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O dia de Ellie foi corrido naquela tarde após seu almoço. Além de atender os clientes pessoalmente, teve que ligar para outros clientes afim de confirmar os pedidos e a data de entrega - geralmente quem faz as entregas é Amelia, usando seu próprio carro. Mais um motivo para contratar alguém -. Ultimamente tudo vem sendo uma loucura para as duas, as demandas aumentam em época de fim de ano e consequentemente o trabalho dobra para as duas, é impossível de acreditar que durante tanto tempo elas vem conseguindo dar conta de tudo. E as sexas-feiras costumam ser bem corridas.

"Vai descansar, vó." disse Ellie, observando a mulher andando para lá e cá. "Eu cuido do resto."

"Eu estou bem, querida." respondeu simplesmente, finalizando o último buque de rosas vermelhas. A garota bufou e saiu de trás do balcão, foi em direção a sua avó e tirou das mãos dela as próximas flores que ela pretendia fazer outro arranjo.

"Já almoçou hoje?" indaga preocupada.

"Comi uma maça." deu de ombros. "Estou bem, já disse."

"Se continuar desse jeito vai acabar parando em um hospital." murmurou. "Deixe que eu termino isso aqui. Vai almoçar."

Amelia fez o mesmo gesto que sua neta costuma fazer: virou os olhos e bufou feito uma criança birrenta. Mas no fundo ela concordou, precisa se alimentar e adequadamente. Aquela maça não foi o bastante para matar a fome que sentia desde cedo.

"Está bem. Não vou demorar."

"Demore o quanto quiser. Não se preocupe. Eu termino esses arranjos."

A mulher sorriu orgulhosa da neta e saiu para almoçar - mesmo não querendo.

Sobre uma mesa velha de madeira, puxou todas as flores para perto, algumas com espinhos tanto que acabou machucando seu indicador, mas não sangrou tanto. Nada que um band-aid não resolva. Pegou uma flor de cada vez e foi juntando uma na outra, seis flores no total. Pegou uma fita de cetim vermelha e enrolou nos galhinhos - é assim como ela chama -, deu um nó e um laço bem feito no final.

O silêncio existente na floricultura tranquiliza Ellie de uma forma absurda, chega a ser um calmante para sua mente. O barulho da chuva que caí sobre o telhado a faz lembrar de coisas boas, e memórias vem a tona principalmente do seu avô. Ele amava dias chuvosos, e isso o acalmava também. Cantarolava uma música qualquer enquanto pegava os girassóis.

Cuidar das plantas sempre será sua terapia, por que no geral, estar no meio desse verde e colorido a fazia um bem danado. Em meio a tantos problemas que ela passou na sua infância e adolescência, cuidar das plantas e flores - por mais que fosse por trabalho - foi uma das formas que ela encontrou para manter sua mente relaxada, ajudando até a tratar as suas crises de ansiedade.

Inclusive, ela ama regar as samambaias. Essa tarefa de regar, cortar e adubar ocupa a sua mente lhe deixando bem consigo mesma.

"Precisa de ajuda?" ela ergue seu olhar e vê seu amigo se aproximar. Ellie não disse nada a princípio, ainda estava bicuda com ele por conta daquela festa. "Demorei?"

"Não. Chegou rápido, na verdade." respondeu seca em meio a um suspiro pesado, e acabou se sentando no primeiro banco que vê na frente, se sentia cansada demais para passar suas ultimas horas de trabalho em pé. O atendimento diminuiu, mas por precaução, achou melhor ficar no caixa caso alguém chegue. "Me ajuda aqui." pediu gesticulando para ele pegar as flores sobre a mesa e levar até o balcão.

"Eu estava aqui perto quando recebi sua mensagem." comentou, pegando aleatoriamente uma flor amarela para ajudar Ellie. "Por isso não demorei tanto."

antes de partir  • zjmNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ