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          Como já era de se esperar, Ellie amanheceu resfriada por conta da chuva que recebeu noites atrás, mas acordar com uma leve dor de cabeça e com o nariz fungando não a impediu de levantar da cama afinal ela precisar ajudar sua avó na floricultura.

Levantou-se rapidamente e foi até o banheiro escovar os dentes, precisa se arrumar o mais rápido possivel antes que sua avó saía.

Faça chuva ou faça sol, e doente ou não, Ellie sempre gostou de trabalhar com a avó, desde pequena ela acompanha Amelia na oficina que a mesma - junto com seu esposo - construiu com o passar dos anos, e o seu esforço a fez conquistar coisas maravilhosas, inclusive sua floricultura é considerada uma das melhores da cidade. Lá elas fazem comercialização de flores e plantas, prioritariamente. Como também arranjos, plantas ornamentais, buquet de flores, bonsai, e artigos de presentes complementares como: pelúcias, cartões, cestas, espumantes, entre outros.

Ellie tinha apenas cinco anos de idade quando seus pais se divorciaram, e no começo foi fácil aceitar, até por que ela era uma criança e não entendia muito bem a situação, mas quando passou a ver seu pai com pouca frequência percebeu que eles tinham terminado a união de anos. Cresceu com esse "trauma", era triste para ela ver suas amigas com os pais juntos e felizes enquanto os seus viviam em pé de guerra. E o fácil passou a ser difícil de aceitar e lidar. Para não ficar em cima do muro entre pai e mãe, decidiu morar com os avós, e foi a melhor decisão que poderia ter tomado.

Ela tinha sete anos quando tudo isso aconteceu.

Não se mudou de cidade, e muito menos de país, simplesmente arrumou as suas coisas e levou três horas até chegar na casa de seus avós. Na verdade quem se mudou foram os próprios pais: a mãe foi para a Alemanha e o pai para o Canadá.

Além de morar em frente à uma praia - modo de se dizer, leva-se uns trinta minutos até lá -, Ellie conheceu pessoas legais e fez uma melhor amiga na época da escola nova. Grace. São praticamente irmãs e não se desgrudam, Ellie até pensou na hipótese delas nunca mais manterem o contato após o término do ensino médio mas, elas continuam amigas até hoje.

Teve seu primeiro emprego em uma empresa como recepcionista, mas não durou muito e saiu. Quis pensar mais nos estudos. Fez curso de idiomas, artes, e até mesmo fotografia. Aspirante de psicologia e música, ela sonha em realizar várias coisas, e por mais que ela saiba que não tem como fazer mil coisas de uma só vez, no momento ela quer ajudar sua avó.

Com dezesseis anos resolveu ajudar na floricultura, começou varrendo o chão e limpando as prateleiras, depois passou a receber as ligações de empresas com pedidos, e atender clientes pessoalmente. Se deu super bem trabalhando com isso, as duas se deram bem, para ser mais precisa.

Hoje ela está com vinte anos. Continua morando com sua avó, o dinheiro que recebe ela guarda para viajar - tenta, na verdade. É difícil fechar a mão sempre que vê alguma roupa ou calçado bonito -, faz alguns cursos online, e faz serviço voluntário em um hospital infantil recebendo doações, junto com Grace.

"Onde pensa que vai?" Amelia pergunta arqueando uma sobrancelha assim que a neta termina de descer a escada.

Ellie ajeitou a góla da sua camisa social branca por baixo do suéter azul marinho e prendeu seu cabelo em um rabo de cavalo, tentou esconder as olheiras com maquiagem mas, temos aí um problema, ela é péssima com maquiagem.

"Vou ir para a oficina, oras!" respondeu e fungou o nariz.

"Ah, mas você não vai mesmo! Você está resfriada, não deveria nem ter levantado da cama." disse indo em direção da jovem. "Não precisa trabalhar hoje. Vá descansar." passou a mão em suas bochechas que estão um pouco coradas.

antes de partir  • zjmOnde as histórias ganham vida. Descobre agora