The kiosk • Beauany

Capítulo 14

POV Any

— Eu acho que ela gosta de você.
– observei Júlia sorrir para ele.

— E eu acho que você está com ciúmes é a segunda vez que diz isso.

— Não sou mulher de sentir ciúmes,ainda mais de você. – o olhei com falso desprezo.

— Que audaciosa você. – passou o último lencinho umedecido em Júlia e se eu estivesse em seu lugar,com certeza já teria morrido de nojo.

Josh pegou a pomada de assadura e a estendeu em minha direção.

— Faça as honras. – apontou Júlia.

— Onde eu tenho que passar isso? – peguei de sua mão.

— Onde você acha? – como se fosse evidente e eu finalmente entendi.

— Eu posso passar aqui?
– perguntei apontando e ele assentiu.

— Você deveria saber disso melhor do que eu.

— Só porque eu sou mulher?
– aborrecida.

— Se está querendo insinuar que eu acho que mulheres precisam saber cuidar de crianças,eu não estou. Digo no sentindo do seu sistema ser o mesmo do que o dela e você saber melhor do que eu onde deve ou não usar pomadas. – piscou achando graça ao ver que eu havia ficado irritada por nada.

— Tudo bem,chega de pomadas.

Josh colocou a nova fralda em Júlia e ela parecia adorar ser bajulada por ele.

— Prontinho,está limpa de novo.
– fez cosquinha em seu pé.

— Obrigada Josh,você salvou minha vida.

— A sua não,a dela. – apontou Júlia. — Porque se dependesse de você,ela ainda estaria com as fraldas cheias.

Joguei a pelúcia de Belinha em sua direção,porém ele desviou.

— Não precisa jogar isso na minha cara o tempo todo.

— É inevitável. – deu de ombros sorrindo e pegou Júlia no colo assim que ela levantou os bracinhos. — Any,eu acho que agora eu vou,estou brincando com o perigo e procurando um jeito do seu pai me pegar de porrada.

— Ele não faria isso. – afirmei.

— Pegar de porrada talvez seja um pouco de exagero,mas que ele está de cara feia pra mim isso com certeza.

— Vocês conversavam antes?

Ele assentiu.

— Sempre que terminávamos o treino íamos até o quiosque e conversávamos sobre tudo,sobre surf,sobre sinuca e etc. Mas agora Miguel mal me cumprimenta.

— Tudo isso por ciúmes besta.
– rolei os olhos.

— É ciúmes de pai,eu entendo. Meu pai sente a mesma coisa pela minha irmã,quando ela saiu com o primeiro namorado,meu pai,eu e meus irmãos quase tivemos um infarto coletivo.

— Não sei por qual motivo os pais são assim.

— Os pais pensam que somos de vidro e devem ter todo cuidado do mundo para que não quebremos.
– Júlia brincava com o colar em seu pescoço como se fosse um dos brinquedos mais interessantes do mundo e ele sorriu para ela.

— Quando eu tiver meus filhos cuidarei bem deles mas não vou ficar os corujando o tempo todo.

— Não diga isso,você pode morder a língua.

— Talvez eu morda,mas no momento o meu pensamento é esse.

— Uma mãe moderna,seus futuros filhos agradecem. – sorri para ele.