lhe acordar com um beijo, como naquele conto de fadas ridículo que os humanos adoram!" – uma gargalhada sinistra ecoou.

            Dipper olhou em volta, tentando descobrir de onde vinha essa voz, quando uma figura sinistra apareceu na sua frente. Era um demônio - Dipper podia reconhecer. Lembrava um pouco o Bill, mas era mais feio.

            Meio gordo e desalinhado, ele usava roupas que ficavam um pouco apertadas, principalmente na barriga, seus olhos eram amarelados com as pupilas vermelhas. Sua cara era desagradável com a barba por fazer e uma cicatriz rasgava seu rosto diagonalmente.

           "Ora, ora, ora... o que eu tenho aqui?" – ele estendeu a mão e afastou os cabelos de Dipper da testa para olhar em sua marca de nascença. "Um protegido das estrelas... então não cometi um erro pegando a pessoa errada! Se bem que, se não fosse, pelo menos eu teria um pouco de diversão!"

           Dipper se encolheu ao toque daquele sujeito asqueroso. O sujeito olhou em seus olhos e gargalhou novamente...

             "Posso sentir o seu medo, Pinetree... e posso ler sua mente, também!" – ele se afastou e fez uma reverência exagerada. "Permita que me apresente: sou Cyro Aragon, um demônio da ganância."

             Dipper não falou nada. E o demônio continuou a falar, enumerando suas supostas qualidades e exaltando seus atributos. O sujeito parecia gostar de ouvir a própria voz. Na verdade, ele parecia uma imitação malfeita do Bill. Uma cópia ridiculamente patética do outro. Dipper tinha que admitir que Bill tivesse certa elegância. Ele era até charmoso, de uma forma perversa, é claro! Já esse sujeito era apenas perverso...

            "Eu li isso, garoto atrevido! E posso garantir que sou muito mais bonito e charmoso que aquele demônio esquelético..." – Cyro voltou-se para Dipper, com raiva. "Acho que ele não lhe ensinou direito como se portar na presença de um ser superior!"

           Dipper ofegou ao sentir a mão do demônio apertando a sua garganta... Ele começou a tossir enquanto tentava respirar. De repente, Cyro largou seu pescoço e gargalhou novamente...

            "Não se preocupe, garoto! Não pretendo matar você... ainda! Por enquanto, você é apenas uma isca para atrair o meu verdadeiro alvo!" – Cyro sorriu.

            "A-Alvo?"

           "Sim... eu quero pegar Bill Cipher e você é a isca perfeita. Ele logo perceberá o que lhe aconteceu, graças aos patéticos poderes de protetor que recebeu. E virá para lhe salvar, como um cavaleiro de armadura. E então poderei completar o meu plano para acabar com Bill Cipher e ainda sair limpo..."

             "Plano? O... que pretende fazer... comigo?"

            "Nada de mais... quando Bill aparecer para lhe resgatar, eu matarei você e ele levará a culpa! Os membros do Conselho já foram alertados e devem chegar aqui logo. E, quando chegarem, encontrarão o seu cadáver e o Bill com a arma do crime nas mãos. Ele será condenado à morte por esse crime e por ter falhado no dever de ser o seu protetor..."

           "Por que está fazendo isso? Não seria mais fácil atacar Bill agora que ele está fraco e sem poderes?"

            "Seria... mas não seria tão divertido! Estou fazendo isso por vingança. Bill deveria ter sido executado, mas ganhou uma chance de se redimir. Ele sempre consegue o que quer. O grande e esperto Bill Cipher... sempre vencendo suas batalhas! E eu? Sempre sendo deixado de lado... sou melhor que ele e agora vou provar isso! Já o denunciei ao Conselho antes e fiz de novo... Os boatos que espalhei só confirmarão o que eles já suspeitam!"

            Dipper estava apavorado. Se antes ele sentia medo de Bill, agora ele sentia medo por ele. Bill acabaria pagando por um crime que não cometera. Cyro estava certo em apostar que, dessa vez, Bill não escaparia de ser condenado.

            "Mas, falemos de coisas mais interessantes... Temos algum tempo, ainda! Deixe-me olhar para você direito!" – Cyro se aproximou e segurou o rosto de Dipper. Olhou-o de alto a baixo e lambeu os lábios grossos. "Você até que é bonitinho... Bill deve ter se divertido muito com esse corpinho! Um pouco magro, eu diria, mas deve ser uma delícia na cama..."

          "Ele nunca encostou um dedo em mim... a não ser para me torturar! E mandava seu capanga fazer isso!" – Dipper revirou-se, tentando se afastar.

           "Eu não acredito! Então, você ainda é virgem! É bom demais para ser verdade... um protegido das estrelas, virgem! É quase um anjo, sem asas! E o idiota do Bill não foi capaz de aproveitar essa dádiva!" – Cyro sorriu malicioso. "É quase um pecado desperdiçar tamanho presente dos céus..."

           Dipper sentiu as mãos de Cyro circundar sua cintura, antes de deslizarem até seus quadris. Uma mão deslizou por seu peito e insinuou-se por debaixo da camiseta. A outra deslizou por suas costas e agarrou suas nádegas. Ele se contorceu ao sentir que Cyro começou a lamber o seu pescoço. Ele virou o rosto para evitar que os lábios grossos e nojentos de Cyro encostassem em sua boca. A repugnância o invadiu ao sentir que ele apalpava a sua virilha.

           "N-Não... não... pare! Eu... não quero!" – Dipper implorou, enquanto lágrimas começaram a correr por seu rosto. Cyro se limitou a rir e o abraçou com brutalidade. Ele levantou sua camiseta e começou a lamber seu peito.

            "Por que não quer? Você já está ficando excitado... e eu vou saborear você, bem devagar! Vou fazer você gemer e gritar meu nome!"

            Dipper não podia fazer nada. O demônio era forte e estava excitado. A luxúria em seus olhos demoníacos era visível. Ele seria estuprado, antes de ser assassinado... era assustador e repugnante. Dipper perderia sua vida e sua virgindade nas mãos de um demônio ainda pior que Bill!

            "Não, não, não... solte-me! Eu não quero isso! Pare... você está me machucando!" - Dipper começou a chorar alto. Era nojento demais... Ele sentia uma língua bifurcada deslizar por seu abdômen e uma mão acariciar seu pênis por cima da bermuda.

         De repente, uma voz trovejou contra as árvores da floresta.

        "Pare com isso, covarde! Não permitirei que continue..."

Mestre ou Escravo?Where stories live. Discover now