3. Amar dói

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"não plante mais pés, amor, naquele jardim de culpa, não me magoe mais, amor, eu já sou manso"
-joe tex, these taming blues | phosphorescent -

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     Dongmyeong podia ouvir a água do chuveiro caindo no banheiro, após a discussão foi até o quarto, deitou na cama e deixou seus pensamentos o incomodarem até sentir sua própria sanidade deixar sua mente pouco a pouco. A cortina estava aberta, permitindo que as luzes exteriores entrassem totalmente, banhando o quarto com iluminações rápidas, embora morassem no quarto andar, ainda assim era possível ver os faróis dos carros nas paredes brancas.

      Se recordou de todas as discussões que teve com Lee, relacionamentos não são fáceis, há momentos complicados e dolorosos, afinal, são seres humanos lidando com as suas diferenças e manias, o conflito é certo. A questão é como se lida com isso. Por mais que haja desavenças é preciso saber compreender, só assim tudo pode voltar a ser como era. É preciso equilíbrio. Son sabia disso, sempre buscou ser compreensível, Giwook podia ser teimoso as vezes, demorava a reconhecer seus erros, por isso precisava sempre dar o braço a torcer primeiro. No entanto, tudo estava diferente dia após dia, estava difícil lidar com ele, seu olhar apático demonstrava um certo distanciamento e aquilo deixava Dongmyeong perturbado. O pior era notar que ele estava mesmo se afastando de propósito, não dando sequer uma explicação de suas novas saídas noturnas. Sentia o coração apertado, era tão penetrante, até mesmo um tapa em sua cara doeria menos. O travesseiro sob sua cabeça parecia feito de concreto, já que o incomodava cada vez mais. Sentia suas lágrimas escorrendo por seu rosto como em cascatas. Amava tanto Lee Giwook que seu coração doía. "Amar dói", pensou consigo. Abraçou o travesseiro de seu amado, sentindo o cheiro do garoto, uma mistura de almíscar com shampoo frutado. Sentiu uma pontada em seu estômago e logo em seguida uma forte queimação, gemeu com a dor. Sua cabeça latejava devido ao choro incessante. O perfume inebriante levou sua mente aos tempos onde ambos se divertiam, acima de tudo, se amavam tanto que era como se nada além deles existisse.

      Se recordou de um dos primeiros dias na faculdade em Busan.

       — O que está fazendo? – Dongmyeong observava Giwook subindo uma escada para o terraço de um dos prédios do campus. Son olhava para todos os lados receoso que poderiam descobrir seu ato de rebeldia.

       — Ora, Myeongie, estou patinando no gelo. – Lee cochichou e riu logo em seguida, Dongmyeong expressava sua melhor cara de preocupação e até assim era a pessoa mais bonita que já havia visto nessa vida.

      Chegaram ao terraço, Giwook colocou alguns cobertores no chão que trouxe consigo, depositou a mochila ao lado, mostrou a Son algumas barras de chocolate e ceral que trouxera, abaixou e retirou da bolsa uma garrafa térmica. Dongmyeong o encarou incrédulo, logo sorriu e se abaixou também.

      — Chocolate quente para nós, Myeongie. – Giwook balançou a garrafa na frente do rosto do amado.

      Son o abraçou e ambos caíram sobre os macios cobertores. Estavam rindo alegremente sabendo que eram cúmplices da indisciplina. Sabiam exatamente o que poderia acontecer caso fossem pegos, mas isso não importava no momento. Não existia nada além deles. Como um pequeno mundo criado por eles para ser vivido apenas por eles.

       Aos soluços Dongmyeong dormiu. Sobre seu travesseiro que parecia pedra, abraçado ao objetivo que lhe trazia boas lembranças, sentindo o perfume daquele que tanto amava. A tempestade, dizem, que pode durar uma noite inteira, mas a alegria vem pela manhã. Para Son isso era apenas um conto de fadas. Já que ao amanhecer, tudo seria doloroso mais uma vez.



。眼泪,



      Escutou toda a lamúria de seu namorado, embora estivesse com o chuveiro ligado. A última frase que Son lhe dissera o deixou confuso e pensativo. Não havia se perdido. Ou talvez estivesse, de fato, tão perdido que era incapaz de reconhecer isso. Tudo estava tão cansativo e monótono e difícil e... Eram tantas coisas. Não conseguia nem ao menos se recordar da última vez que vira o céu azul. "O céu era mesmo azul?", questionou consigo. Não conseguia pensar do quê tanto fugia, ou o quê tanto fazia. Era difícil entender como havia chegado a esse ponto, tamanha infelicidade. Não conseguia se lembrar do passado e como era seu relacionamento com Dongmyeong. Como se a sua memória tivesse feito o trabalho sozinho de limpeza. Deixou que a água quente acalmasse seus músculos, os relaxando lentamente, recostou sua cabeça na parede fria e deixou a água cair em suas costas, sentindo a alta temperatura invadindo sua pele, dilatando seus poros, como se assim fosse possível aliviar além das tensões, também sua tristeza.      Assim que terminou o banho, fechou o chuveiro, secou o corpo e vestiu-se apenas com uma calça moletom. Foi até o quarto e observou Son dormindo como uma criança desamparada abraçado ao seu travesseiro. Olhou para o relógio sobre o criado mudo branco ao lado da cama, marcavam 2h52 da manhã. Precisava dormir, mas sua mente estava em um turbilhão, seria impossível relaxar. Passou a mão nos cabelos molhados e foi para a cozinha.

      — Você é um grande idiota, Cya. – Dongju se aproxima do cômodo.

      Giwook o observa, os olhos de Son pareciam querer saltar das órbitas, se começasse a tremer poderia facilmente ser confundido com um pinscher. Apenas o ignora e caminha para a sala, com Dongju em seu encalço.

      — Deixou Myeong te esperando, por horas! – Dongju segura seu ombro fazendo o garoto o encarar. — Eu não aguento mais você, suas atitudes... 

      — Acho que eu não te devo satisfação. – Giwook o olhou sério. Não era a primeira vez que Son o cobrava.

      Dongju sente todo o sangue de seu corpo lhe subir a cabeça, sentia as orelhas queimando, apertou os punhos tão forte que pôde sentir as unhas adentrando a carne de suas palmas. Precisava manter o controle. Lee olha para baixo e vê os punhos cerrados do rapaz, ergueu uma sobrancelha demonstrando desinteresse.

      — Se não gosta mais dele, devia terminar. – Dispara Dongju sem rodeios.

      — É... – Lee sorri sem animação. — Tente dizer isso a ele. – Se vira e ruma para a sala. Lembrando de como Dongmyeong se portou quando mencionou um possível término. Son segurou o choro, disse que caso viesse a acontecer, ele aceitaria. Não demorou para ir ao banheiro e chorar, Lee pôde ouvir os soluços abafados do outro lado da porta. Durante duas semanas Dongmyeong se alimentou mal dizendo que estava muito atarefado. Porém, Giwook sabia o verdadeiro motivo. E talvez foi ali, justamente ali, que passou a se sentir preso no relacionamento e seus dias passaram a ter cada vez menos sentido.

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// esse foi o capítulo, um pouco mais curto mas acho o suficiente para sofrer um pouco pelos dongcya
// espero que tenham gostado, caso sim deixe sua estrelinha aqui pra mim
// o que acham que vem por aí?
// muito obrigada por estar comigo, continue aqui e segunda tem mais
// até o proximo

sweety torture | ONEWE · ONEUSOnde histórias criam vida. Descubra agora