Desconhecido

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– Você irá entender no futuro, estamos de acordo garotinha? – Questionou tirando sua mão de seu bolso e a erguendo na minha frente.

– Como posso saber que você vai me proteger se nem está conseguindo me ajudar agora? – Lembrei da situação, nunca iria assinar um acordo sem pé nem cabeça, eu poderia ser ingênua, mas burra eu não era.

– Que menina esperta, estou cada vez mais curioso sobre você. – Revelou como se eu fosse uma garota fascinante, ainda estava sendo observada por seus olhos sombrios.

Vejo ele levantando a mão como um sinal e na hora sai dois homens do carro preto que estava do lado do homem à minha frente. Eles foram diretamente até meus agressores, minha visão foi atrapalhada por uma mão que se pôs em meus olhos como uma venda fazendo eu não enxergar nada à minha frente, sua mão era tão grande que tampava tudo e, mesmo com os anéis em seus dedos sua mão, continuava macia em meu rosto.

– Melhor não olhar a cena. – Afirmou com sua voz rouca e penetrante, sinto sua respiração bater em meu pescoço, ele estava tão perto que vez meu corpo se esquentar novamente, e como um ato manual meu corpo se arrepia.

Em poucos segundos começo a escutar o som de ossos quebrando junto com gemidos, os homens estavam sendo massacrados! Horrorizada dou um passo pra trás fazendo meu corpo se encaixar com o do homem misterioso, escuto os barulhos cessarem, a firmeza da sua mão em meus olhos se desfaz, deixando-me tira-la facilmente.

Abro os olhos enxergando os três caras no chão, eles tinham mais sangue que o meu pai, seus ossos estavam quebrados e a mão do líder tinha sido arrancada e se encontrava longe dele. Arregalo os olhos sentindo vontade de vomitar com a cena, mas ao contrário de vomitar, eu virei e enterrei meu rosto no peito do meu salvador querendo esquecer a cena que se encontrava atrás de mim. Meu “salvador” parecia ter ficado um pouco chocado com o meu gesto, pois seu corpo tinha congelado.

– Meu pai... – Lembro que meu pai estava desacordado e o pânico se alastra mais em meu peito, fazendo a culpa e o medo se acomodarem em mim, as lágrimas descem ainda mais.

– A ambulância está chegando. – Avisou colocando as mãos em volta dos meus ombros, não sei o porquê eu estava me sentindo segura e confortável em seus braços.

Neste instante escuto o som de uma sirene, olho para o lado encontrando duas ambulâncias que estavam iluminando aquela rua escura. Vejo dois médicos irem até o meu pai e os agressores e, com ajuda de alguns enfermeiros, colocarem dentro das ambulâncias.

– Mocinha, você vai precisar nos acompanhar para abrir um registro e dar seu depoimento com a polícia. – Um enfermeiro comunicou, concordei com a cabeça sentindo meu pânico diminuir, meu pai está nas mãos dos médicos agora.

Me soltei e virei para o enfermeiro que deixou seu olhar cair para meus seios nus, os tampei com as mãos. Meu rosto está queimando, um tecido é depositado em meus ombros cobrindo meu corpo do olhar do enfermeiro, apertei o terno em meu corpo.

– Nós iremos no meu carro. – A voz do salvador saiu firme, grossa e muito intimidadora, o enfermeiro gaguejou um “ok” e saiu em passos largos e rápidos – Vamos. – Não foi uma pergunta e sim uma ordem, suas mãos agora estavam nas minhas costas me guiando até seu carro luxuoso.

– Mas chefe, ela é.... – Ouço a voz tremida de um dos caras que me ajudou, mas o homem desconhecido o olhou e com um olhar o fez parar de falar – Desculpa, senhor. – Se desculpou abrindo a porta, entrei sem hesitar, eu sou o quê?

Ele contorna o carro, entra e liga o motor, deixando seus subordinados para trás, olho pela janela percebendo que a ambulância estava a nossa frente, meu pai.... Meu coração parece querer explodir, meus olhos agora estavam embaçados, as lágrimas lutavam com o meu interior para cair e eu por fim, as deixo silenciosamente caírem. O moço ao meu lado simplesmente não fala nada, dou graças a Deus, minha boca forma um “O”, eu entrei no carro de um estranho, minha mãe me mataria se estivesse aqui.

– Eu quero descer! Para o carro! – Ordeno olhando em volta para tentar me localizar, mas eu nem saio de casa, como vou saber as ruas.

– E por qual motivo você quer descer? – Olho para seu rosto que não expressa emoção nenhuma, ignorou totalmente o meu pedido

– Você é um desconhecido, eu nem sei o seu nome. – Rebato sentindo meu estomago revirar, era muita emoção para um dia.

– Acho que isso já é tarde! – Concluiu o óbvio e solta outra gargalhada. Esse cara não para e rir de mim, que irritante – Meu nome é Sebastian. – Se apresentou sem me olhar, seu nome era a sua cara, era um nome admirável.

– Meu nome é.... – Fui interrompida.

– Milena. – Terminou a minha frase me deixando de boca aberta, eu não tinha falado meu nome, como ele sabia? Meu nome saiu tão sexy em sua boca que me fez ficar sem ar – Não coloco desconhecidos em meu carro. – Explicou.

– Você é vidente? Não, você tem cara que faz isso. – Falei comigo mesmo arrancando novamente outra gargalhada dele – Dá para parar de rir de mim? – Rosnei.

– Por que eu pararia? – Debochou. Cruzei os braços desviando meu olhar para janela, ele é muito irritante. Olho-o novamente reparando na sua cicatriz, ela era gigante e profunda.

– Que cicatriz é essa? – Sem perceber a palavras já tinham saído da minha boca, tapo minha boca sentindo meu rosto ficar vermelho, ele vai ficar bravo por eu estar sendo inconveniente.

– Percebeu ela só agora? Você é muito peculiar. – Não sabia se aquilo era um elogiou ou uma ofensa, percebo ele passar a mão na cicatriz incomodado.

– Vou aceitar isso como um elogiou. – Afirmei dando os ombros, se ele queria se esquivar da pergunta ele conseguiu.

– Aceite como você quiser. – Rebateu olhando nos meus olhos.

Anjo Bastardo Where stories live. Discover now